Brasília – Antes mesmo que a conversa com a equipe da Agência Brasil
completasse dois minutos, a enfermeira obstetra Quênia Cristina de
Paiva precisou interromper a entrevista: “Chegou uma mãe em trabalho de parto.
Preciso atendê-la”, explica. Cerca de 30 minutos depois, o choro forte de
Emanuelly podia ser ouvido em toda a Casa de Parto de São Sebastião, região
administrativa localizada a 30 quilômetros do centro da capital federal.
A mãe da criança, a dona de casa Josilene Silva, 27 anos, recebeu a filha nos
braços assim que a menina nasceu. O cordão umbilical só foi cortado minutos
depois. Nos braços da mãe, Emanuelly recebeu a primeira dose da vacina contra a
hepatite B e também uma dose de vitamina K, importante para evitar hemorragias.
“Aproveita que eu estou bem coradinha”, diz Josilene, orgulhosa, ao posar para
as fotos.
Em seguida, o bebê foi colocado em um berço aquecido mantido bem próximo à
mãe, para que a equipe médica pudesse checar reflexos, movimento dos braços e
tônus muscular da criança. Ao todo, três enfermeiras obstetras, uma técnica e
três estagiárias de enfermagem encheram a menina de cuidados. A mesma equipe
acompanhou o parto, mas não precisou fazer intervenções. Na casa, o parto é
visto como algo natural e, por isso, as mães não recebem medicamentos para
induzir a dilatação ou diminuir a dor das contrações.
Para serem atendidas na Casa de Parto de São Sebastião, as mães precisam ter
feito o pré-natal completo (no mínimo sete consultas), nunca ter passado por uma
cesariana e não apresentar indicativo de gravidez de risco – como pressão alta.
O trabalho é feito para tranquilizar a gestante e se diferencia dos
procedimentos adotados em ambientes hospitalares – onde, em geral, a mulher
aguarda o momento de dar à luz deitada em uma cama.
“Após a internação, colocamos a gestante para caminhar, usamos exercícios com
bola suíça [usada também na prática de ioga e pilates], indicamos banho quente
de chuveiro. No caso da Josilane, ela fez tudo isso em casa. É mais confortável
e relaxa mais a mãe. Fora de casa, elas ficam mais tensas”, explica a enfermeira
Quênia Cristina.
Depois do nascimento de Emanuelly, Quênia foi fazer o teste do pezinho em outro
bebê, nascido um dia antes. O menino poderá se chamar Cauê ou Kelvin. Os pais
ainda estão indecisos. A mãe, a dona de casa Regina Pereira da Silva, 20 anos,
chegou à unidade com 7 centímetros (cm) de dilatação. Fez exercícios com a bola
suíça, tomou banho quente, recebeu massagem nas costas e, três horas depois,
segurou o bebê nos braços pela primeira vez.
“É uma experiência boa. O tempo todo há alguém olhando, cuidando. Com o meu
primeiro filho foi diferente. Ele nasceu de parto normal, mas aplicaram remédio
para dilatação e para dor. Este segundo parto foi melhor. Cuidaram mais da
gente”, conta Regina, prestes a receber alta.
Tia do bebê, a estudante Maristela Pereira, 24 anos, falou sobre a alegria de
ter ajudado no parto do sobrinho. “Na maternidade, você fica mais só do que
acompanhada. Aqui, eles dão mais atenção. É algo que deve ser estimulado. Na
hora da dor, o que a gente mais quer é alguém da família por perto”, destaca.
No momento em que a equipe da Agência Brasil visitou a unidade
de São Sebastião, a dona de casa Maria Eliene Neris, 32 anos, estava prestes a
ter alta. Com o filho Adrian no colo, ela contou que chegou ao local com 4 cm de
dilatação e foi orientada a caminhar pelo corredor para estimular “o bebê a
descer” e a tomar chá para se acalmar. Três horas depois, o menino chegou. “A
equipe aqui é bastante atenciosa. Elas são prestativas, ajudam toda hora. Nos
meus outros dois partos, fiquei sozinha. As enfermeiras só olhavam na porta. Não
permitiam acompanhante. Aqui, meu marido assistiu, fez massagem em mim. Ficamos
bem acomodados. É uma experiência que vale a pena, mas se estiver com o
pré-natal em dia”, avalia.
Todas as gestantes atendidas pela Casa de Parto de São Sebastião deixam o
local 24 horas após o nascimento do bebê já com a primeira consulta ao pediatra
agendada. As mães também são convidadas a participar de palestras sobre cuidados
com o recém-nascido, amamentação e planejamento familiar. O local funciona 24
horas por dia. “Recebemos todo mundo. Qualquer hora é hora”, diz a enfermeira
Quênia Cristina.
Fonte Agência Brasil
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