Aditivos tornam o tabaco ainda mais nocivo e antecipam a iniciação adolescente. Entidades querem coibir o uso de tais ingredientes
Aditivados com sabores adocicados, cigarros arrebatam o público adolescente e fizeram do tabagismo uma doença também pediátrica. “Esses aditivos melhoram o sabor, o gosto do cigarro e encorajam a experimentação. Sabemos que hoje 90% dos fumantes regulares começaram a fumar antes dos 18 anos de idade", revela Tânia Cavalcante, secretária executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro (CONIQ),
Para a especialista, a melhora da palatabilidade da droga e a publicidade direcionada ao público adolescente alimenta a indústria tabagista e antecipa o contato com a droga.
O açúcar (glicerol) tragado se transforma em toxina no organismo, fazendo com que as hemácias, os glóbulos vermelhos, soltem menos oxigênio para os tecidos, além de potencializar o efeito da nicotina no cérebro.
“Muitos dos aditivos, ao serem queimados durante o fumo, se transformam em substancias altamente tóxicas e carcinogênicas, o que só contribui para elevar a toxidade do cigarro”, explica Tânia.
Entidades que compõe a Convenção-Quadro Para o Controle do Tabaco (CQCT) – grupo de 172 países que negociam medidas de controle do cigarro - querem coibir o uso de tais ingredientes nos cigarros, ainda este ano.
A proposta faz parte de consultas públicas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que pretende recomendar o fim dessa prática, mas esbarra no Legislativo e no lobby da indústria do tabaco, aponta Paula Johsn,
Sem visibilidade
Além de coibir a adição de sabores à droga, o Brasil deve, segundo as normas estabelecidas pela Conveção-Quadro, proibir, até o final de 2011, a publicidade indireta do cigarro, realizada através de patrocínios em festas, eventos promocionais e pontos de venda.
“Os cigarros estão sempre expostos juntos com balas e bombons. Os anúncios nos pontos de venda são criativos, coloridos e atraentes ao publico adolescente. A iniciação no País começa, em média, aos 15 anos. Pelo acordo entre os países membros da Convenção, o Brasil deve exterminar esse tipo de propaganda ainda este ano”, endossa Paula.
Dentre os desafios previstos para os próximos anos, as Entidades ainda pretendem eliminar a exposição à fumaça do tabaco, ou seja, aprovar uma lei nacional que proíba fumar em ambientes públicos fechados, locais de trabalho e até mesmo nos fumódromos. Hoje, apenas os estados de São Paulo, Amazônia, Rondônia, Roraima, Paraíba, Paraná e Rio de Janeiro aprovaram a Lei Anti-fumo. A ideia, segundo Paula, é que os fumódromos - ainda permitidos até mesmo nas regiões onde há regulamentação - também sejam extintos.
Fonte IG
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