Estudo ligou maior propensão a perseguir o ideal de magreza a diferenças genéticas que determinam o quão permeáveis somos ao ambiente em que vivemos
Em uma cultura que frequentemente projeta a mensagem de que você nunca está magro o suficente, um novo estudo sugere que fatores genéticos podem tornar algumas mulheres especialmente suscetíveis a esse ideal.
Boa parte de por que algumas mulheres são mais propensas a sucumbir à pressão para ser magra pode ser explicada por diferenças na composição genética, sugere a nova pesquisa.
De acordo com os resultados divulgados pelos cientistas, algumas mulheres podem ter essencialmente dois fatores de risco: elas são naturalmente predispostas a desejar ser magras, e/ou têm familiares, amigos ou atividades que reforçam a magreza como um ideal a ser perseguido.
Em outras palavras, para as mulheres que são geneticamente predispostas a esse ideal de magreza, o problema não é a cultura das revistas de moda, da televisão e do cinema. Pelo contrário, para essas adolescentes e jovens o problema são os amigos, a aula de ballet ou os pais, periodicamente chamando-as de cheinhas ou gordas.
“Basicamente, os humanos variam no quanto são permeáveis a toxinas que a poluem nosso ambiente. E isso inclui a pressão da mídia pelo ideal de magreza. Essa variação pode der raízes nos genes”, explica Cynthia Bulik, diretora do Programa de Transtornos Alimentares da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill (EUA). Ela não está ligada ao estudo.
A pesquisa, baseada em dados de 2008 a 2012, examinou as influências genéticas e ambientais sobre o que os pesquisadores chamam de “internalização do ideal de magreza”. Internalizar a mensagem do “ser magro” é considerado um fator de risco para distúrbios de imagem corporal e transtornos alimentares como anorexia nervosa e bulimia.
A necessidade de ser magra não é absorvida da cultura por absolutamente todas as pessoas, diz Bulik.
“Por que algumas meninas e mulheres – e até mesmo meninos e homens – veem uma imagem com Photoshop ou escutam um anúncio que as exorta a se tornarem insatisfeitas com algum aspecto da própria aparência física simplesmente esquecem isso e seguem em frente, enquanto outras correm para o espelho fazer uma autoavaliação, se tornam autocríticas, ficam tristes e passam a adotar comportamentos alimentares errados para corrigir esse ‘defeito de fabricação’?” se pergunta a especialista.
O estudo, publicado no International Journal of Eating Disorders, envolveu grupos de gêmeas do registro de gêmeos da Universidade Estadual de Michigan. Entre as participantes, cerca de 350 mulheres com idade entre 12 e 22, todas nasceram em Michigan e 80% eram brancas.
Os pesquisadores mediram o quanto as participantes queriam se parecer com mulheres do cinema, da TV e das revistas de moda para avaliar o nível de “internalização do ideal de magreza” delas. Gêmeas idênticas (que partilham 100% dos genes) foram comparadas com os gêmeas fraternas (que partilham 50% dos genes).
As gêmeas idênticas tinham níveis mais semelhantes de “internalização do ideal de magreza” do que as gêmeas fraternas, apontou a pesquisa. Isso sugere que os genes desempenham um papel importante na explicação das diferenças entre os dois tipos de gêmeas, disseram os autores do estudo. O estudo sugere que a “hereditariedade” da idealização da magreza seria de 43%, o que significa que quase metade exlicação de porque algumas mulheres são mais propensas a idealizar a magreza está nas diferenças genéticas, dizem os pesquisadores.
O estudo, no entanto, não foi projetado para determinar uma relação de causa e efeito entre a genética e a idealização da magreza, mas apenas uma ligação entre elas.
“Algumas pessoas têm uma propensão genética para internalizar esses ideais”, diz Jessica Suisman, uma das autoras do estudo e estudante de pós-graduação no estado de Michigan.
“Os grandes fatores de risco culturais que pensávamos serem mais influentes no desenvolvimento da idealização da magreza não são tão importantes como o risco genético e os fatores de risco ambientais, que são específicos e únicos para cada gêmea.”
Suisman aconselha as mulheres que se percebem idealizando demais a magreza a tentar participar de ambientes sociais e de lazer que coloquem menos ênfase em ser magra. Os pesquisadores querem de ampliar o estudo para um número maior de participantes de origens étnicas e culturais diferentes.
“Também gostaríamos de saber se os genes que afetam o risco de idealizar a magreza são iguais ou semelhantes aos que afetam o surgimento de transtornos alimentares”, disse ela.
“E gostaríamos de analisar traços de personalidade – como perfeccionismo e altos níveis de emoção – para ver como esses fatores podem estar envolvidos no processo”.
Fonte iG
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