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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool

Entenda por que o organismo feminino demora mais para metabolizar a bebida

Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou um estudo intitulado "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2011 - VIGITEL", que contou com a participação de mais de 50 mil brasileiros de todas capitais do País, por meio de entrevistas telefônicas.

De acordo com o VIGITEL, 17% dos brasileiros consumiram bebidas alcoólicas no padrão BPE, correspondendo a 6,2% dos homens entrevistados e 9,1% das mulheres.

As mulheres, em especial, são mais sensíveis aos efeitos do álcool devido a diversos fatores como, por exemplo, os menores níveis das enzimas metabolizadoras do álcool e menor quantidade de água no organismo - o que o torna mais concentrado*. Estudos anteriores apontam uma tendência para aumento no consumo por este grupo ao longo do tempo - dado este, que pode ser constatado em uma pesquisa que publicamos recentemente no volume 67, da revista científica Clinics (3ª edição).

Entre os principais achados, verificamos que mulheres com melhores condições econômicas e maiores graus de instrução apresentaram maior uso desta substância, sendo o oposto entre os homens: os que mais consumiram foram aqueles com graus inferiores de escolaridade e piores condições econômicas. Além disso, constatamos o aumento dos problemas relacionados ao consumo (danos não intencionais, como acidentes de trânsito, prejuízos em atividades sociais, entre outros), na medida em que as mulheres passaram a consumir em padrões mais pesados (como o BPE) - tipicamente não diferindo dos homens em relação às consequências nocivas do álcool.

Acredito que as transformações do papel da mulher nas últimas décadas possam explicar a tendência de se igualarem aos homens em relação a comportamentos vistos anteriormente como "masculinos", como o consumo em padrões mais pesados. Outros fatores que podem influenciar neste aumento são: estresse da dupla jornada de trabalho, conquista de melhores condições socioeconômicas, maior convivência com homens bebedores, maior aceitação social do uso, entre outros.

Em suma, o uso pesado do álcool tem implicações relevantes em termos de saúde pública, pois está associado a riscos para saúde e a consequências sociais não só ao bebedor quanto àqueles que estão próximos a ele. Por isso, como médico e pesquisador da área, creio que políticas de prevenção futuras devam contemplar os padrões mais pesados de consumo de bebidas alcoólicas, independente do gênero, visando reduzir os prejuízos causados por esse tipo de comportamento.

* Uma dose-padrão de bebida alcoólica (350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml de destilado) contém, aproximadamente, 14 g de álcool puro.

Fonte Minha Vida

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