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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Burocracia impediu doação de órgãos no RS

Taís Azevedo conta que família tentou doar órgãos do pai morto em 2004, mas não conseguiu pois faltava leitos em hospital

Após a morte do pai, em decorrência de um AVC, a administradora de empresas Taís Azevedo e a família tentaram doar seus os órgãos seguindo recomendação do hospital onde ele foi atendido. Entretanto, por questões burocráticas, eles não conseguiram ir até o fim. O caso aconteceu em 2004 e até hoje, Taís não se conforma com as vidas que poderiam ter se beneficiado com a doação.

“Meu pai seria doador de cinco órgãos, ele teve morte cerebral e durou 48 horas até a paralização de todos os órgãos. Isso mesmo, ele ficou 48 horas com morte cerebral e nós da família, dispostos a doar seus órgãos. Porém após fazer todos os procedimentos que o hospital nos orientou, entramos para uma fila de espera para doação e meu pai acabou falecendo sem poder ajudar a salvar outras vidas”, contou indignada.

Segundo a administradora de empresas, o pai deveria ser encaminhado para um hospital universitário de Porto Alegre, mas não havia leito disponível para receber o corpo e fazer a captação dos órgãos. Além dele, outras três famílias passavam pela mesma situação.

Indignação
Taís não teve informações se as outras famílias conseguiram doar, mas ainda hoje pensa que, “se cada uma dessas três pessoas pudesse doar ao menos um órgão, mais os cinco de seu pai, seriam oito vidas que poderiam ser salvas naquele momento”, afirmou a administradora.

Desde a morte do pai, Taís conta que, “felizmente”, não passaram por outra situação semelhante. Mas ainda hoje se questiona se houve melhora em relação à captação de órgãos em seu Estado.

“É muito fácil apenas campanhas para incentivar as pessoas a serem doadoras, como se fosse muito simples, era só a pessoa ter morte cerebral, chamar o pessoal da equipe de captação de órgão e pronto, tudo estava resolvido.... mas não foi assim, nem parecido com isso”, declarou.

Balanço
Ainda segundo a administradora, “foi muito frustrante e triste ver que poderíamos salvar vidas e não poder fazê-lo por burocracia e falta de estrutura da saúde publica”, disse ainda.

Procurado pela reportagem do Portal da Band, o Ministério da Saúde informou que no Rio Grande do Sul houve crescimento no número de transplantes de 2004 até hoje. No primeiro semestre desse ano, o aumento foi de 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nos primeiros seis meses de 2011 foram 835 cirurgias contra 597, no mesmo período em 2010. Atualmente, o índice de doação no Rio Grande do Sul está acima da média nacional – 14,72 doações por milhão de pessoas.

Campanha
O balanço do Ministério da Saúde referente ao primeiro semestre deste ano aponta ainda redução de 12% no total de pessoas que aguardam por um transplante em comparação com 2010, em todo o país. Atualmente, 31.897 pessoas estão cadastradas. Em dezembro de 2010, eram 36.256.

Ainda de acordo com a pasta, o tempo de espera, embora dependa muito de questões técnicas de compatibilidade (tecidual, sanguínea, antropométrica), está diretamente associado ao índice de doação e capacidade de captação de cada Estado. Por isso, o Ministério da Saúde tem concentrado esforços em campanhas que incentivem a doação de órgãos – orientando e conscientizando a população – e na estruturação de serviços em todo o país.

A campanha de incentivo a doação de órgãos deste ano, cujo tema é “Seja um doador de órgãos, seja um doador de vida”, foi lançada na última terça-feira, dia 27.

Fonte Band

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