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sexta-feira, 24 de maio de 2013

A polêmica em torno da mamografia: fazer ou não fazer?

A polêmica em torno da mamografia: fazer ou não fazer? Cris B./Fotolia
Foto: Cris B. / Fotolia
De qualquer forma vale fazer o autoexame uma vez por mês,
uma semana após o início da menstruação
Médica especialista em ultrassonografia enumera 10 razões para as mulheres evitarem o exame
 
A mamografia é um raio X especial da mama que pode detectar estágios do câncer precocemente. Seus defensores garantem que com a mamografia, se você encontrar um tumor, seu tamanho será menor e, portanto, há maior chance de cura e menos probabilidade de ter se espalhado para outros tecidos (gânglios linfáticos debaixo do braço, por exemplo). É um exame recomendado anualmente a partir dos 40 anos, em especial pela existência dos tumores denominados impalpáveis, que não podem ser percebidos pelo toque.

Se, por um lado, a mamografia consegue muitas vezes detectar alterações mínimas, em outras, infelizmente, ela pode falhar. Estima-se que isto ocorra em torno de 10% a 15 % dos casos e por vários motivos. Existem exames complementares, como a ultrassonografia e a ressonância magnética que podem ser indicados para essa finalidade.

A médica Lucy Kerr, formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós graduada em ultrassonografia diagnóstica pela Wake Forest University e pela Thomas Jefferson University, ambas nos EUA, busca alertar para os perigos da mamografia. Segundo ela, o exame é incapaz de reduzir a mortalidade pelo câncer de mama e apresenta diversos riscos à saúde feminina.
 
Veja as 10 razões que ela listou a seguir:

1) A exposição anual à radiação propicia o surgimento do câncer mamário (denominado de câncer radiogênico). Se disserem que esse perigo é desprezível, não é verdade. Cada mamografia anual emite radiação ionizante e contribui para o desenvolvimento de câncer de mama, que não surge de imediato mas cerca de 10 anos após a exposição.

2) A compressão demasiada do tecido mamário durante o exame contribui para que o câncer se espalhe pelo restante do corpo. A compressão forte e dolorosa das mamas pode propiciar a ruptura de pequenos vasos ao redor do tumor que, por estar presente, pode disseminar-se pela corrente sanguínea, contribuindo para que o câncer se espalhe pelo restante do corpo.

3) Atraso no diagnóstico do câncer que está presente, mas não é detectado pela mamografia, o que é denominado de falso-negativo. Isso significa que o tumor estava presente quando o exame foi realizado. Ocorre principalmente nas mamas densas, característica de quase metade da população feminina. Portanto, a mamografia definitivamente não é método aceitável para essa população. Os métodos de imagem capazes de melhorar a detecção do câncer de mama de forma inócua são, em especial, a ultrassonografia e a ressonância magnética.

4) As chances de cura reduzem quando há atraso no diagnóstico e tratamento do câncer de mama devido a uma mamografia falso-negativa (piora o prognóstico). As mulheres mais jovens são as que mais frequentemente não têm o câncer detectado na mamografia devido à grande densidade das mamas, o que impede a penetração adequada da radiação e diminui sua capacidade de diferenciar entre o câncer e o tecido normal da mama (ambos se mostram com uma só densidade na mamografia).

Todos os estudos que analisam os falso-negativos da mamografia concluíram que a mama densa é a principal causa e esse problema é insolúvel, pois é uma limitação do princípio físico da mamografia.

5) Um terço de todos os casos de câncer de mama surge no intervalo entre as mamografias, e é denominado de 'câncer do intervalo'. Esses casos são mais frequentes durante o período reprodutor. São, justamente, os tumores mais agressivos, que podem dobrar de tamanho em um mês e que têm maior probabilidade de metastatizarem. Esses são os detectados no intervalo de mamografias anuais sucessivas.

6) Não ter, mas ser diagnosticada como tendo câncer, o que é denominado de falso-positivo. Diagnósticos falsos de câncer realizados pela mamografia são particularmente frequentes nas mulheres durante o período reprodutor e nas menopausadas em uso de hormonioterapia de reposição, acarretando ansiedade, mais mamografias e biópsias desnecessárias.

7) Diagnóstico é exagerado e o tratamento excessivo, um problema grave e comumente ignorado pelas mulheres. Após um diagnóstico exagerado (diagnosticam algo mais grave do que a paciente tem) a mulher pode ter um sério agravante, que é passar por um tratamento maior e mais agressivo do que necessitaria, sendo este considerado atualmente um dos grandes males da mamografia.

8) Baixo controle de qualidade. Nos laboratórios de radiologia e nos laudos de mamografia podem conter erros graves decorrentes da má qualidade do exame. Aqui no Brasil o médico Hilton Augusto Koch da Universidade Federal do Rio de Janeiro realizou o mais completo estudo sobre Controle e Manutenção da qualidade em Mamografia e constatou que a má qualidade das mamografias prejudicava a conclusão diagnóstica e que isto, somado ao mau diagnóstico, gera falso-positivos e falso-negativos, constituindo enormes prejuízos à população feminina.

9) A mamografia não reduz a mortalidade por câncer de mama, deixando de realizar justamente o propósito pelo qual ela foi introduzida no diagnóstico médico. Apesar de se afirmar há muito tempo que a mamografia realizada periodicamente reduz a mortalidade por câncer de mama, esse fato jamais foi comprovado.

Na realidade, a vasta maioria dos cânceres não é afetada pela detecção precoce e há uma forte evidência favorecendo que a principal variável que determina a probabilidade de sobrevivência da mulher com câncer de mama é o determinismo biológico do tumor, uma combinação de virulência do tipo específico do tumor e a resposta do hospedeiro ao desenvolvimento dele, que seria mais importante do que a detecção precoce.

10) A mamografia é um exame superado por outros mais modernos e eficientes, particularmente pela ultrassonografia, elastografia e ressonância magnética. Atualmente o melhor método, desde que utilizado com o protocolo completo, é o três em um: US, doppler e a elastografia.

O exame ultrassonográfico utiliza o princípio acústico para demonstrar a morfologia dos órgãos, assim os tumores de mama podem ser diferenciados dos tecidos normais que a constituem.

O exame doppler avalia o tipo de vascularização da mama e dos nódulos mamários, utilizando para esse fim o princípio doppler, totalmente diferente do princípio acústico e que é capaz de 'ver' o que está em movimento, como o sangue.

A elastografia utiliza o princípio da elasticidade para analisar os tecidos, também consegue detectar as doenças porque elas afetam a dureza dos tecidos, da mesma forma que palpamos as lesões no exame físico. A principal utilidade da elastografia da mama atualmente é a diferenciação dos nódulos benignos e malignos.
 
Fonte Diário Catarinense

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