Foto: Leo Ramos/Fapesp Cientistas testam duas matérias-primas abundantes e baratas: o soro de leite e as leveduras de cana-de-açúcar |
O projeto recém-concluído da pesquisadora Maria Teresa Bertoldo Pacheco e sua equipe, do Centro de Química de Alimentos e Nutrição Aplicada do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), com apoio da Fapesp, vai disponibilizar para tratamento da anemia um suplemento mineral de baixo custo, mas eficaz , para que sejam supridas as necessidades de ferro para quem carece desse nutriente.
No Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 21% das crianças com até 5 anos, 43% das gestantes e 23% das mulheres em idade fértil (que sofrem depleção periódica do nutriente devido à menstruação) possuem algum grau de deficiência em ferro.
Os cientistas testam duas matérias-primas abundantes e baratas: o soro de leite e as leveduras de cana-de-açúcar. As proteínas de uma e de outra fonte foram hidrolisadas, isto é, ' clivadas' ou ' cortadas' , com diferentes enzimas" , disse Pacheco.
" Os peptídeos (fragmentos de proteínas) resultantes passaram por ultrafiltragem para a obtenção de frações com massas menores do que 5KDa (cinco quilodaltons). Essas foram utilizadas na reação de quelação com o ferro, na forma de sulfato ferroso (FeSO4)" , explicou.
Segundo a pesquisadora do Ital, os resultados obtidos com as proteínas hidrolisadas do soro de leite foram muito favoráveis. Já os hidrolisados de proteína de levedura apresentaram menor capacidade de quelação ao ferro (destes, aquele cuja hidrólise foi obtida por meio da enzima viscozyme exibiu maior biodisponibilidade do ferro ligado).
" Isso se deve provavelmente ao fato de essas proteínas serem materiais de menor pureza, contaminados com polissacarídeos provenientes da parede celular" , disse.
Constatado o potencial do soro de leite, o próximo passo é testar a biodisponibilidade do material com células conhecidas como CACO 2, que simulam o comportamento fisiológico e metabólico da borda intestinal humana, e, em seguida, com modelos animais. " Se chegarmos a um peptídeo com alta biodisponibilidade, poderemos até sintetizá-lo a partir dos aminoácidos componentes" , afirmou Pacheco.
Fonte isaude.net
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