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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pela primeira vez, Coca-Cola fala sobre obesidade em comercial da bebida

Estudos recentes vêm sugerindo que as bebidas açucaradas
levam ao ganho de peso, independente de qualquer outro
comportamento não saudável
Segundo porta-voz, empresa sentiu que precisava falar sobre “a grande discussão do momento”. Anúncios irão ao ar em horários nobres de grandes emissoras dos EUA
 
A Coca-Cola se tornou uma das marcas mais poderosas do mundo, igualando seus refrigerantes à felicidade. Agora, pela primeira vez, decidiu falar sobre uma nuvem negra que cresce sobre a indústria de refrigerantes: a obesidade.
 
A empresa norte-americana começou a transmitir nesta segunda-feira (14) um anúncio de dois minutos durante os programas de maior audiência nas emissoras CNN, Fox News e MSNBC, na esperança de se tornar uma voz mais forte no debate sobre refrigerantes e seu impacto na saúde pública. O anúncio valoriza o fato de a empresa produzir bebidas com menos calorias ao longo dos anos e ressalta que o ganho de peso é o resultado de consumir muitas calorias de qualquer espécie – não apenas as do refrigerante.
 
Coca-Cola diz que a campanha vai deflagar uma variedade de ações que ajudam a discutir o problema da obesidade ao longo do próximo ano. Uma delas seria oferecer mais opções diet nas máquinas de refrigerante.
 
Para a empresa de bebidas número 1 do mundo, os anúncios refletem as pressões crescentes sobre o setor. Ainda este ano, a cidade de Nova York deve limitar o tamanho dos refrigerantes vendidos em restaurantes, cinemas, ginásios de esportes e outros locais públicos de lazer.
 
Diana Garza Ciarlante, porta-voz da Coca-Cola Co., disse que os anúncios não são uma resposta a nenhum sentimento público negativo. Segundo ela, a empresa sentiu que precisava falar sobre “a grande discussão do momento”.
 
Estudos recentes vêm sugerindo que as bebidas açucaradas levam ao ganho de peso, independente de qualquer outro comportamento não saudável. Um estudo de décadas, envolvendo mais de 33.000 norte-americanos apontou que o consumo de bebidas açucaradas interage com os genes que afetam o peso, ampliando o risco de obesidade muito além daquele herdado de forma hereditária.
 
Mike Jacobson, diretor executivo do Centro para a Ciência no Interesse Público, se diz cético sobre a intenção por trás de anúncios da Coca-Cola e afirma que se a empresa estivesse falando sério sobre ajudar na redução da epidemia de obesidade, iria parar de lutar contra o aumento dos impostos sobre os refrigerantes.
 
“Eles estão tentando desarmar o público”, disse ele.
 
No anúncio da Coca-Cola, um narrador observa que a obesidade é um problema que “diz respeito a todos”, mas que as pessoas podem fazer a diferença quando se unem e “fazem juntas”.
 
Outro comercial, a ser veiculado ainda nesta semana durante o “American Idol” e antes de um jogo do Super Bowl – campeonato nacional de futebol americano –, é mais uma reminiscência dos anúncios publicitários cativantes e otimistas que se espera da Coca-Cola. A peça apresenta uma montagem de atividades que se somam para queimar as 140 calorias “felizes” presentes em uma lata de Coca-Cola: caminhar com o cachorro, dançar, rir com os amigos e fazer a “dancinha da vitória” depois de um strike no boliche.
 
Garza Ciarlante disse que o anúncio de 30 segundos, uma versão da peça que foi veiculada no Brasil no mês passado, destina-se a esclarecer a confusão sobre o número de calorias presentes no refrigerante. Segundo ela, uma pesquisa da empresa registrou que as pessoas pensam que uma lata de coca normal contém 900 calorias.
 
A preocupação pública com a quantidade de calorias é um fator importante no negócio da Coca-Cola. Na América do Norte, todo o crescimento do negócio refrigerante ao longo dos últimos 15 anos veio de bebidas de baixa e sem calorias, como a Coca Zero. Refrigerantes diet agora respondem por quase um terço de suas vendas nos EUA e no Canadá. Outras bebidas, como os isotônicos e a água mineral, também estão alimentando esse crescimento.
 
Mesmo com a crescente popularidade dos refrigerantes diet, no entanto, o consumo geral de refrigerantes nos EUA diminuiu de forma constante desde 1998, de acordo com a publicação especializada Beverage Digest.
 
Fonte iG

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