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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Misteriosa epidemia de doença renal atinge trabalhadores da América Central

Milhares de trabalhadores do setor agrícola da América Central são diagnosticados e morrem a cada ano por conta de uma misteriosa doença renal crônica (DRC) que se transformou em objeto de estudos de cientistas da região.
 
Após anos de pesquisa, os especialistas conseguiram determinar as características da doença, mas não suas causas específicas. O especialista do Programa Saúde, Trabalho e Ambientes na América Central (SALTRA), Christer Hogstedt, explicou à Agência Efe que este mal afeta especialmente trabalhadores do setor agrícola, principalmente os cortadores de cana das áreas do Pacífico de El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica.
 
Em 20 anos, foram documentados mais de 20 mil casos de DRC, o que chamou a atenção entre a comunidade científica e as autoridades de saúde. Hogstedt, ex-diretor do Departamento de Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Pública da Suécia, está estudando este fenômeno há duas décadas e afirma que há "muitas perguntas sem respostas".
 
Os números são claros e mostram que a incidência de DRC nestes países é elevada. Segundo dados da SALTRA, este mal é a segunda maior causa de morte entre homens em idade produtiva em El Salvador, com um taxa de 52 para cada 100 mil habitantes.
 
Na Nicarágua e Honduras, a DRC é quarta maior causa de morte entre homens jovens e, na Costa Rica, a oitava. Mas os números são alarmantes nas regiões do Pacífico: enquanto a taxa média de morte por conta da DRC na Costa Rica é de 5 por cada 10 mil habitantes, na litorânea província de Guanacaste, onde fica a maioria das plantações de cana-de-açúcar, o número chega a 45 por cada 10 mil, ou seja, a incidência nesta área é nove vezes maior que a média do país.
 
Hogstedt assegura que a evidência mostra uma relação entre o trabalho pesado agrícola nas plantações de cana e as altas temperaturas características destas regiões, mas para os especialistas o quebra-cabeça não está completo, pois essas condições estão presentes em outras zonas do mundo sem altas incidências de DRC.
 
O que chama a atenção dos especialistas é que do lado do Oceano Pacífico da América Central a doença ataque, sobretudo, pessoas jovens e saudáveis, pois este mal se apresenta, em geral, em pacientes com mais de 50 anos que sofrem de alguma outra doença crônica como hipertensão ou diabetes.
 
Para Hogstedt, a magnitude do problema é alarmante e poderia ser até maior, pois se trata de uma doença de difícil diagnóstico já que seus sintomas podem ser confundidos facilmente com outros males.
 
Alguém com DRC apresentará fadiga, fraqueza, dor de cabeça, perda do apetite, náuseas e vômitos, inchaço nas pernas, coceira, e em seus estados mais avançados, falhas na respiração pelo acúmulo de líquido nos pulmões.
 
Segundo Hogstedt, falta investigar a relação dos fatores de risco já identificados com outros de tipo ambiental e socioeconômico como a qualidade de água nestas povoações, o uso de pesticidas nessas zonas, suas características demográficas e as práticas diagnósticas.
 
Só assim, considera este cientista, será possível obter uma resposta mais concreta sobre porque estes grupos são os mais afetados. Uma das teorias mais comuns, segundo Hogstedt, é que fatores como as altas temperaturas e o esforço físico próprio dos trabalhos agrícolas, em combinação com a desidratação, pois estas pessoas que fazem trabalhos por um dia trabalham por horas sem tomar água, são a mistura ideal para a aparição da DRC.
 
Os únicos tratamentos para esta doença, que pode matar um paciente em menos de dois anos, são uma diálises (filtragem do sangue para extrair as toxinas) ou um transplante de rim, ambos de muito difícil acesso para povoações pobres como os trabalhadores agrícolas.
 
Fonte R7

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