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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Medo do escuro: alteração na luz pode levar ao medo patológico

O medo é considerado um mecanismo natural de sobrevivência. Tanto o ser humano como outros animais aprendem por meio de experiências que este sentimento pode proteger do perigo. Já o medo patológico se difere por não ter causa objetiva e provocar uma aflição desmedida. Pesquisadores da Universidade de Virgínia, nos EUA, realizaram um estudo em que apontam que a luminosidade pode influenciar o medo e a ansiedade.
“A luz tem efeitos profundos sobre o comportamento e a fisiologia. Ela desempenha um importante papel na modulação da frequência cardíaca, do ritmo circadiano, da digestão, do humor e de outros processos do corpo”, diz o psicólogo Brian Wiltgen, autor do estudo.

Segundo o biólogo Ignacio Provencio, o foco deste estudo foi a modulação do medo condicionado pela luz do ambiente. “O medo patológico é desencadeador de transtornos e fobias, como transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobias específicas e transtorno de estresse pós-traumático. Entender como a luz regula o medo pode ser útil no desenvolvimento de terapias específicas”, diz.

Medo aprendido e alteração na luz
Para entender os efeitos da luminosidade sobre o medo, Brian, Provencio e Daniel Warthen usaram um método comum para induzir o medo em modelos animais. Eles condicionaram ratos de laboratório a um ruído seguido de um choque elétrico leve. Logo os animais associaram o som ao choque e reagiam da mesma forma como reagiriam ao ataque de um predador, ficando imóveis.

Em seguida, os pesquisadores passaram a modular a intensidade de luz e constataram que, quanto mais iluminado, maior era a reação dos animais ao som, em comparação a quando o ambiente estava mais escuro. “Os ratos são animais noturnos. Faz sentido que sintam mais medo em ambientes mais iluminados, uma vez que desta forma serão mais facilmente identificados por seus predadores. Então, não significa que a luz aumente o medo, mas aumenta o medo ‘aprendido’ – o que pode ser semelhante a uma pessoa que ‘aprende’ a ter medo do escuro”, explica.

Olhos e cérebro
O teste foi realizado novamente, mas desta vez em dois modelos animais modificados. De acordo com os autores, o olho tem dois caminhos que começam na retina e terminam no cérebro: os cones e bastonetes, responsáveis pela visão noturna; e as células ganglionares que compõem a melanopsina, responsável por detectar os níveis de luz ambiente – em outras palavras, permitem ao cérebro detectar se é dia ou noite e funciona independentemente da visão. “Os dois caminhos têm conexões com os circuitos emocionais do cérebro”, diz.

Para avaliar qual dos caminhos controla o efeito de luz sobre o medo, de um dos ratos de laboratório foram retirados os cones e bastonetes, mas se manteve a melanopsina, e do outro foram retiradas as células ganglionares, mas foram mantidos os cones e bastonetes.

Induzindo os modelos animais aos dois tipos de reações de medo, eles constataram que o caminho de formação da imagem dos cones e bastonetes teve efeito sobre a modulação do medo.

“As implicações deste estudo em seres humanos é: mesmo durante o dia, a ausência de luz pode ser uma fonte de medo. Mas o aumento da luz pode ser usado para reduzir o medo e a ansiedade e para tratar a depressão. Se podemos vir a compreender os mecanismos celulares que afetam este, então, eventualmente, a ansiedade e o medo patológico podem ser tratados com fármacos para imitar ou aumentar a terapia da luz”, finaliza.

Fonte Band

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