Rio de Janeiro – A organização não governamental (ONG) Yura-ná - que
significa algo pertencente aos povos indígenas, na língua marubo - foi criada
ontem(6) em Manaus. O objetivo principal é discutir as políticas públicas de
saúde, com foco nas hepatites virais.
O representante dos povos indígenas do Vale do Javari Eliésio Marubo, que vai
liderar a ONG, explica que a criação da Yura-ná não vai substituir a atuação de
outras organizações indígenas, mas contribuir para a melhoria da qualidade no
atendimento de saúde no país.
“A Yura-Ná tem esse papel, essa bandeira central que é o controle social das
políticas públicas. Estamos dando ênfase à política de saúde e, dentro desse
debate, à hepatite viral, um problema pouco discutido nas organizações. A
questão tem sido, eu acho, o calcanhar de Aquiles [ponto mais
vulnerável de uma pessoa ou organização] do governo federal".
De acordo com Marubo, mais de 80% da população da Terra Indígena Vale do
Javari, no extremo oeste do Amazonas, estão em contato com a hepatite viral. Ele
diz que as lideranças buscaram, sem sucesso, todas as instâncias de governo para
tratar do problema.
“A hepatite viral é o grande mal de que o Brasil vai ser acometido daqui a
poucos anos. Eu vejo que a hepatite viral é tão ou mais nociva do que a aids, e
a sociedade não tem dado importância à discussão”.
Segundo o Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Saúde Indígena e o
Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais
desenvolvem ações relacionadas a essas doenças na população indígena desde 2009.
O órgão informou que, no ano passado, foram feitas reuniões com representantes
da população indígena, profissionais de saúde, coordenações e secretarias de
Saúde estaduais e municipais, que resultaram nos planos de ação para os 34
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei).
Entre as ações, foram distribuídos cerca de 2 milhões de preservativos e
capacitados 270 profissionais para trabalhar na prevenção e realização de testes
rápidos. O ministério informou que também foram enviados quase 100 mil testes
rápidos para hepatites B e C aos Dsei..
O balanço da pasta mostra que, em 2010, foram registrados 98 casos de
hepatite A, 64 de hepatite B e oito casos de hepatite C em indígenas em todo o
país. O índios estão entre os grupos de maior vulnerabilidade às hepatites
virais e podem ser vacinados gratuitamente contra a hepatite B.
O protocolo de criação da ONG será assinado nesta segunda-feira e a Yura-ná
já conta com 16 voluntários. Quem puder fazer doações ou quiser participar do
trabalho voluntário pode entrar em contato pelo e-mail valedojavari-am@hotmail.com. Todas as
informações sobre as doenças, como sintomas, formas de contágio e prevenção,
estão disponíveis no site www.hepatitesvirais.com.br, do Ministério da
Saúde.
Fonte Agência Brasil
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