Pesquisa revelou que alimentos ricos em polifenóis e flavonoides se ingeridos no
terceiro trimestre da gestação, alteram a circulação de sangue no feto e podem
trazer riscos
Não é raro encontrar grávidas que evitam ingerir determinados alimentos para não
prejudicar o desenvolvimento do feto. Nova pesquisa do Instituto de Cardiologia
do Rio Grande do Sul tenta esclarecer pelo menos parte desta questão: o que pode
trazer problemas à criança durante a gravidez? O estudo revelou que alimentos
ricos em polifenóis e flavonoides se ingeridos no terceiro trimestre da
gestação, alteram a circulação de sangue no feto e podem trazer riscos.
– Por terem um efeito anti-inflamatório natural, estes alimentos inibem a produção de prostaglandina no organismo da gestante e, por consequência, do feto – afirma o cardiologista Paulo Zielinsky, chefe da Unidade de Cardiologia Fetal do Instituto de Cardiologia e professor do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da Fundação Universitária de Cardiologia.
Durante a vida intrauterina, o ducto arterioso – um canal localizado entre a aorta e a artéria pulmonar – precisa estar amplamente aberto, permitindo que 80% do sangue saído do coração para os pulmões atinjam a circulação do bebê. Isso ocorre espontaneamente até as 28 semanas. Depois, depende da prostaglandina, cuja baixa produção pode levar ao estreitamento do canal. Com o diâmetro do ducto reduzido, aumenta a pressão nos vasos, o que leva à sobrecarga no coração do feto. Após o nascimento, essa complicação causaria até hipertensão pulmonar.
Em sete anos de pesquisa, os médicos analisaram como o organismo da mãe e do bebê reagiam a essas substâncias. De 51 casos de gestantes que apresentavam o problema, 48 tiveram o ducto normalizado somente com a suspensão dos polifenóis da dieta. Os resultados do trabalho foram apresentados neste mês na Universidade Johns Hopkins, nos EUA, durante o Simpósio de Avanços em Cardiologia Perinatal.
Lançar alarme é precoce, diz nutricionista
A preocupação com o que ingerir deve começar na 13ª semana gestacional. É a partir daí que a dieta da grávida vai interferir no feto. A nutricionista Márcia Vítolo, professora do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e especialista em nutrição materno-infantil, lembra que esta contraindicação não existe nas diretrizes de órgãos oficiais ligados à saúde.
– O trabalho é bem feito, mas, para assumirmos como recomendação, ainda tem um caminho – explica Márcia.
Por ora, ela afirma que o essencial é evitar o ganho excessivo de peso durante a gravidez e manter um acompanhamento nutricional durante o pré-natal.
Fonte Zero Hora
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