O ministério da Saúde quer negociar com a indústria farmacêutica a descida de preços dos medicamentos para os doentes com VIH, de forma a reduzir custos numa área com cada vez mais pacientes.
Apesar de haver cada vez mais pessoas em tratamento em Portugal, as ordens são para cortar na despesa. O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, garantiu hoje que existem soluções de poupança que garantem que os doentes “vão continuar a ser tratados de acordo com a melhor prática orçamental”.
O ministério quer “aprimorar a capacidade negocial com a indústria farmacêutica”, disse à agência Lusa o governante, à margem da conferência sobre “As prioridades do diagnóstico e dos cuidados de saúde precoces para a infecção pelo VIH no contexto de crise em Portugal”.
Durante a sua intervenção em Lisboa, Fernando Leal da Costa afirmou, em tom irónico, que “a indústria farmacêutica sabe que pode pedir o que quiser… porque nós não pagamos”.
A opção de negociar preços mais baixos dos medicamentos com a indústria farmacêutica há muito que vem sendo defendida pelo coordenador nacional para a infeção do VIH/sida, Henrique Barros.
Em declarações à Lusa, Henrique de Barros lembrou que “os tratamentos são excessivamente caros" e "muitos medicamentos estão há demasiados anos no mercado, sendo usados por demasiadas pessoas para se manterem esses preços”.
Portugal é o terceiro país da Europa em prevalência e novos casos de infeção, atrás da Estónia e Letónia, segundo um estudo europeu do ano passado, registando ainda um aumento do número de pessoas em tratamento muito acima da média europeia.
Situação que leva Henrique de Barros a defender que “há espaço para encontrar equilíbrios”, dando “margem à própria indústria para, dentro da legitimidade do seu negócio, fazer um preço compatível com as possibilidades do país”.
Para que a ideia se torne realidade, “é preciso um trabalho sério e equilibrado de negociação para se conseguir viver com preços que sejam comportáveis para a nossa capacidade”, sublinhou o coordenador nacional.
O responsável lembrou que “mais do que duplicou o número de pessoas em tratamento” e que os tratamentos eficazes têm estar disponíveis para quem precisa.
À Lusa, o secretário de Estado referiu ainda o trabalho que está a ser feito para “combater o desperdício” e “melhorar a eficiência do sistema”.
“Brevemente vamos ter linhas de orientação terapêutica na área do VIH/sida, estamos a fazer um levantamento das capacidades hospitalares instaladas, vamos desenhar uma carta hospitalar, vamos permitir uma nova relação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares”, enumerou.
Sobre o futuro da coordenação nacional para a infeção do VIH, o governante disse apenas que “eventualmente mudará de nome mas continuará a haver um Programa Nacional de Luta Contra a Sida, continuará a haver uma coordenação e provavelmente até um reforço de direção dos responsáveis do programa”.
“O que nós vamos combater é o desperdício e a nossa primeira intenção é melhorar a eficiência do sistema. Tudo o que tiver de ser feito para bem dos doentes continuará a ser feito”, garantiu.
Fonte Destak
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