Além do investimento da indústria, desafio é tornar a Spirulina mais atrativa ao
paladar
Microalga de rico valor nutricional, a Spirulina platensis é
cultivada por pesquisadores da área de Engenharia de Alimentos da Universidade
de Passo Fundo (UPF) para ser utilizada no desenvolvimento de novos produtos
alimentícios. O objetivo, segundo a pesquisadora Luciane Maria Colla, é
desenvolver alimentos ou bebidas que, se consumidos na alimentação cotidiana,
podem trazer benefícios à saúde.
No caso da Spirulina, interessam desde as propriedades antioxidantes para o
retardo do envelhecimento celular até o uso de compostos extraídos da microalga
para atuarem como emulsificantes na alimentação, sem contar o poderoso conteúdo
proteico da microalga, que pode atingir até 65% da biomassa seca. O desafio é
disfarçar o gosto e o odor algais, além da cor esverdeada, características pouco
atrativas ao paladar, principalmente o infantil, que poderia se beneficiar com
alimentos probióticos.
Em um trabalho orientado pela professora Luciane, foram desenvolvidos
iogurtes adicionados de Spirulina, com a finalidade de aumentar o conteúdo
protéico e ativar bactérias probióticas. Segundo a pesquisadora, a adição de
Spirulina a um iogurte probiótico pode contribuir para um incremento na
sobrevivência das bactérias lácteas.
— O sonho do pesquisador é veicular a microalga na alimentação humana na sua
forma natural, adicionada aos alimentos — diz Luciane.
Enquanto isso não é possível, a equipe de pesquisa coordenada por Luciane
trabalha na utilização de frações da microalga. Neste momento, está
caracterizando as atividades emulsificantes, que servem para homogeneizar
misturas como óleo e água, por exemplo. Alimentos como maionese se utilizam de
emulsificantes em sua composição. O uso dessa propriedade da Spirulina seria uma
opção mais natural para cumprir essa função. Uma pesquisa em desenvolvimento na
UPF pretende testar a adição dos lipídeos extraídos da Spirulina em pães, como
substituito aos emulsificantes convencionais.
O uso da microalga na composição química de alimentos já é considerado seguro
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas para viabilizar a
aplicação industrial, seria necessário o interesse da própria indústria no
desenvolvimento desses produtos.
— Também é preciso investigar se o consumo poderia causar algum tipo de
alergia em determinados públicos — relata a pesquisadora.
O objetivo maior é o uso de compostos da microalga, já aceitos pela
comunidade científica e comprovadamente benéficos ao ser humano, para adição em
alimentos, contribuindo assim para a mudança de hábito da população brasileira,
não adaptada ainda ao consumo de alimentos adicionados de microalgas ou seus
extratos.
Alga é comercializada em cápsulas
É possível encontrar a microalga em lojas especializadas e farmácias de
manipulação na forma de cápsulas. Cultivada em Kona, no Havaí, a Spirulina
Pacifica Havaiana é considerada um superalimento. De acordo com a
nutricionista Thais Souza, a Spirulina reforça a saúde cardiovascular, ocular e
cerebral. Seus ativos também fortalecem o sistema imunológico.
— Um dos principais nutrientes encontrados na Spirulina é a proteína,
importante na construção e no reparo de tecidos, que aumenta a resistência do
organismo, pois é utilizada como substrato pelo sistema imune — comenta a
nutricionista.
A alga contém diversas substâncias associadas à prevenção do envelhecimento e
à produção de serotonina, minimizando sintomas de depressão e causando sensação
de bem-estar.
— A Spirulina auxilia ainda no processo de emagrecimento, por ser rica em
fibras, que promovem saciedade, reduzindo o apetite e melhorando o funcionamento
intestinal — completa Thais.
Orientações para o consumo
Como o produto é encontrado em cápsulas, ele deve ser consumido seguindo a
posologia do fabricante. Normalmente, a recomendação é de quatro cápsulas ao
dia.
— Para que os benefícios dos nutrientes e das fibras presentes na Spirulina
sejam observados, a melhor hora para consumo é antes da principais refeições,
almoço e jantar — recomenda a nutricionista Flávia Morais.
A especialista reforça que a alga deve ser incluida em um cardápio saudável,
que priorize o consumo de alimentos integrais, frutas, verduras, legumes e óleos
vegetais. Por causa das fibras, seu consumo deve ser acompanhado do consumo de
líquidos.
Gestantes, mulheres amamentando e crianças menores de três anos devem tomar
as cápsulas somente sob orientação de médico ou nutricionista.
Fonte Zero Hora
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