Eles encontraram provas de que a combinação da pravastatina com a paroxetina aumentava o nível de açúcar no sangue |
Usando dados extraídos a partir de consultas no Google, Microsoft e motores de busca do Yahoo, cientistas da Microsoft, da Universidade de Stanford e de Columbia estão, pela primeira vez, conseguindo detectar indícios de efeitos colaterais de medicamentos não divulgados pelo sistema da Administração de Alimentos e Medicamentos.
Usando ferramentas de software automatizadas para examinar consultas de 6 milhões de usuários de internet através de suas buscas na Internet, em 2010, os pesquisadores procuraram por buscas relacionadas com um antidepressivo, a paroxetina, e um medicamento para baixar o colesterol, a pravastatina. Eles encontraram provas de que a combinação das duas drogas aumentava o nível de açúcar no sangue.
O estudo, que foi publicado no Journal of American Medical Informatics Association na quarta-feira, 27 de fevereiro, foi baseado em dados de mineração de técnicas semelhantes às empregadas por serviços como o Google Flu Trends, que tem sido usado para avisar com antecedência a prevalência de uma doença.
Atualmente, a FDA pede aos médicos para relatarem efeitos secundários através de um sistema conhecido como Sistema de Notificação de Eventos Adversos, mas o seu alcance é limitado pelo fato de que os dados são gerados somente quando um médico percebe alguma coisa incomum e toma a iniciativa de denunciá-la.
A nova abordagem é um refinamento do trabalho realizado pelo laboratório de Russ B. Altman, o presidente do departamento de bioengenharia da Universidade de Stanford. O grupo havia explorado anteriormente se era possível automatizar o processo de descoberta de interações entre os medicamentos usando o software para efetuar buscas através dos dados presentes nos relatórios da FDA.
O grupo relatou em maio de 2011, que era capaz de detectar a interação entre a paroxetina e pravastatina desta maneira. Sua investigação determinou que o risco do paciente desenvolver hiperglicemia aumentou em comparação com quando o medicamento é tomado individualmente.
O novo estudo foi realizado após Altman ter se perguntado se havia uma maneira mais imediata e mais precisa para ter acesso a dados semelhantes aos da FDA.
Com a ajuda de pesquisadores da Microsoft, que adquiriu dados anônimos levantados a partir de uma barra de ferramentas de software instalada em navegadores da Internet por usuários que haviam permitido que seus históricos de busca pudessem ser analisados. Os pesquisadores da Microsoft foram capazes de analisar 82 milhões de buscas sobre medicamentos, informação e condição.
Em 2010, os investigadores inicialmente identificaram pesquisas individuais para a paroxetina e pravastatina, assim como pesquisas para as duas condições. Eles, então, calcularam a probabilidade de que os usuários de cada grupo também buscassem por condições como hiperglicemia e 80 de seus sintomas por meio de palavras ou frases como “desidratação” ou “açúcar alto no sangue”, “visão embaçada” e “micção frequente”.
Eles foram capazes de determinar que as pessoas que realizaram buscas pelas duas drogas durante o período de 12 meses foram significativamente mais propensas a procurar por termos relacionados a hiperglicemia, em comparação com aquelas que buscavam por apenas um dos medicamentos – cerca de 10 %, em comparação com 5 % e 4 % para apenas um medicamento.
Eles também foram capazes de determinar que as pessoas que realizaram as buscas por sintomas dos dois medicamentos eram suscetíveis a fazer as buscas em um curto período de tempo: 30 % fizeram a busca no mesmo dia, 40 % durante a mesma semana e 50 % durante o mesmo mês.
“Dá para imaginar como esse tipo de combinação seria muito difícil de estudar quando se considerar todos os pares diferentes ou combinações de medicamentos que existem lá fora”, disse Eric Horvitz, codiretor administrativo do laboratório da Microsoft Research em Redmond, Washington.
Os pesquisadores disseram que ficaram surpresos com a força do “sinal” que foram capazes de detectar nos milhões de buscas na internet e argumentaram que seria uma ferramenta valiosa para a FDA para adicionar ao seu sistema atual para acompanhar efeitos adversos.
“Há o potencial de benefício para a saúde pública se prestarem atenção a estes sinais e os integrarem com outras fontes de informação.”
Em uma entrevista, os pesquisadores disseram que estavam pensando agora sobre como adicionar novas fontes de informações, como dados comportamentais e informações a partir de fontes de mídia social. O desafio, eles observaram, é integrar novas fontes de dados e ao mesmo tempo proteger a privacidade individual.
Fonte iG
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