O ovo é um daqueles alimentos que geram controvérsia. Afinal, seu consumo é uma opção saudável ou uma armadilha de alto colesterol? De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, a resposta depende da qualidade da ração que a galinha come.
“Os ovos não são todos iguais”, diz a autora do estudo, Niva Shapira. De acordo com sua pesquisa, quando as galinhas são alimentadas com uma dieta baixa em ácidos graxos ômega-6 (soja, milho, girassol) e alta em antioxidantes como trigo, cevada e sorgo, elas produzem ovos que podem causar menos danos para a saúde humana. “A alimentação dos animais determina o impacto fisiológico do produto final em sua mesa”.
Oxidação do colesterol
Ovos ricos em ômega-6 aumentam a tendência do colesterol para oxidar, e como resultado, ele se deposita nas paredes das artérias. De acordo com os resultados do estudo, os ovos de galinhas que mantêm uma alimentação saudável podem diminuir a oxidação do LDL (o “colesterol ruim”) do corpo, ou seja, contribuiriam para menos problemas de saúde .
“Ovos mais saudáveis costumam custar mais caro”, diz Shapira. O preço da ração varia de região para região. Mas é comum que aquela rica em ômega-6 – como milho, soja e seus óleos – seja mais barata e, por isso, mais procurada pelos produtores.
Para avaliar os efeitos de uma alimentação saudável na composição do ovo, a autora e sua equipe desenvolveram uma dieta rica em antioxidantes e baixa em ácidos graxos, baseada em trigo, cevada e sorgo.
Qualidade e melhora na saúde
A ração melhor equilibrada foi oferecida a animais jovens que ainda não haviam acumulado os ácidos graxos em seus tecidos. Quando a composição dos ovos atingiu a desejada, os pesquisadores reuniram três grupos de voluntários. Uma parte iria comer dois desses ovos “mais saudáveis” diariamente durante uma semana, outra comeria dois dos ovos comuns durante o mesmo período e a terceira comeria no máximo quatro ovos comuns durante uma semana.
E os resultados foram bem diferentes. O grupo que consumiu dois ovos ricos em antioxidantes – ou mais saudáveis – diariamente apresentaram níveis de oxidação do LDL semelhantes ao grupo que comeu os quatro ovos comuns no período de uma semana. Já entre o grupo que consumiu dois ovos comuns por dia, houve um aumento de 40% de oxidabilidade LDL entre os participantes.
“Os resultados mostram que com os ovos ‘saudáveis’ é possível comer mais sem que LDL oxide e comprometa a saúde das pessoas”, diz Shapira.
Exigir um melhor produto
Para a autora, a população deve exigir dos grandes produtores a agricultura orientada para a saúde. “O foco não pode ser apenas o custo, mas as consequências para a saúde da população. Para que produzam alimentos saudáveis, os produtores precisam de apoio das autoridades locais e também que a sensibilização por parte dos consumidores cresça para que o acesso a produtos de qualidade seja ampliado”, aponta.
“Este estudo mostra que os consumidores devem tomar cuidado com pesquisas que tiram uma conclusão única sobre o valor da saúde dos alimentos, porque os resultados podem ter relação direta com a forma com que eles são produzidos – como no caso dos ovos. Na Europa, o milho e a soja são menos utilizados na alimentação dos frangos, enquanto na América do Norte, estes dois ingredientes constituem grande parte da ração das galinhas”, finaliza.
Fonte Band
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