Belo Horizonte — Apesar da fama de ser poderoso contra as cólicas intestinais de bebês, o óleo mineral é um grande inimigo de crianças, adultos e até idosos. Segundo especialistas, há muito esse “falso amigo” deveria ter sido proibido no país, em vez de estar ao alcance de todos nas prateleiras dos supermercados e nos balcões de farmácias. O alerta ganhou peso com um quadro que tem assustado pediatras: o número de casos graves de crianças internadas depois de aspirar o óleo triplicou no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG), em Belo Horizonte. Somente este ano, já são 15 casos graves da chamada pneumonia lipoídica, que ocorre por aspiração, ingestão ou inalação do óleo mineral. Nos últimos três anos, o número de internações do tipo não passava de cinco por ano.
A realidade já é considerada por médicos como a epidemia de 2011. Pneumologista pediátrico do HC/UFMG e membro do Comitê de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, Cássio Ibiapina conta que o número de internações no hospital é preocupante. “Mas não é uma particularidade nossa. Sabemos que a rede privada e também outros hospitais têm recebido uma quantidade maior de pacientes com esse tipo de problema”, diz, acrescentando que um dos motivos para o quadro pode ser a automedicação. “Muitas vezes, o óleo é usado para hidratação da pele, mas sempre há aquele parente que o indica para a prisão de ventre. E é aí que mora o perigo”, alerta.
Quando um recém-nascido é forçado a tomar o líquido, em vez de o produto ir para o esôfago e o estômago, cai direto no pulmão. “Por ter um sabor ruim, a criança engasga e aspira o óleo. Ele vai para o pulmão e, como não é eliminado naturalmente, vem a pneumonia”, explica o médico. Foi o que ocorreu com o filho de Alessandra Mendes Baião Andrade no início do ano. Mãe dos gêmeos Caio e Douglas, 5 meses, Alessandra, ao ver que os dois meninos há dois dias não evacuavam, procurou o posto de saúde perto de casa, mas, como os funcionários estavam em greve, resolveu ir a uma farmácia. “Lá, me disseram para dar-lhes o óleo. Foi o que fiz. Douglas tomou sem nenhum problema, mas, quando fui dar a dose ao Caio, ele engasgou e ficou sem ar. Tossia muito. Fiquei desesperada e bati sem parar nas costas dele e o óleo não voltou. Como ele foi ficando mole nos meus braços, levei-o para o hospital”, recorda.
A realidade já é considerada por médicos como a epidemia de 2011. Pneumologista pediátrico do HC/UFMG e membro do Comitê de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, Cássio Ibiapina conta que o número de internações no hospital é preocupante. “Mas não é uma particularidade nossa. Sabemos que a rede privada e também outros hospitais têm recebido uma quantidade maior de pacientes com esse tipo de problema”, diz, acrescentando que um dos motivos para o quadro pode ser a automedicação. “Muitas vezes, o óleo é usado para hidratação da pele, mas sempre há aquele parente que o indica para a prisão de ventre. E é aí que mora o perigo”, alerta.
Quando um recém-nascido é forçado a tomar o líquido, em vez de o produto ir para o esôfago e o estômago, cai direto no pulmão. “Por ter um sabor ruim, a criança engasga e aspira o óleo. Ele vai para o pulmão e, como não é eliminado naturalmente, vem a pneumonia”, explica o médico. Foi o que ocorreu com o filho de Alessandra Mendes Baião Andrade no início do ano. Mãe dos gêmeos Caio e Douglas, 5 meses, Alessandra, ao ver que os dois meninos há dois dias não evacuavam, procurou o posto de saúde perto de casa, mas, como os funcionários estavam em greve, resolveu ir a uma farmácia. “Lá, me disseram para dar-lhes o óleo. Foi o que fiz. Douglas tomou sem nenhum problema, mas, quando fui dar a dose ao Caio, ele engasgou e ficou sem ar. Tossia muito. Fiquei desesperada e bati sem parar nas costas dele e o óleo não voltou. Como ele foi ficando mole nos meus braços, levei-o para o hospital”, recorda.
Diagnosticado como caso grave de pneumonia lipoídica, com o líquido espalhado por todo o pulmão, Caio foi transferido às pressas para o HC/UFMG. “No caminho, tive medo de ele não aguentar. Foi internado no CTI em 17 de março e só saiu de lá em 20 de abril. Os médicos chegaram a dizer que ele só iria sobreviver por milagre”, lembra a mãe do bebê. Caio sobreviveu e Alessandra garante que nunca mais quer saber do óleo, que quase lhe levou o filho.
Esse “nunca mais” também deveria ser adotado pela rede de saúde de todo o país, sustenta o presidente da unidade mineira da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva e chefe do Serviço de Endoscopia do Hospital João Paulo II da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Paulo Bittencourt. De acordo com ele, o óleo mineral não poderia jamais estar sendo vendido como ocorre hoje. “Esse produto deveria ser proibido. Hoje em dia, há muitos outros medicamentos que ajudam o funcionamento do intestino”, diz, ressaltando que, ao fazer a broncoscopia, os médicos não conseguem remover todo o óleo do pulmão.
“As células macrófagos do pulmão, como não conseguem destruir esse corpo estranho, acabam absorvendo as gotículas”, explica, acrescentando que quem ingere o óleo poderá ter problemas crônicos de respiração para o resto da vida. “Apesar de em menor grau, o risco de ingerir a dose é não só para recém-nascidos; adultos e idosos também podem ser vítimas.”
Médicos
A culpa pela procura da dose perigosa não é só do cidadão leigo. De acordo com Paulo Bittencourt, muitos médicos prescrevem o líquido, sem saber que podem estar colocando em risco a vida de um bebê. “Na maioria das vezes, é por indicação médica que as pessoas compram o óleo. E isso nos deixa ainda mais alertas”, afirma. Segundo Cássio Ibiapina, até mesmo pediatras desconhecem a nocividade do medicamento.
O farmacêutico Hairton Ayres diz que a procura pelo óleo, cujo valor gira em torno de R$ 5, é grande e, muitas vezes, quem compra tem nas mãos a prescrição médica. “O uso do líquido é um hábito de antigamente.
Ninguém imaginava que um produto aparentemente inofensivo fosse perigoso. Desde 2001, a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta a todos sobre o risco”, conta, dizendo que o papel do farmacêutico é o de avisar aqueles que procuram a substância. “Muitas mães chegam aqui e, preocupadas com o intestino da criança, acabam levando qualquer laxante.
Algumas com prescrição médica. Orientamos a mudar a alimentação, fazer massagens no bebê e movimentos com a perna. Até sete dias sem evacuar é algo normal”, diz.
Fonte Correio Braziliense
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