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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Problemas emocionais são frequentes em mulheres que cometeram aborto

Depressão, transtorno bipolar e culpa são alguns dos problemas. Se não têm apoio psicológico, elas podem buscar consolo no álcool e em outras drogas, dizem especialistas
 
Belo Horizonte - Muito mais do que as sequelas deixadas no corpo, como a perda do útero, milhares de mulheres que se submetem a um aborto clandestino no Brasil enfrentam um outro problema de saúde: o de ordem emocional.
 
Angústia, alto grau de depressão e transtornos mentais são, segundo especialistas, as marcas cravadas na alma que podem aparecer de imediato ou anos depois do procedimento.
 
O gatilho para o desenvolvimento desses males é disparado, principalmente, pelo preconceito da sociedade, pela culpa de ter cometido um crime segundo as leis brasileiras e pelas questões religiosas. Por tudo isso, muitas delas se fecham no silêncio, postura considerada pelos especialistas perigosa para a saúde mental.
 
A psiquiatra e psicanalista Gilda Paoliello, integrante da Diretoria da Associação Mineira de Psiquiatria e professora da residência de psiquiatria do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), diz que "a conotação estigmatizante da ilegalidade do aborto coloca a mulher na condição de ré, provocando sentimento de culpa, muitas vezes irreversível, levando a uma autocondenação sem apelo.
 
" Segundo ela, essa posição de autocondenação relaciona-se com grande incidência a sintomas depressivos e a abuso de álcool e de outras drogas. "Elas vivem também o transtorno de estresse pós-traumático, com vivências de flashbacks do ato do aborto, vivências persecutórias e ideação suicida em torno de 40% dos casos.
 
Muitas vezes, o sentimento de culpa compromete indelevelmente a vida afetiva da mulher, provocando ‘gravidez de substituição’, com prejuízo nas ligações maternas posteriores", explica.
 
Fonte Correio Braziliense

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