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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fabricantes de medicamentos genéricos perdem mercado

Quando o Cymbalta entrar para a lista de genéricos, mais
de cinco  empresas deverão compartilhar as vendas durante
os seis primeiros meses, de acordo com o relatório de Vukhac
Fenômeno, conhecido como abismo das patentes, sempre foi temido pelos grandes laboratórios
 
O fenômeno é conhecido como abismo das patentes e os grandes laboratórios sempre temeram essa possibilidade. Mas agora, os fabricantes de medicamentos genéricos também estão assustados.
 
Este ano, mais de 40 medicamentos patenteados — com vendas anuais avaliadas em US$ 35 bilhões — perderam a proteção das patentes, permitindo que fabricantes de genéricos fizessem versões de baixo custo de medicamentos como Plavix, Lexapro e Seroquel — redistribuindo os lucros que antes iam exclusivamente para as marcas.
 
Quando esses medicamentos passarem a ser comercializados no mercado dos genéricos, no ano que vem, o faturamento anual deverá cair para US$ 17 bilhões, ou menos da metade do valor atual, segundo uma análise da Credit Agricole Securities. Kim Vukhac, analista da Credit Agricole, afirmou:
 
O abismo das patentes acabou. Isso é ótimo para as grandes indústrias farmacêuticas, mas indica que acabaram as oportunidades dos genéricos.
 
Por conta disso, muitos fabricantes de medicamentos genéricos estão precisando repensar as estratégias, determinando se irão se especializar em medicamentos de difícil fabricação, vender produtos de marca ou realizar grandes aquisições. A Watson adquiriu a concorrente europeia Actavis em outubro, passando de quinta para terceira maior fabricante de medicamentos genéricos do mundo.
 
Quase metade dos médicos desconfia de medicamentos genéricos Michael Kleinrock, diretor de desenvolvimento em pesquisa no Instituto IMS de Informática para a Saúde, um grupo de pesquisa do setor, observou:
 
A opção é crescer ou se especializar. Todas querem ser especiais. Segundo executivos da indústria dos genéricos, uma das consequências do abismo é que não poderão mais desfrutar do lucrativo período de seis meses de exclusividade após a expiração da patente de diversos medicamentos. Durante esses períodos, as empresas que fazem o primeiro registro junto ao FDA ganham o direito de vender a versão genérica com exclusividade ou com concorrência limitada durante um período de seis meses.
 
Fôlego
A exclusividade ajuda a dar fôlego às empresas. Durante os primeiros meses de 2012, as vendas de medicamentos genéricos subiram 19% em relação ao mesmo período em 2011, passando de US$ 32,8 bilhões para US$ 39,1 bilhões, de acordo com Michael Faerm, analista do Credit Suisse. Em comparação, as vendas de remédios de marca caíram 4% durante o mesmo período, passando de US$ 181,3 bilhões para US$ 174,2 bilhões durante o mesmo período.
 
Contudo, essa exclusividade também torna os fabricantes mais vulneráveis à quebra da patente, afirmou Kleinrock:
 
A coisa se transformou em mais uma bolha.
 
Segundo ele, a indústria dos genéricos vai passar por um período de "estiagem" no ano que vem, algo que já era esperado nos últimos anos. Entre os medicamentos que estão se tornando genéricos, poucos possuem períodos de exclusividade dedicados a um só fabricante.
 
Em 2013, por exemplo, o antidepressivo Cymbalta — vendido pela Eli Lilly — entrará para a lista dos genéricos. Entretanto, mais de cinco empresas deverão compartilhar as vendas durante os seis primeiros meses, de acordo com o relatório de Vukhac.
 
Wall Street
Heather Bresch, executiva chefe da Mylan, a segunda maior fabricante de genéricos dos Estados Unidos, afirmou que analistas de Wall Street estão obcecados com o assunto.
 
Em todo lugar me questionam a respeito do abismo das patentes, só querem saber disso por aí. O abismo das patentes é um dos aspectos de um panorama complexo e multifacetado. Por isso, acredito que cada empresa enfrentará o problema de forma diferente.
 
Jeremy M. Levin, executivo chefe da Teva Pharmaceuticals, a maior fabricante de medicamentos genéricos do planeta, concordou:
 
O conceito de exclusividade, segundo o qual apenas um fabricante de medicamentos genéricos ganha dinheiro em determinado momento, está deixando de existir. Sem isso, diversas empresas precisam se fazer a seguinte pergunta: 'Como vamos viver no mercado dos genéricos?'.
 
