Quem já acordou de ressaca sabe o que é imaginar o álcool literalmente matando cada uma de suas células cerebrais. Felizmente, apesar de bebidas alcoólicas poderem realmente prejudicar o cérebro de muitas maneiras, matar diretamente neurônios não é uma delas.
O cérebro é composto de células nervosas (neurônios) e células gliais. Estas células se comunicam umas com as outras, enviando sinais a partir de uma parte do cérebro para outra, dizendo a seu corpo o que fazer. Elas nos permitem aprender, pensar, experimentar, sentir emoções e controlar o movimento do nosso corpo.
Os efeitos do álcool podem ser vistos no nosso cérebro mesmo depois de apenas alguns drinques, nos fazendo sentir embriaguez. Mas esses sintomas são temporários e reversíveis. E quanto aos permanentes?
Benefícios
Evidências atuais sugerem que o álcool não mata as células cerebrais diretamente. Há até alguma evidência de que o consumo moderado da substância está ligado à função mental melhorada.
Um estudo de 2005 feito na Austrália com 7.500 pessoas de três grupos etários (20, 40 e 60 anos) descobriu que bebedores moderados (até 14 drinques para homens e 7 para mulheres por semana) tinham melhor funcionamento cognitivo do que não bebedores, bebedores ocasionais e bebedores pesados.
O problema é que, se a pessoa exagerar, os benefícios não aparecem – e muitos malefícios ficam.
Malefícios
Mesmo o consumo moderado do álcool pode prejudicar a plasticidade cerebral e a produção de células.
Pesquisadores dos Estados Unidos deram álcool a ratos durante um período de duas semanas para aumentar a concentração dessa substância no sangue dos animais para cerca de 0,08. Embora este nível não tenha prejudicado suas habilidades motoras ou de aprendizagem de curto prazo, impactou a capacidade do cérebro dos ratos de produzir e manter novas células, reduzindo a produção de novas células cerebrais em quase 40%.
Sendo assim, precisamos proteger nosso cérebro da melhor forma possível.
Isso porque o excesso de álcool, sem dúvida, danifica as células e a função do cérebro. Segundo uma escala de danos causados a uma pessoa e a sociedade em geral, concebida por um grupo de cientistas especialistas no assunto, o álcool é a droga mais nociva do mundo.
Seu consumo pesado durante longos períodos pode danificar as conexões entre as células cerebrais. Também pode afetar a forma como o seu corpo funciona. Pode provocar atrofia ou encolhimento cerebral, como pode ser visto nas doenças cerebrais como derrame e Alzheimer.
Há um debate sobre se o dano cerebral permanente é causado direta ou indiretamente. Sabemos, por exemplo, que a doença hepática grave (cirrose) tem um efeito indireto sobre o cérebro. Quando o fígado está danificado, ele não é mais eficaz em processar toxinas para torná-las inofensivas. Como resultado, as toxinas venenosas atingem o cérebro, e podem causar encefalopatia hepática (declínio da função cerebral). Isso pode resultar em alterações da cognição e da personalidade, interrupção do sono e até mesmo coma e morte.
O alcoolismo também está associado a deficiências nutricionais e de absorção. A falta de vitamina B1 (tiamina) causa transtornos cerebrais como encefalopatia de Wernicke (que se manifesta em confusão, instabilidade, paralisia dos movimentos oculares) e síndrome de Korsakoff (os pacientes perdem a memória de curto prazo e coordenação).
E não é só o cérebro e o fígado que são prejudicados pelo álcool. Pesquisas de universidades britânicas revelaram que o órgão mais afetado do corpo é o coração. O alcoolismo pode levar a um aumento de pressão sanguínea, insuficiência cardíaca e infarto, além da temível miocardiopatia, na qual o músculo do coração incha e torna a vida do portador um eterno sobressalto quanto à chance de uma parada cardíaca.
Além disso, o risco de câncer de mama aumenta entre 7% e 12% para cada 10g de álcool ingerido por dia. Em uma semana, 100g de álcool no organismo representam 19% a mais de chances de câncer colorretal. De acordo com um estudo, a cada ano 13 mil britânicos (dos quais 4 mil mulheres) contraem câncer devido ao consumo exagerado de bebidas.
Além dos malefícios físicos conhecidos que o álcool pode causar, estudos também apontam que o abuso da substância, principalmente na adolescência, leva a mau desempenho escolar ou acadêmico. Um estudo realizado na Escola de Medicina da Universidade de Washington (EUA) afirmou que quanto mais cedo alguém começa a abusar das drogas e do álcool, menores são as chances da pessoa avançar na escolaridade e chegar a fazer uma faculdade ou até completar o ensino médio, por exemplo.
Recomendação de consumo
Para reduzir o risco de danos devido ao álcool, como doenças ou lesões, o National Health and Medical Research Council, da Austrália, recomenda que adultos saudáveis não bebam mais que dois drinques em qualquer dia.
Beber com menos frequência (como semanalmente, em vez de diariamente) e beber menos em cada ocasião reduz o seu risco de vida. Para evitar lesões relacionadas com o álcool, os adultos não devem beber mais de quatro doses em uma única ocasião. Isto se aplica a ambos os sexos, porque enquanto as mulheres se embriagam com menos álcool, os homens tendem a assumir mais riscos e ter efeitos mais prejudiciais.
Para mulheres grávidas e jovens com idade inferior a 18 anos, beber é a opção mais segura.
Para receber benefícios, em geral, especialistas recomendam que mulheres saudáveis não bebam mais de três drinques em uma ocasião, ou sete doses por semana. Os homens saudáveis com 65 anos ou menos não devem beber mais de quatro doses por ocasião, ou 14 doses por semana. Homens saudáveis com mais de 65 anos não devem beber mais de três drinques por ocasião, ou sete doses por semana.
Uma cerveja de 354,88 ml, um copo de vinho de 147,87 ml, ou um copo de aguardente de 44,36 ml contam como um drinque ou dose.
Fonte Hypescience
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