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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Neurocirurgião narra em livro sua experiência de "quase-morte" e garante que o Paraíso existe

Teólogo e neurologista comentam relato, que foi destaque em revistas internacionais nas últimas semanas
 
Com o respaldo científico do professor de Harvard que é, o neurocirurgião Eben Alexander afirma que o Paraíso existe. A declaração, estampada na capa da revista Newsweek de 7 de outubro, uma das principais revistas semanais dos Estados Unidos, ganhou repercussão nos últimos dias.
 
Não se trata de uma descoberta científica, mas de uma experiência pessoal do cientista. Alexander foi levado ao hospital em uma manhã de 2008 porque tinha acordado com muita dor de cabeça. Foi diagnosticado com meningite bacteriana. A bactéria estava instalada no cérebro e sua chance de sobrevida era quase zero. Em coma e desenganado pelos médicos, ele acordou uma semana depois, totalmente consciente — e convencido de que esteve no Paraíso.
 
A descrição até que remete a uma "viagem" alucinógena, mas vinda de um especialista em cérebro, de reconhecida carreira acadêmica, ganha contornos alucinantemente intrigantes. Será mesmo verdade que o Paraíso existe? E seria possível experienciar o Paraíso?
 
O médico conta que estava em cima de nuvens rosadas que contrastavam com um céu azul escuro por onde cruzavam seres transparentes. Não seriam nem anjos, nem pássaros, mas uma "forma superior". Ele sentia como se estivesse naquele lugar há muito tempo e não tinha nenhuma memória de sua vida terrena. Os sentidos se confundiam, "como uma chuva que você sente mas não te molha", descreve o cientista. Uma mulher de olhos azuis o acompanhava, calada, em cima de uma asa de borboleta. Segundo ele, a tal mulher nem precisava falar: "Se ela te olhasse daquele jeito por cinco segundos, sua vida inteira até aquele momento já teria valido a pena".
 
A mulher de olhar arrebatador, que não era de amizade, nem de sedução, mas algo inédito para olhos mundanos, disse que ele era muito amado e que iria lhe mostrar muita coisa por lá, mas eventualmente ele poderia voltar. E ele voltou para contar tudo em um livro que chega às livrarias norte-americanas em 23 de outubro.
 
Experiência ou alucinação?
De acordo com o neurologista Roberto Rossatto, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, relatos como o do professor de Harvard são raros. A sensação de vazio, de ausência de memória de atividades anteriores, é mais comum entre os pacientes que voltam do coma.
 
O médico explica que a meningite bacteriana, causa do coma de Alexander, afeta o córtex cerebral, que é responsável por funções como pensamento, visão e movimento.
 
— Uma disfunção ocasionada pela doença pode fazer com que o cérebro produza alucinações após o tratamento — esclarece Rossatto.
 
Do ponto de vista teológico, o Paraíso é uma dimensão supratemporal e supraespacial, uma vida onde tempo e espaço não existem mais e não há memória da vida na terra. Assim, seria impossível ir e voltar, afirma o padre, teólogo e professor de Bioética da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), José Roque Junges.
 
— Há relatos anteriores de que a pessoa vê uma luz, mas volta. No entanto, ver de longe é totalmente diferente de experimentar. Não há como ter uma experiência empírica do Paraíso, por isso sua existência não pode ser comprovada por meio da ciência — comenta Jungues.
 
Para o padre, esse tipo de relato manifesta uma visão positiva da morte — uma luz. Porém, o que há depois dela, é um mistério também para os que creem no Paraíso.
 
— Se, por um lado, acreditamos que há outro tipo de vida após a morte, por outro, não sabemos exatamente o que ela é — admite.
 
Fonte Zero Hora

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