85% dos pacientes não contraíram a doença pela forma clássica e, sim, por meio de mordidas, arranhões ou outros contatos com gatos doentes |
A maioria dos casos é de moradores de municípios da Baixada Fluminense e,
mais recentemente tem acometido pessoas da zona oeste do Rio. Classicamente, a
doença, também conhecida como doença do jardineiro, é adquirida por meio de
materiais contaminados e atinge principalmente jardineiros, agricultores e
floristas.
De acordo com o médico Antonio Carlos Francesconi-do-Valle, pesquisador da
Fiocruz, a doença já foi considerada rara no estado, mas nos últimos anos o Ipec
constatou um número alto de gatos contaminados.
"A equipe do Ipec verificou que cerca de 85% dos pacientes não contraíram a
doença pela forma clássica e, sim, por meio de mordidas, arranhões ou outros
contatos com gatos doentes. O dado chama a atenção, porque durante muito tempo a
esporotricose felina foi considerada rara. Porém, nos últimos sete anos, foram
diagnosticados no Ipec mais de 1.500 gatos com esporotricose provenientes do
Rio".
A doença já foi considerada rara no estado, mas nos últimos anos o Ipec constatou um número alto de gatos contaminados |
De acordo com o dermatologista, o paciente com sintomas da esporotricose deve
procurar um posto médico e iniciar o tratamento nas unidades que oferecem esse
tipo de tratamento.
“Primeiramente não devemos falar que os gatos são os grandes vilões. A doença
pode pegar em humanos por meio de contato com animais ou pelo solo contaminado.
Para ser contaminado precisa ter um agravo, seja um furo ou uma arranhadura na
pele. O paciente diagnosticado precisa tomar um medicamento disponibilizado pelo
Sistema Único de Saúde [SUS] e se submeter a um tratamento de, no mínimo, três
meses”, disse Francesconi.
Para o pesquisador, as lesões causadas pela doença, dependendo da área do
corpo, deixam a pessoa com a autoestima baixa, pois “os nódulos aparentes são
feios, parecidos com um tecido cicatricial”. Segundo ele, a lesão na pele começa
como um pequeno caroço avermelhado, que, com o passar do tempo, fica mole,
libera uma secreção purulenta e se transforma em uma ferida. A ferida, que quase
sempre aparece nas mãos, braços ou pernas, pode originar outras, em uma espécie
de rastro a partir da lesão inicial.
Nos pacientes atendidos no Ipec, de acordo Francesconi, têm sido observadas
manifestações raras de esporotricose, como feridas com múltiplas localizações,
inclusive com vários trajetos, e lesões nas mucosas da boca, do nariz e dos
olhos. Entre as unidades de saúde que oferecem atendimento estão a Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro e a Fundação Oswaldo Cruz.
Fonte Agência Brasil
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