Gestação: pressão alta da mãe pode ser uma condição fatal para ela e para o bebê |
Cientistas britânicos acreditam ter descoberto o mecanismo que eleva a pressão sanguínea na pré-eclampsia, condição potencialmente letal que pode ocorrer no final da gestação.
A descoberta, feita por pesquisadores das universidades de Cambridge e Nottingham, pode ajudar na busca por novas drogas para o tratamento de hipertensão arterial.
No trabalho, publicado na revista cientídica Nature, os cientistas afirmam que conseguiram decifrar o primeiro passo no processo principal que controla a pressão sanguínea: a liberação de um hormônio, chamado angiotensina, a partir de sua proteína precursora, o angiotensinogênio.
“Apesar de focarmos primeiramente na pré-eclampsia, a pesquisa também abre novos caminhos para estudos futuros sobre as causas da hipertensão em geral”, disse Aiwu Zhou, da Universidade de Cambridge.
Especialistas calculam que o custo anual do tratamento de gestantes com pré-eclampsia chega a 45 bilhões de dólares nos Estados Unidos, Europa, Ásia, Austrália e Nova Zelândia. Nos países em desenvolvimento, estima-se que 75 mil mulheres morram da doença a cada ano.
Se a mãe ou bebê sobrevive, a mulher mais tarde terá um risco mais alto de desenvolver pressão alta, doenças cardíacas, derrame e diabetes. Os bebês são geralmente prematuros e podem vir a sofrer complicações ao longo da vida.
Mais mata
A hipertensão em si é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o fator de maior risco das causas de morte no mundo.
Medicamentos atualmente usados para tratar a pressão alta incluem os inibidores do ACE, que bloqueiam a produção de angiotensina, ou bloqueadores dos receptores de angiotensina (ARBs), que impedem que a angiotensina tenha efeito no corpo quando liberada.
Robin Carrel, que liderou o projeto de pesquisa de 20 anos, disse que estes tipos de drogas geralmente funcionam bem no tratamento da hipertensão padrão, mas não podem ser administrados em gestantes – pois colocam em risco o bebê em desenvolvimento.
Para o estudo, os cientistas utilizaram emissão intensa de raios-X para analisar a estrutura do angiotensinogênio e descobriram que a proteína pode ser oxidada e mudar de forma para permitir a entrada da enzima renina. Esta pode então interagir com a proteína para liberar o hormônio angiotensina, que, por sua vez, eleva a pressão arterial.
Pesquisadores de Nottingham levaram tais descobertas a análises laboratoriais de amostras de sangue de mulheres com pré-eclampsia e de pessoas com pressão arterial normal e constataram que a quantidade de angiotensinogênio oxidado, e consequentemente mais ativo, era mais alta em mulheres com pré-eclampsia.
Carrel disse que saber como funciona esse primeiro passo ajudou a explicar porque às vezes há ocorrência de pressão alta durante a gravidez, quando o corpo se reajusta às necessidades de oxigênio do feto.
O mercado mundial de anti-hipertensivos, que movimentou 35 bilhões de dólares em 2009, é dominado por medicamentos genéricos, mas uma das marcas mais vendidas é o Diovan, da Novartis. A indústria farmacêutica suíça também produz o Tekturna, que faz parte de uma nova classe de drogas que funciona bloqueando diretamente a renina.
Fonte iG
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