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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Alimentos probióticos auxiliam na cura de infecções vaginais

Que os Lactobacillus colaboram para a flora intestinal funcionar melhor, a maioria das pessoas já sabe. Porém, suas qualidades vão além e podem beneficiar, em especial, a saúde íntima das mulheres.
 
Prova disso é uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da Universidade de São Paulo, que mostra como culturas láticas probióticas (conjunto de micro-organismos do leite), em associação com medicamentos antimicrobianos tradicionais, podem aumentar a taxa de cura de infecções vaginais. O estudo foi realizado pelo farmacêutico-químico, Rafael Chacon Ruiz Martinez, com a orientação da professora Elaine C. P. De Martins.
 
Pesquisa
As pacientes foram selecionadas e acompanhadas em centros de atendimento à saúde ligados à USP em Ribeirão Preto (SP). “O estudo realizado foi do tipo randomizado, duplo-cego, placebo-controlado de intervenção terapêutica”, explicou o pesquisador.
 
A pesquisa avaliou grupos de pacientes com infecções vaginais: um deles constituído por 64 mulheres diagnosticadas com vaginose bacteriana (VB) e outro por 68 pacientes diagnosticadas com candidíase vulvovaginal (CVV), além de um terceiro composto por 64 mulheres saudáveis (controle) e que, portanto, não sofreu qualquer tipo de intervenção terapêutica.
 
"Em nosso estudo, as pacientes diagnosticadas com vaginose bacteriana (VB) receberam como tratamento dose única do antibiótico tinidazol (2g) e suplementação com duas cápsulas para uso diário (via oral) contendo os micro-organismos probióticos ou placebo, de forma aleatória, durante quatro semanas. Por sua vez, as pacientes diagnosticadas com candídiase vaginal foram tratadas com dose única do antifúngico fluconazol (150mg) e, da mesma forma, suplementadas com os micro-organismos probióticos ou placebo", explica Martinez.
 
Resultados
Ao final do período de pesquisa, as pacientes realizaram consulta ginecológica de retorno e os resultados indicaram que houve aumento da taxa de cura em ambos os grupos de mulheres que receberam os medicamentos tradicionais e suplementação com cápsulas contendo os microrganismos probióticos - em comparação àquelas que receberam medicamentos tradicionais e cápsulas de placebo (87,5% versus 50% para as pacientes diagnosticadas com vaginose bacteriana e 89,7% versus 65,4% para pacientes diagnosticas com candídiase vuvlvovaginal, respectivamente).

A escolha das linhagens de micro-organimos probióticos foi Lactobacillus rhamnosus GR-1 e Lactobacillus reuteri RC-14. Estas cepas são estudadas desde a década de 80 por pesquisadores da Universidade Westerns, do Canadá, e mostram grande potencial para o tratamento e/ou prevenção de infecções vaginais.

Esses micro-organismos probióticos conseguem colonizar o trato digestivo e o epitélio vaginal (um dos tecidos que revestem a vagina). “Eles também podem auxiliar na manutenção do epitélio vaginal saudável por meio da redução da ascensão de patógenos do reto para a vagina e ainda por meio do aumento da imunidade da mucosa intestinal”, diz Martinez.
 
Cautela
Os resultados da pesquisa são promissores e foram publicados nas revistas Letters in Applied Microbiology, Microbiology and Immunology, Canadian Journal of Microbiology e Applied and Environmental Microbiology. Porém, devem ser avaliados com cautela, pois envolveram um número relativamente pequeno de pacientes.
 
O pesquisador também relata que houve um baixo número de pacientes que exibiu efeitos adversos, como aumento do apetite, ocorrência de fezes líquidas ou episódios de dor de cabeça persistentes. "Tais sintomas poderiam ou não estar associados ao uso dos micro-organismos probióticos e/ou dos agentes antimicrobianos tradicionais, mas não foi possível concluir sobre este aspecto”, explicou.

Para ele, mais estudos são necessários para esclarecer os exatos mecanismos de ação responsáveis pelos efeitos positivos observados na suplementação com probióticos. É também importante investigar a eficácia do tratamento em casos recorrentes de infecções vaginais.
 
Fonte Uol

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