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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Livro faz sucesso ao listar arrependimentos de doentes terminais

Nada de desejos como pular de paraquedas ou visitar as pirâmides. Pessoas que estão prestes a morrer arrependem-se de ter trabalhado demais, de não ter encontrado tempo para os amigos ou de ter deixado de viver a vida que, de fato, sonhavam.

Pelo menos é o que retrata a enfermeira australiana Bronnie Ware, especializada em cuidados paliativos, no livro "The Top Five Regrets of the Dying" ("Os Cinco Maiores Arrependimentos à Beira da Morte", em tradução livre).

Um texto sobre a obra, publicado no site do jornal "The Guardian", ficou entre os mais acessados na semana passada e repercutiu em vários países.

A maioria das histórias relatadas por Bronnie é de doentes terminais de câncer. Ela esteve ao lado deles nas últimas semanas que antecederam a morte.

A enfermeira diz que a lista de arrependimentos é grande, mas que preferiu se concentrar nos cinco mais comuns.

"As pessoas amadurecem muito quando precisam enfrentar a morte e experimentam uma série de emoções que inclui negação, medo, arrependimento e, em algum momento, aceitação." Segundo ela, todos os pacientes que tratou "encontraram paz antes de partir".
Editoria de Arte/Folhapress

Mas nem sempre é assim, diz a médica Maria Goretti Maciel, uma das pioneiras em cuidados paliativos no Brasil.

"Na vida real, é muito menos hollywoodiano. As pessoas são como foram a vida toda. Não necessariamente se arrependem de coisas ou querem o perdão de alguém."

Goretti coordena a enfermaria de cuidados paliativos do Hospital do Servidor Estadual. A unidade tem dez leitos para doentes incuráveis. Ali, o tratamento visa diminuir o sofrimento físico, psicológico e espiritual.

"Temos pacientes que negam a própria condição [de incurável] até o fim. Outros retomam conflitos antigos de família. Alguns conseguem resolver, outros, não. Não existe uma regra", explica a psicóloga Paula Coube, que atua na enfermaria.

Para Goretti, é um desafio identificar os conflitos e lidar com eles. "Temos que conter a nossa própria angústia e ouvir o que vem dos doentes. Às vezes, é menos complexo do que a gente imagina."

Quando a pessoa manifesta o desejo de resgatar histórias de vida mal resolvidas, a equipe se empenha em ajudá-la. "Já houve por aqui vários encontros de filhos legítimos e ilegítimos, de mulheres e de amantes."

Para a oncologista Dalva Matsumoto, que dirige a unidade de cuidados paliativos do Hospital do Servidor Municipal, os brasileiros, em geral, têm mais dificuldade de encarar e aceitar a morte.

"Eles se agarram na esperança de milagre. Assim fica difícil aceitar a finitude e tirar prazer da vida que resta."

Fonte Folhaonline

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