Segundo Adriano Miziara Gonzalez, cirurgia é simples em relação à tecnologia, mas país ainda precisa de profissionais na área
Em 2010, 44 pessoas passaram por um transplante de fígado no Brasil; outras 83 passaram pelo chamado transplante combinado, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Segundo o médico Adriano Miziara Gonzalez, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do Programa de Transplante do Aparelho Digestivo do Hospital São Paulo, existem várias indicações para o transplante de pâncreas, mas três tipos principais.
“O mais comum é o caso do paciente diabético, com o tempo ele pode perder a função renal e chegar ao diagnóstico de diabetes e insuficiência renal crônica. Nesse momento ele precisa de um transplante de rim”, explica o médico. Em geral, nesses casos é feito o transplante de rim e pâncreas, porque corrige o problema renal e a diabetes.
Há ainda duas outras indicações menos frequentes. “Quando o paciente fez o transplante de rim no passado e agora faz o transplante de pâncreas para corrigir o diabetes”, diz. Segundo o médico, essa indicação é controversa, e, no programa de transplantes do Hospital São Paulo os especialistas indicam apenas quando o paciente não se adapta bem ao controle de insulina.
“Chave do processo”
Outra indicação é para corrigir o diabetes por si só. “É uma indicação muito restrita para alguns casos isolados. São pacientes que tentaram de todas as formas com insulina e mesmo assim não conseguem controlar o diabetes”, afirma Gonzalez. O transplante só é indicado após uma avaliação criteriosa.
Segundo o especialista, o transplante de pâncreas exige pouco em relação à tecnologia se comparado a outros órgãos. Entretanto, a cirurgia exige uma estrutura hospitalar muito boa e um preparo muito intenso, com endocrinologistas, nefrologistas e cirurgiões. “Essa é a chave do processo”, diz. Porém, ainda se faz “pouco transplante de pâncreas no Brasil, o principal motivo é a falta de preparo dos profissionais”, completou.
Por isso, segundo o médico, o Programa de Transplante do Aparelho Digestivo do Hospital São Paulo recebe pacientes de todos os Estados. Apesar de ainda faltarem investimentos, ele aprova o serviço de transplantes oferecido no país atualmente. “É interessante que o governo dá um suporte muito cuidadoso para que o Estado consiga realizar o transplante. Além disso, as universidades estão muito preparadas para esse tipo de tratamento”, comenta.
A rotina do transplantado
O paciente que passa por um transplante tem que ter acompanhamento médico periódico e cuidados por toda a vida. Segundo o médico, ele passa por exames para ver se não há rejeição, se o nível do medicamento está bom. “Devagar vamos espaçando [a quantidade de medicamentos]. O principal é chegar até uma quantidade de medicação para que ele se sinta bem, controlando o nível até o paciente atingir o menor número de remédios. Isso serve para qualquer órgão”, explica.
Em relação a quem passou pela cirurgia do pâncreas, Gonzalez diz que, em geral, é um paciente muito empenhado na recuperação. “O controle do diabetes e a hemodiálise, antes do transplante, são dificílimos. Por isso, quando ele consegue se livrar desses problemas, em geral, ele acompanha rigorosamente o tratamento”, comenta o especialista.
Fonte Band
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