Segundo Levin, a resposta para a Teva será aumentar o alcance da empresa — a Teva comercializa 1.400 produtos, ficando com um sexto de todas as prescrições de genéricos dos Estados Unidos — e contar com a reputação de seus produtos de alta qualidade. Segundo Levin, isso se tornará cada vez mais importante, já que o FDA afirmou que irá fiscalizar mais de perto a qualidade dos medicamentos genéricos de agora em diante.
 
Levin também afirmou que planeja cortar custos, anunciando recentemente que planeja cortar entre US$ 1,5 bilhões e US$ 2 bilhões em despesas ao longo dos próximos cinco anos.
 
Levin e Bresch disseram que os fabricantes de medicamentos genéricos poderiam se expandir para os mercados globais. Ainda que o uso dos genéricos seja comum nos Estados Unidos — onde estima-se que 80% dos remédios prescritos sejam genéricos — esse tipo de medicamento é menos popular na Europa e no Japão, ainda que a tendência esteja mudando.
 
A Mylan deu um grande passo internacional em 2007, quando comprou a linha de genéricos do laboratório farmacêutico alemão Merck KGaA, firmando neste verão um acordo com a Pfizer para distribuir genéricos no Japão.
 
A recente compra da Watson revelou um objetivo similar. A empresa planeja adotar o nome Actavis, que é menos comum nos Estados Unidos, mas mais conhecido internacionalmente.
 
Outra frente
Os principais fabricantes de genéricos também buscam crescer no mercado de medicamentos de marca. A Teva é o melhor exemplo disso, com o Copaxone, um medicamento contra a esclerose múltipla que se tornou sucesso de vendas. O faturamento da Mylan aumentou nos últimos anos com a ajuda das vendas do antialérgico EpiPen e a Watson vende contraceptivos de marca e outros produtos voltados aos cuidados femininos.
 
Muitas indústrias farmacêuticas estão se especializando em medicamentos de difícil fabricação, como comprimidos de liberação prolongada, adesivos e cremes, esperando que os preços não caiam tão rapidamente em um ambiente menos competitivo. Os preços de muitas pílulas tradicionais caíram drasticamente após o fim do período de seis meses de exclusividade e o mercado ficou saturado. Para Faerm, o analista do Credit Suisse, "essas empresas têm um pouco mais de poder na hora determinar preços e são um pouco mais duráveis".
 
Paul M. Bisaro, executivo chefe da Watson, afirmou que os campeões de venda Plavix e Lipitor chamarão muita atenção quando perderem a proteção da patente.
 
Mas isso não significa que serão muito lucrativos.
 
Adesivo analgésico
Analistas afirmam que a tática da Watson é excepcional. A empresa deverá introduzir a versão genérica do adesivo analgésico Lidoderm no ano que vem, após realizar um acordo com o laboratório farmacêutico americano Endo.
 
Empresas concorrentes também tentam tirar proveito de medicamentos de difícil fabricação, incluindo a Teva, a Mylan, e a Impax Laboratories, especializadas em medicamentos complexos. A Teva e a Mylan estão desenvolvendo a versão genérica do medicamento para asma Advair, difícil de copiar porque combina dois medicamentos que são inalados por meio de um aparelho.
 
O medicamento mais difícil de copiar provavelmente é uma nova categoria de produtos conhecidos como "biológicos": proteínas feitas em células vivas como o Avastin, geralmente utilizado no tratamento contra o câncer, e o Humira, usado em casos de artrite reumatoide.
 
O FDA ainda está estabelecendo as diretrizes de como as versões genéricas dos medicamentos biológicos — conhecidas como biossimilares — serão aprovadas, mas criar versões genéricas desses medicamentos é o objetivo máximo de muitos fabricantes de medicamentos genéricos.
 
A Teva estabeleceu uma parceria com a empresa suíça Lonza para o desenvolvimento de biossimilares em 2009 e a empresa de biotecnologia Amgen está se juntando à Watson em um projeto similar.
 
Segundo Vukhac, do Credit Agricole, "muitas pessoas veem os biossimilares e dizem que esse é o segredo do futuro". Seu relatório indica a expectativa de que seis dos 20 medicamentos mais vendidos em 2013 sejam biológicos, entretanto o FDA ainda não planeja publicar as diretrizes para a fabricação de biossimilares.
 
Em função dos significativos investimentos necessários para a fabricação desse tipo de medicamento, Vukhac afirmou que apenas as maiores empresas de genéricos serão capazes de comercializar biossimilares no futuro.
 
Até o momento, ninguém sabe como as coisas vão se desenrolar.

Fonte R7

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