Um estudo realizado numa escola de Lisboa concluiu que quase sete em cada 10 crianças entre os seis e os 13 anos usam mochilas com excesso de peso, suportando uma carga acima de 12 por cento(%) do seu peso corporal.
A análise da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, que abrangeu 630 alunos do 1º e 2º ciclos de ensino da escola D. Filipa de Lencastre, mostra que são os alunos do 5º ano os que mais peso transportam às costas.
Neste nível de ensino, os alunos transportam em média mochilas que representam 13,5% do seu peso.
“Pode ser explicado por ser um ano de transição, em que as crianças são confrontadas pela primeira vez com várias disciplinas, o que obriga a uma gestão de material a que não estão habituadas”, admite o estudo, a que a Lusa teve acesso.
A nível mundial, os estudos indicam que a carga das mochilas é de 20% do peso do corpo dos estudantes.
Apesar de a relação entre o peso da mochila e o do aluno ser inferior nesta análise portuguesa, a prevalência de crianças que transportam peso em excesso é superior à de outros países.
“A prevalência global dos alunos com excesso de peso na mochila escolar foi de 68,4%. A média da relação peso da mochila/do aluno foi de 12,3%, tendo-se verificado em todos os anos escolares uma média superior a 10%, valor a partir do qual se considera excesso de peso”, resume a conclusão do estudo, elaborado por E. Andrade, V. Borges, G. Cardoso, A. Henriques, M. Mira, T. Yan e coordenado pelo professor e pediatra Mário Cordeiro.
Segundo estes dados, estas crianças de seis anos estão a transportar às costas cerca de 2,5 quilos, tendo em conta que pesarão em média 20 quilos. No caso dos mais velhos, aos 12 anos podem estar a carregar mais de quatro quilos diariamente.
Dizem os autores que o excesso de peso das mochilas é um problema que requer que se estabeleçam recomendações, programas de educação ou legislação, com o objetivo de “prevenir consequências negativas para a saúde e para o desenvolvimento das crianças”.
Além da pesagem individual, os investigadores também realizaram questionários às crianças e aferiram a perceção de cada uma sobre o peso que transportam. Assim, 38% afirmam que ficam cansadas e 27% relatam dores depois de as usarem.
Contudo, 38% dizem que a carga transportada é confortável e 27% referem mesmo que é leve.
A esmagadora maioria dos alunos analisados usa uma mochila de levar às costas e apenas 13% opta pelas de rodinhas (ou tróleis).
A justificação desta escolha, segundo as crianças, é que as mochilas com rodas não dão jeito para subir escadas, andar ou usar transportes públicos. No entanto, os autores admitem que estas mochilas possam ser consideradas infantis e existir uma influência do grupo a que as crianças pertencem para a sua rejeição.
É ainda sublinhado o facto de este grupo de 630 crianças pertencerem a um agrupamento escolar que já tem medidas para reduzir o peso das mochilas, como a possibilidade de alugar cacifos ou de deixar o material escolar nas salas de aula.
Os investigadores recomendam que, além de medidas tomadas por parte da escola, a diminuição do peso das mochilas escolares exige uma atitude suplementar por parte dos estudantes, pais e professores e, também, dos fabricantes de materiais e manuais escolares, nomeadamente através do fabrico de livros com material mais leve.
“Consideramos útil este assunto ser debatido entre os professores e os pais”, refere a análise, acrescentado que as escolas deem a conhecer aos alunos as consequências do transporte de excesso de peso.
As escolas deveriam ainda providenciar cacifos, armários ou secretárias com arrumação e incentivar o seu uso.
Um papel poderão também ter os profissionais de saúde, que nas consultas de vigilância ou nos atos de vacinação devem recordar o assunto, defendem.
Fonte Destak
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