Quer fazer novos amigos? Deixe o celular em casa. Esta é a mensagem por trás de dois estudos que buscaram identificar como o celular interfere nos relacionamentos pessoais e mostram que a mera presença do aparelho já afeta a forma como as pessoas interagem.
A cada dia os celulares se tornam mais modernos e multifuncionais. Verificar e-mail, mandar mensagens, acessar as redes sociais são algumas destas funções sem as quais, hoje em dia, não conseguimos sequer imaginar ficar sem. E mais comum ainda é, em uma roda de amigos, observar que todos mantém conversas, não com que estão ali presentes, mas com aqueles que estão online.
E, justamente por esta possibilidade de conversar com quem está longe, era de se esperar que com o celular as interações pessoais aumentariam, permitindo às pessoas o contato constante. Mas dois estudos realizados por Andrew K. Przybylski e Weinstein Neta, da Universidade de Essex, no Reino Unido, mostraram que o celular, mesmo quando não está sendo utilizado, pode prejudicar as nossas tentativas de conexão interpessoal.
Interação e empatia
No primeiro experimento, os autores pediram a dois voluntários (que não se conheciam) que conversassem sobre algum assunto íntimo, como um evento que tivesse ocorrido com eles no último mês, durante dez minutos.
A conversa, que foi realizada em uma cabine privada, aconteceu apenas depois que eles entregaram aos pesquisadores seus pertences pessoais – entre eles, os celulares. Na cabine eles encontraram duas cadeiras e, em uma mesa, dois objetos. Em algumas cabines foi colocado um livro e um aparelho celular, em outras um livro e um notebook.
Depois da discussão, cada participante respondeu a um questionário que buscou investigar a qualidade da conexão e os sentimentos que eles haviam experimentado. Aqueles que conversaram na presença do celular relataram menor qualidade de relacionamento e menos proximidade com o próximo.
O segundo experimento teve como objetivo observar em qual contexto a presença do telefone interferiria mais. Desta vez as duplas de desconhecidos conversariam sobre dois temas propostos pelos autores, ou um assunto casual ou um tema mais significativo, mais uma vez com um telefone celular ou um notebook por perto. Depois da conversa de dez minutos, os voluntários responderam a perguntas sobre a qualidade do relacionamento, os seus sentimentos de confiança e empatia que sentiram de seus parceiros de conversa.
Os resultados mostraram que quando a conversa foi sobre um assunto casual, a presença do celular não interferiu na qualidade do relacionamento estabelecido, confiança e empatia. Já quando o tópico foi mais sério, aqueles que conversaram na presença do celular relataram sentir menos confiança e empatia pelo parceiro.
Consciência social
Estudos anteriores sugerem que, por causa das muitas opções de entretenimento que os celulares nos proporcionam, eles muitas vezes desviam nossa atenção, seja enquanto dirigimos ou durante uma reunião de trabalho.
A conclusão que chegam os autores é que os celulares podem, na verdade, inibir nossa capacidade de estabelecer uma relação mais profunda com as pessoas ao nosso lado. E se o objetivo é conhecer novas pessoas, não ter um telefone por perto pode melhorar as percepções de empatia, conexão e confiança interpessoal – necessárias para que se estabeleça um relacionamento. Na realidade, finalizam os autores, “o uso do aparelho pode até mesmo reduzir nossa consciência social.”
Fonte O que eu tenho
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