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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Tratamento do diabetes não tem direito a férias

Sem cura, doença exige uso de medicamento para o resto da vida
 
Para muitas pessoas, receber o diagnóstico de diabetes representa desespero. Quem nunca ouviu da vizinha ou de algum parente que a doença é gravíssima e que a maioria dos pacientes não escapa da amputação ou da cegueira? A única verdade, segundo os especialistas, é que o tratamento é contínuo e precisa ser levado a sério para que essas e outras complicações não apareçam.
 
A notícia ruim é que a maioria dos 12 milhões de brasileiros com diabetes não trata a doença corretamente. Em 2009, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da Bahia revelou que 75% dos diabéticos não controlam a glicemia. Para Rosa Sampaio, professora de Clínica Médica da Universidade Federal de Sergipe e ex-coordenadora de Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde, isso reflete a necessidade de educação sobre a doença.
 
— Nos últimos 10 anos, tivemos um avanço significativo no acesso gratuito aos medicamentos, mas o tratamento não se restringe a isso. A disseminação de informação, o que chamamos de educação em diabetes, e o incentivo aos hábitos de vida saudáveis são fundamentais para avançarmos ainda mais no combate a essa epidemia global.
 
Rosa lembra que a distribuição gratuita de medicamentos para o diabetes é garantida por lei. Mesmo o SUS (Sistema Único de Saúde) oferecendo apenas as drogas básicas, é importante que todos os diabéticos se tratem.
 
— O SUS oferece o tratamento completo da doença, mas alguns estados brasileiros, como Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais e Paraná, já conseguiram incluir no sistema público drogas mais modernas, como os análogos de insulina. Mesmo assim, ainda precisamos avançar muito e incorporar esse e outros itens em todo o País. O processo está “rolando” há algum tempo.
 
A médica explica que os análogos de insulina são drogas mais modernas que se assemelham a ação fisiológica do hormônio e reduzem os efeitos colaterais, como as hipoglicemias. Alguns pacientes, inclusive, costumam conseguir esse tratamento por meio de ações judiciais.
 
Diabetes tipo 1
Mais comum em crianças e adolescentes, o diabetes tipo 1 é caracterizado pela incapacidade do pâncreas produzir insulina, assim seus portadores precisam de injeções diárias do hormônio para sobreviver. E é exatamente por levar picadas todos os dias que há muita resistência por parte dos pacientes, mas o endocrinologista Dr. Roberto Betti, coordenador do Centro de Diabetes e Doenças Metabólicas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, garante que o mercado tem opções menos doloridas e mais confortáveis para o diabético.
 
— Hoje em dia há agulhas muito pequenas, canetas para aplicação de insulina, bombas que injetam o hormônio durante 24 horas e insulinas mais modernas que causam menos efeitos colaterais, como os análogos.
 
Além da aplicação do hormônio, o médico acrescenta a necessidade da prática regular de exercício físico e da alimentação saudável. E para saber se o tratamento está surtindo efeito, o Dr. Betti chama a atenção para outros dois pontos.
 
— O paciente precisa monitorar a glicemia no mínimo quatro vezes por dia e visitar o endocrinologista entre três a quatro vezes por ano. Isso é fundamental para o médico avaliar o tratamento e fazer os devidos ajustes da medicação.
 
Diabetes tipo 2
Nem sempre o tratamento do diabetes tipo 2 exige medicação. Em alguns casos, basta adotar um estilo de vida saudável para cuidar da doença. Isso representa alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos, consumo moderado de bebidas alcóolicas, abandono do cigarro, controle da pressão arterial, manutenção do peso ideal e distância do estresse.
 
Se os hábitos não forem suficientes para controlar a glicemia, o paciente inicia a terapia com os hipoglicemiantes orais e, em alguns casos, pode até precisar de insulina. Entre as várias classes de medicamentos disponíveis no mercado, a metformina é a mais prescrita pelos médicos.
 
— Apesar de a metformina ser muito boa, há outras opções mais modernas, como os análogos de GLP-1 e os inibidores de DPP-4, que costumam ter menos efeitos colaterais.
 
O endocrinologista acrescenta que a monitorização da glicemia também faz parte do tratamento e deve ser realizada duas vezes ao dia, preferencialmente em jejum e duas horas após uma refeição. Já a visita ao médico para avaliar o quadro clínico do paciente pode ser de duas a três vezes por ano.
 
— O diabetes não tem cura, mas tem controle. A adesão ao tratamento é garantia de qualidade de vida e prevenção de complicações.
 
Fonte R7

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