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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Fronteira entre ação protetora e obsessão é tênue

Juliana Bussab é fotografada em sua casa com seus gatos. Ela e dona da Ong "Adote um Gatinho". Em seu apartamento ela vive com cerca de 20 gatos
Juliana Bussab é fotografada em sua casa com seus gatos.
Ela e dona da Ong "Adote um Gatinho".
Em seu apartamento ela vive com cerca de 20 gatos
"Todo bairro tem uma mulher dos gatos", diz Juliana Bussab, vice-presidente da ONG Adote um Gatinho. "Elas se acham protetoras, mas resgatam mais animais do que têm condições de cuidar e acabam prejudicando os bichos."

Dona de seis gatos e protetora de outros 14 (hospedados com ela enquanto esperam adoção), Juliana diz: "Muitas colecionadoras se dizem protetoras, mas você não consegue adotar bicho delas. Criam problemas para não se desfazerem dos gatos", diz.

Colecionadores apresentam às vezes outros sintomas de TOC, como superstições, verificação excessiva e acúmulo de objetos.

O "animal hoarding", chamado pelos psiquiatras de colecionismo primário, é tratado com terapia e remédios. No começo, o terapeuta tenta um pacto com o paciente: "É uma moratória impedindo novas aquisições", diz o psiquiatra Aristides Cordioli.

Conforme o tratamento avança, metas são propostas para que a pessoa se desfaça de alguns animais até chegar a uma quantidade administrável: "Não é simples. A estrutura psíquica dessas pessoas está fundada na relação com aqueles animais, é preciso oferecer um substituto emocional", diz a assistente social Marília Berzins.

As coisas se complicam quando o amor dos animais já veio para suprir outra falta: "Na minha experiência e na literatura, noto que a maior parte dos acumuladores é mulher. Talvez porque elas sejam mais solitárias que os homens", diz Cordioli.

Quando perdeu o marido, há sete anos, a bancária Rosana F., 53, tinha dois cachorros da raça pinscher: "Era só um casal. A fêmea engravidou e morreu no parto. Deixou três filhotes".

Ao perceber o quanto os filhotes ajudaram em seu processo de luto, Rosana se tornou adicta do amor canino: "Por anos, comprei um cachorro a cada frustração".

Como a vida não é fácil, a bancária terminou acumulando 25 cães em um apartamento de três quartos, em Pinheiros. "Precisei me mudar por queixas de vizinhos. Os cães não faziam barulho, mas as pessoas implicam."

Desde que Rosana se mudou para outro prédio, decidiu não contar a ninguém quantos cães tem de verdade. "Como são parecidos, só tenho duas raças, dá para revezar na hora de passear sem chamar atenção."

A advogada Júlia F., 41, passou a colecionar cachorros depois de ter atropelado um. "Dois anos depois do atropelamento eu já tinha 14 cachorros, todos recolhidos na rua. Me sentia em dívida com eles. Por vezes, tinha que estacionar em qualquer meio-fio para conferir se tinha atropelado algum", conta.

Depois de um ano e meio de terapia, Júlia afirma que já não adota novos cães, mas se recusa a diminuir a população canina atual de sua casa: "Abandonar não é uma opção".

Fonte Folhaonline

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