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terça-feira, 7 de maio de 2013

Médicos divergem sobre o que grávidas podem ou não fazer durante a gestação

Grávida pode frequentar academia, mas com algumas limitações
Bebida alcoólica com moderação é permitido? E tomar remédio? Alguns hábitos ainda provocam controvérsia e obstetras discordam sobre o que restringir durante a gravidez
 
“Gravidez não é doença.” Esta é uma das frases mais ditas sobre o período em que as mulheres esperam seus filhos. Ouvi-la assim, solta, pode passar a impressão de que as gestantes podem fazer tudo que fariam caso não tivessem um bebê na barriga. Só que isso está longe de ser verdade: durante a gravidez, as futuras mamães precisam, sim, ser mais cuidadosas com seus hábitos e atitudes. 
 
Conversamos com quatro obstetras – Luciano Nardoza (Hospital Santa Catarina), Marco Aurélio Galletta (Hospital das Clínicas de São Paulo), Rubens Paulo Gonçalves Filho (Hospital Israelita Albert Einstein) e Sérgio Peixoto (presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) – para saber o que é mito e o que é verdade sobre o que popularmente se acredita ser necessário restringir durante a gravidez. Há controvérsias em alguns pontos, mas dá para ter uma boa ideia do que fazer ou não. Na dúvida, a mulher não deve hesitar em conversar com seu médico de confiança sobre seu caso especificamente.
 
Afinal de contas, gestantes podem...
           
Consumir bebida alcoólica?
Há controvérsia. Os médicos são unânimes em afirmar que as destiladas (vodca, cachaça, tequila, rum, gim etc.) são 100% vetadas na gravidez, por poderem levar à SAF (Síndrome Alcoólica Fetal). Além de ser uma causa de deficiência mental não congênita, a síndrome altera as feições da criança, deixando olhos saltados, nariz achatado e fronte alargada.
 
Já quanto às fermentadas (cerveja e vinho), eles discordam. Peixoto defende que um copo ou uma taça dessas bebidas uma vez por semana não faz mal à gestante, mas Nardoza, Galletta e Gonçalves proíbem suas pacientes de consumi-las. “Não foi estabelecida, em estudos, a dose mínima para ser considerada tóxica durante a gravidez, então é prudente que a mulher evite todo o álcool nesses meses”, aconselha Gonçalves.
 
A administradora Carla Andrade, mãe de Natalya, 10, e Giovanna, 6, teve autorização de dois obstetras diferentes para beber um copo de cerveja ou uma taça de champanhe por semana em suas gestações. “As meninas nasceram perfeitas e meu marido adorou, porque eu podia acompanhá-lo nos brindes mesmo grávida”, conta.
 
Fumar? Não. Cigarros não fazem bem a nenhuma pessoa, independentemente de sexo e idade. Para gestantes, eles são vetados porque o fluxo sanguíneo diminui, o transporte de nutrientes para o feto fica deficiente, o bebê nasce com baixo peso e QI menor. Há, ainda, o risco de parto prematuro. Caso a fumante sinta ansiedade por abandonar os cigarros durante a gravidez, uma boa saída é o tratamento com acupuntura.
 
Comer sushi?
Sim, mas com cuidados. A maior preocupação no caso de alimentos crus é em relação ao seu armazenamento e manuseio. Peixes mantidos em locais com condições precárias de higiene devem ser evitados pelas gestantes, para não correr o risco de contrair toxoplasmose e expor o feto aos riscos de retardo mental e vista prejudicada. Assim, a mulher só deve comer peixe cru durante a gravidez se tiver certeza de que ele está bem conservado. Peixoto aproveita para recomendar que as grávidas sejam econômicas no molho shoyu que acompanha o peixe cru: “Ele tem uma concentração muito alta de sal, o que não é bom para a mulher nesse período”.
 
Viajar de avião?
Sim, mas não durante toda a gestação . O problema de gestantes embarcarem em aviões não é apenas a altitude. O que mais preocupa os médicos, em todos os estágios da gestação, é o tempo que a mulher ficará sentada durante a viagem. “Uma grávida em solo tem cinco vezes mais chances de ter trombose do que o restante da população. Em voo, essa proporção sobe para dez vezes”, afirma Galletta. Para evitar entrar nas estatísticas, a mulher deve andar pelo corredor do avião, beber água e usar meia elástica de compressão. A altitude é um fator complicador a partir da 28ª semana, pois pode causar parto prematuro – quem nunca ouviu uma história de mulher que deu à luz em pleno voo?
 
Quando estava na 37ª semana de gravidez, a administradora Samanta Puglia assumiu o risco de protagonizar um caso assim. Com a autorização do médico em mãos, fez um voo de Curitiba a São Paulo para ser madrinha de casamento do primo do marido. “Deu um medinho de a companhia não me deixar embarcar. Mas não engordei muito, era inverno, coloquei um casacão e não tive problemas”, lembra. A cerimônia foi em 24 de julho e sua filha Nicole, hoje com 4 anos, nasceu em 18 de agosto. “Meus exames estavam todos ótimos e eu me sentia bem, por isso decidi ir.”              

Tingir os cabelos?
Há controvérsia. Peixoto e Gonçalves não enxergam problemas se a mulher tingir os cabelos do quarto mês de gestação em diante, desde que a tinta não tenha contato com o couro cabeludo e sua fórmula não contenha amônia ou chumbo (até a inalação destes elementos é nociva ao feto). Já Nardoza e Galletta acham melhor evitar o procedimento estético ao longo de toda a gravidez, pois há muitos outros componentes químicos (entre eles enxofre, cobre e mercúrio) que podem prejudicar o bebê, aumentando os riscos de ele ter leucemia e linfomas nos dois primeiros anos de vida.
 
Fazer ginástica na academia?
Sim, mas com limitações. A mulher que já tem uma rotina de malhação na academia pode continuá-la durante a gestação, mas precisará abrir mão dos exercícios de impacto, dos saltos e das flexões de coluna, que comprimem o útero contra a estrutura óssea da bacia. Repetições em aparelhos para braços e pernas são liberados com carga baixa. Esteira e bicicleta devem ser feitas na velocidade que não cause desconforto à mulher. “A grávida continua aquilo que estava acostumada a fazer. Quem não ia à academia não vai começar nesse momento. Não tem motivo para virar atleta durante a gestação”, recomenda Nardoza.
 
Tomar remédios?
Há controvérsia. No caso de antidepressivos, apenas o obstetra que cuida da gestação, com base em exames, poderá decidir se o medicamento será mantido ou suspenso pelos nove meses.
 
Quando o assunto são aqueles remédios que todo mundo tem na bolsa, as opiniões dos médicos variam. Galletta defende que a mulher pode ingerir os medicamentos de que precisar, mas só com a autorização do médico para cada caso. Gonçalves é cuidadoso com os anti-inflamatórios, que criam o risco de crescimento cardíaco no feto. Nardoza prefere que a paciente evite qualquer comprimido no primeiro trimestre da gravidez, por causa do risco de malformação fetal, mas libera analgésicos a partir do segundo trimestre. Já Peixoto afirma que “paracetamol pode ser usado para qualquer dor, em qualquer ponto da gestação”. Ou seja, as linhas divergem, o que mostra que é melhor a gestante conversar com seu obstetra para saber o que é melhor para o seu caso. 
           
Fonte Delas

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