Especialista desvenda mitos sobre as doenças sexualmente transmissíveis
Um dos problemas de saúde mais comuns no mundo, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) ainda são um assunto pouco esclarecido para a população. Prova disso, foi um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no fim de 2011, que apontava 2,7 milhões de novas infecções pelo HIV e 1,8 milhão de óbitos decorrentes de complicações ligadas à Aids em 2010. Por isso, convidamos a ginecologista obstetra Bárbara Murayama, do Hospital 9 de Julho e da Clínica Gergin, para tirar dúvidas de nossos leitores. Confira as questões levantadas no chat realizado no Facebook do Minha Vida
Manuela Pagan: É possível pegar DSTs pelo beijo? Quais tipos?
Bárbara Murayama: É possível pegar DSTs pelo beijo sim. As mais comuns são herpes e mononucleose, entretanto, hoje tem se disseminado até casos de HPV por contato oral.
Daniela Correia: É possível pegar DSTs por sentar em vasos sanitários?
Bárbara Murayama: O risco de pegar uma DST por sentar em um vaso sanitário é praticamente nulo. A maioria das DSTs são causadas por vírus e eles precisam das células humanas para permanecer vivos. Fora do corpo eles ficam muito fracos e sobrevivem por minutos apenas.
Carolina Serpejante: Usar camisinha previne contra todas as DSTs?
Bárbara Murayama: A camisinha protege contra todas as DSTs, mas algumas não 100%. Contra o HIV ela é completamente eficaz, mas contra o HPV não. Como o HPV pode causar verrugas ao redor dos genitais, pode haver transmissão pelo contato com a pele. Vale lembrar também que o uso da camisinha deve ser feito desde o início da relação sexual e não apenas no momento da ejaculação.
Carolina Serpejante: Homens também podem ter HPV?
Bárbara Murayama: Assim como as mulheres, homens também podem ter HPV. Algumas manifestações são comuns tanto no sexo feminino quanto no masculino, como o aparecimento de verrugas e lesões. Além disso, no caso do homem, ele pode ocasionar câncer de pênis. Em caso de suspeita, recomenda-se consultar um urologista, que poderá solicitar um exame de peniscopia.
Renata Breim: Como é feito o tratamento para DSTs? É muito complicado?
Bárbara Murayama: O tratamento recomendado pelo médico depende do tipo de DST e do estágio da doença. Ele vai desde a ingestão de remédios por via oral até procedimentos cirúrgicos. É importante saber que quanto mais cedo for diagnosticada a DST mais fácil será o tratamento e melhor será o prognóstico. A sífilis, por exemplo, é uma doença que começa silenciosa. Quando passa a apresentar sintomas já pode ter comprometido o sistema nervoso e aí o tratamento é muito mais complicado.
Richard Mendelsohn: Qual a probabilidade de contrair HIV pelo sexo oral? Quais as formas de proteção nesse caso?
Bárbara Murayama: O risco de contrair HPV pelo sexo oral é o mesmo pelo sexo vaginal se não houver uso de preservativo. No sexo anal, o risco é um pouco maior, pois a área é mais sensível e, portanto, mais sujeita a sangramentos. Mesmo no sexo oral recomenda-se o uso da camisinha desde o primeiro contato.
Richard Mendelsohn: Quais as formas de contrair hepatite B?
Bárbara Murayma: As formas de contrair hepatite B são as mesmas da AIDS, ou seja, por relações sexuais (via vaginal, oral ou anal) e pelo sangue (transfusão e demais trocas).
Rafael Azevedo: Posso pegar uma DST na banheira do motel?
Bárbara Murayama: Os vírus não conseguem sobreviver muito tempo fora das células humanas, assim, o risco de pegar uma DST na banheira do motel é quase nulo. Os verdadeiros perigos estão relacionados à má higiene, sendo possível pegar uma micose, por exemplo.
Matheus Henrique Steinmeier: O que é janela imunológica?
Bárbara Murayama: Após contrair HIV, nosso organismo leva certo tempo para começar a combater esse corpo estranho. Mesmo não sendo capaz de eliminá-lo, produzimos anticorpos contra o vírus. Esse intervalo entre o contato com o HIV e a resposta imunológica do corpo se chama janela imunológica. Neste período, o exame de HIV pode apontar um falso negativo. Por isso, em caso de suspeita, recomenda-se repetir o exame após seis meses e após um ano.
Caio Bendazzoli: A remoção dos pelos pode diminuir o risco de contrair algumas DSTs?
Bárbara Murayama: Os pelos são uma maneira do organismo se proteger contra diversas infecções, inclusive DSTs. Assim, quando nos depilamos, tiramos ou diminuímos uma proteção natural do corpo. Isso não quer dizer que ninguém pode se depilar. Recomenda-se apenas ter cuidado durante o processo, evitando lesões que abrem portas para infecções, e não eliminar todos os pelos.
Fonte Minha Vida
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