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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Médicos de TO usam prótese derivada da mamona para reconstituição da face

Procedimento serão usados na região Norte pela primeira vez; Sete pacientes, com idades entre 18 e 87 anos, serão operados
 
As primeiras cirurgias de reconstrução mandibular com prótese biológica derivada do óleo de mamona da região Norte do Brasil foram iniciadas, nesta quarta-feira (3), em Tocantins. Os procedimentos inéditos serão realizados até o próximo domingo (7) em sete pacientes encaminhados ao Hospital Geral Público de Palmas (HGPP) pela Central de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde, sendo seis do Tocantins e um do Pará. As cirurgias serão realizadas pela equipe de Reconstrução Facial do HGPP.
 
Os pacientes, com idades entre 18 e 87 anos, foram acometidos de uma doença chamada ameloblastoma, um tumor que cresce dentro dos maxilares, que apesar de benigno, tem comportamento agressivo, se desenvolvendo rapidamente e comprometendo assim tais estruturas. O tratamento consiste na retirada de parte da mandíbula e a reconstrução com a prótese biológica de polímero de mamona. Devido à perda de parte do maxilar inferior, sem a prótese, os pacientes ficariam mutilados, com deficiência na alimentação, na fala, na estética, comprometendo o convívio social.

As próteses
Para realizar a confecção das próteses, é necessário inicialmente um protótipo, um modelo em três dimensões da face do paciente. O protótipo é feito pela impressão de objetos originados de imagem tomográfica, de ressonância magnética e ultrassonografia. À impressão de estruturas do corpo humano dá-se o nome de biomodelo. As imagens da face e crânio são manipuladas por programas de computador específicos e as estruturas ausentes e ou acometidas por patologia são desenhas e substituídas por espelhamento virtual, e desta forma o biomodelo é confeccionado (impresso). O modelo obtido, é único e intransferível do indivíduo em tratamento, e a prótese facial em biomaterial é confeccionada. A confecção dos biomodelos para os sete pacientes foi feita pelo Centro de Pesquisas Renato Archer (Cenpra), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, em Campinas.
 
A partir do biomodelos, o planejamento cirúrgico foi estabelecido e as orientações para o desenho das próteses foram repassadas para o Prof. Dr. Jonas de Carvalho, do departamento de Engenharia de Mecânica da USP de São Carlos, que os encaminhou à Poliquil Polímeros, para a confecção final.
 
Tanto o desenho quanto a confecção das próteses foram doadas pelos parceiros. Cada prótese tem um custo estimado em R$ 150 mil, o que totaliza custos de cerca de R$ 1 milhão para os sete casos.
 
A novidade
O polímero derivado do óleo de mamona pode ser tratado como uma espécie de plástico vegetal, ideal a quem precisa de implante ósseo. A substância foi desenvolvida pelo Prof. Dr. Gilberto Chierice, do departamento de Química da USP de São Carlos. A pesquisa começou em 1987, quando Chierice coordenou uma equipe para desenvolver, a pedido da Telebrás, uma resina para vedar cabos telefônicos aéreos e subterrâneos. O experimento teve continuidade e culminou no uso para a medicina. De acordo com o pesquisador, o polímero de mamona oferece às próteses mais resistência, maleabilidade, leveza e estabilidade.

Avaliação
De acordo com a cirurgiã bucomaxilofacil Daniela Carvalho, que coordena a equipe de reconstrução facial do HGPP, responsável pelas cirurgias, o risco de rejeição das próteses é mínimo. " A grande diferença é a prótese ser feita de material com características físico-químicas semelhantes ao osso humano. A recuperação das funções de mastigação, fala e estética são recuperadas em 90%" , afirmou.
 
Conforme estimativas da equipe cirúrgica, se o procedimento fosse realizado na rede particular de saúde, cada cirurgia de reconstrução da face custaria em torno de R$ 230 mil, mais os custos de internação. " Além disso, os pacientes precisarão de atendimentos com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos que serão oferecidos gratuitamente no HGPP" , informou.
 
Centro de pesquisa
Além de realizar pela primeira vez na região Norte este tipo de procedimento cirúrgico, o Tocantins foi incluído como o segundo Centro de Pesquisa Avançada da Poliquil Polímeros sobre as próteses de polímero de mamona.
 
Fonte isaude.net

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