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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Estudos questionam segurança de novas drogas para diabetes

 A metformina, é distribuída gratuitamente no país
Sucesso de vendas e com alto custo, os remédios contra o diabetes tipo 2 com base no hormônio GLP-1, os "primos do Victoza", são o xodó da indústria farmacêutica. Por seu potencial emagrecedor e por causar baixa incidência de hipoglicemia, esses medicamentos também ganharam a preferência de endocrinologistas.
 
Agora, com o uso continuado dos primeiros medicamentos dessa classe por uma quantidade grande de pacientes, começaram a surgir trabalhos científicos indicando risco aumentado para pancreatite e alguns cânceres.
 
O GLP-1 é um hormônio produzido normalmente pelo organismo que favorece a liberação da insulina e contribui para a sensação de saciedade. Esses novos remédios, grosso modo, usam hormônios similares ao GLP-1 para turbinar esses efeitos.
 
De acordo com autores de artigos que questionam a segurança dos medicamentos, seus efeitos potencialmente perigosos foram omitidos dos testes clínicos apresentados pelas farmacêuticas.
 
"As partes individuais de evidências não publicadas podem parecer inconclusivas, mas, quando consideradas com outras evidências emergentes ou já antigas, um quadro preocupante surge" disse Deborah Cohen, diretora de investigação do "British Medical Journal", que publicou um extenso material sobre o assunto neste mês.
 
O assunto foi debatido na reunião científica da ADA (Associação Americana do Diabetes), que terminou nesta semana em Chicago (EUA).
 
Editoria de Arte/Folhapress

Defesa
As farmacêuticas negam que tenha havido omissões e endocrinologistas saíram em defesa dos produtos, considerando que os dados ainda não são conclusivos.
 
"O paciente com diabetes tem maior propensão a desenvolver pancreatite e alguns cânceres. Os resultados não conseguiram provar uma relação de causalidade entre as drogas e esses problemas", disse o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, diretor do CPClin (Centro de Pesquisas Clínicas), de São Paulo.
 
Marcos Tambascia, endocrinologista e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), concorda com o colega e destaca que as novas drogas têm recebido atenção por obter perda de peso.
 
Esse efeito fez com que muita gente que não tem diabetes usasse o remédio como emagrecedor, o chamado uso "off label" (fora da bula).
 
"É muito arriscado. Não há testes que confirmem a segurança ou possíveis efeitos colaterais. Não é nem possível calcular a dose adequada", disse Eliaschewitz.
 
O diabetes tipo 2, diretamente relacionado à obesidade, é uma epidemia mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 347 milhões de pessoas têm o problema.
 
Devido ao alto custo --cerca de R$ 400 por mês, enquanto que a terapia-padrão, a metformina, é distribuída gratuitamente no país-- e à quantidade cada vez maior de potenciais usuários, essas drogas vêm recebendo investimentos da indústria.
 
O Victoza (liraglutida), o primeiro a ficar "famoso", e o Byetta (exosenatida) já são vendidos no Brasil. A Sanofi espera trazer sua versão, o Lyxumia (lixisenatida), já aprovado na Europa e na Austrália, no início do ano que vem.
 
A albiglutida, da GSK, e a dulaglutida, da Eli Lilly, mostraram bons resultados em estudos com versões para serem injetadas só uma vez por semana. Os demais são de dose diária, exceto o Byetta, usado duas vezes ao dia.
 
Fonte Folhaonline

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