Segundo a pesquisa, são necessários níveis mínimos deste hormônio para que exista a ativação do centro cerebral do prazer
A avaliação hormonal feita em mulheres por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou que, das pacientes atendidas com alguma disfunção sexual no Hospital das Clínicas da UFMG, 75% apresentavam síndrome de insuficiência androgênica feminina, caracterizada por níveis reduzidos de testosterona. " A testosterona tem ação direta em receptores específicos relacionados ao prazer e à resposta sexual feminina" , explica a ginecologista Fabiene Bernardes Castro Vale, autora do estudo. Para a pesquisa, foram avaliadas 60 mulheres de 18 a 44 anos.
Segundo o estudo, são necessários níveis mínimos deste hormônio para que exista a ativação do centro cerebral do prazer. A queda em seus níveis, como acontece em algumas mulheres ao final dos 20 anos, tem sido demonstrada como causa da baixa de libido.
" Os mecanismos responsáveis pela resposta sexual feminina são complexos, dinâmicos e ainda não totalmente esclarecidos" , afirma Fabiene. " O que se conhece, porém, é que alterações anatômicas, desequilíbrios neuroendócrinos ou a diminuição dos hormônios sexuais podem levar à disfunção sexual" , acrescenta.
Para a ginecologista, o alto índice de mulheres afetadas por essas condições mostra que essa é uma questão que já deve ser tratada como um problema de saúde pública." A Organização Mundial de Saúde já reconhece a sexualidade como um aspecto central nas nossas vidas, e a saúde sexual como um direito garantido a todos. Mas o assunto ainda não é visto com a importância devida" , critica.
Avanços e perspectivas
Apesar do preconceito, a medicina sexual teve um importante avanço nos últimos anos, principalmente no que se refere à saúde sexual feminina. Um dos exemplos foi o Consenso de Paris, realizado em 2002, com o intuito de debater as questões de saúde sexual contemporâneas. Entre os resultados desse encontro está a definição do que seria a disfunção sexual feminina, apontada como " desordem persistente e recorrente do desejo ou interesse sexual,da excitação subjetiva e genital, no orgasmo e dor ou dificuldade para permitir ou completar a relação sexual" .
Visão ampliada
Fabiene ressalta que fatores biológicos, como as alterações hormonais, são apenas uma parte do problema,que envolve também fatores psicológicos e sociais. Atualmente,o modelo mais aceito para explicar a resposta sexual nas mulheres enfatiza a importância da intimidade emocional com o parceiro e a satisfação da própria percepção de desejo e necessidade sexual.
Com o objetivo de ampliar essa concepção, o estudo foi realizado com pacientes que não apresentavam problemas psicológicos, sociais ou no relacionamento. " Queríamos isolar estes fatores, para termos apenas a dimensão da influência das alterações hormonais" , explica Fabiene. Para a pesquisadora, o próximo passo é tentar quantificar essas mudanças. " Sabemos apenas que as alterações hormonais, principalmente a diminuição da testosterona livre, são frequentes nessas mulheres" , diz. " Com esse novo dado em mãos será possível prepararmos uma melhor abordagem no tratamento" , prevê.
Com informações da UFMG
Fonte isaude.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário