A hipertensão é a principal causa da insuficiência renal crônica no Brasil. Dos 92.091 pacientes que fazem diálise no País, 35,2% desenvolveram a doença nos rins em decorrência da pressão arterial elevada. A diabete está em segundo lugar no ranking, com 27,5% dos casos terminais de insuficiência renal crônica.
Estimativas da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) indicam que 10 milhões de pessoas têm algum grau de lesão renal no País, mas a minoria é diagnosticada. Censo de Diálise realizado pela entidade no ano passado mostra que, em 2010, 16,5 mil pessoas morreram em decorrência de problemas renais. O número de mortes cresceu 38% nos últimos 10 anos, segundo a SBN.
De acordo com o presidente da entidade, Daniel Rinaldi dos Santos, a insuficiência renal crônica só traz sintomas – fraqueza, mal-estar, inchaço, palidez e anemia – nos estágios mais avançados e muitos pacientes acabam morrendo de outras complicações cardiovasculares sem que o problema renal seja identificado.
Daí a importância da realização periódica de exames simples capazes de detectar a insuficiência renal nos grupos de risco: hipertensos, diabéticos, pessoas com histórico familiar de doenças renais, idosos e grávidas.
O nefrologista Edson Raddi, da Faculdade de Medicina do ABC, alerta que, quando a doença chega ao estágio mais avançado, os danos aos rins são irreversíveis. “É uma doença silenciosa. A função do rim vai diminuindo, vai acumulando sujeira no sangue, o organismo vai se adaptando, mas chega um ponto em que o órgão para de funcionar.”
O médico observa que essa diminuição da função renal ocorre de maneira natural com o envelhecimento, mas é acelerada por doenças como hipertensão e diabete.
Na opinião do diretor de Ações Sociais da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Carlos Alberto Machado, a hipertensão dificilmente instala-se sozinha no paciente. “A maioria dos hipertensos também tem diabete e colesterol aumentado. Assim, eles têm chance muito maior de desenvolver insuficiência renal também”, diz.
É o caso do bancário aposentado Arnobio Aureliano Filho, de 59 anos, que convive com a pressão alta há 26 anos. Ao longo do tempo, ele desenvolveu diabete e, como agravante, também teve um episódio de cálculo renal que resultou na atrofia de um dos rins.
Há cerca de três anos, exames de sangue detectaram que seus rins só tinham 10% de capacidade. “A pressão alta não provoca nenhum sintoma, mas vai complicando os outros órgãos”, diz ele.
O aposentado faz hemodiálise três vezes por semana e diz ter uma vida razoável apesar dos efeitos colaterais do procedimento, que tem duração de quatro horas. “A pressão cai, a gente fica fraco. Também surgem problemas de falta de vitamina, anemia”, relata.
A pressão arterial alta desencadeia problemas renais porque o rim é formado por pequenos vasos responsáveis pela filtragem do sangue.
Quando o sangue chega ao rim com mais pressão, essas arteríolas são danificadas e perdem a capacidade de filtrar. “Quando a pressão alterada estoura esse mecanismo, o rim começa a eliminar coisas que deveriam ser absorvidas e segurar outras que deveriam ser eliminadas”, explica Machado.
Fonte Estadão
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