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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Você já tentou trabalhar com enxaqueca?

Para o representante da CPH Health, as empresas de saúde precisam saber como anda a saúde dos seus colaboradores

Com o crescimento econômico brasileiro verificado nos últimos anos, passamos a enfrentar um problema até então desconhecido pelas empresas: a falta de pessoal qualificado. Enquanto muitos debatem soluções para esse mal, que diz respeito essencialmente ao baixo investimento em educação no país, muitos ignoram que vários talentos que atuam em milhares de empresas pelo Brasil afora não estão sendo produtivos por razões tão banais quanto uma enxaqueca.

Se gastos com energia elétrica, alimentação, folha de pagamento ou manutenção podem ser facilmente mensuráveis, as perdas decorrentes da baixa produtividade de empregados doentes, afetados por enxaquecas, dores nas costas, problemas respiratórios ou depressão, ainda são pouco entendidas pelas áreas de Recursos Humanos das empresas.

Segundo pesquisas da CPH Health, os problemas de saúde da maioria dos empregados que trabalham doentes podem começar, por exemplo, com uma alimentação precária: mais de 75% de 194.000 colaboradores de 200 empresas pesquisadas revelam que não se alimentam adequadamente pela manhã, o que pode ter implicações de saúde as mais variadas.

A má alimentação, o recurso frequente a sanduíches, bem como o sedentarismo, vão explicar outra estatística preocupante: mais de 45% dos empregados dessas empresas têm excesso de peso, o que pode levar a problemas cardíacos e respiratórios, que afetam o desempenho no trabalho.

Embora seja um problema clinicamente mais fácil e barato de resolver, a enxaqueca afeta mais de 15% dos colaboradores ouvidos nessa pesquisa, evidenciando que mesmo doenças de fácil resolução terminam por afetar o modo como as pessoas trabalham e produzem. Seja em que situação for, trabalhar com enxaqueca reduz drasticamente a produtividade. Para profissionais que atuam em áreas criativas, por exemplo, como produção de conteúdo, a enxaqueca pode afetar a produtividade em 100%. E, ainda assim, as empresas parecem prestar pouca atenção ao quadro de saúde de seus empregados.

Esse quadro se torna ainda mais grave para as empresas quando o empregado vai trabalhar, mas não consegue ser produtivo, produzindo o fenômeno conhecido como “presenteísmo”, ou seja, a pessoa está presente no trabalho, mas sua produtividade está comprometida por problemas de saúde desconhecidos.

Compreender como anda a saúde da força de trabalho é o primeiro passo para que as empresas possam pensar programas de saúde que ajudem os empregados a alcançar uma melhor qualidade de vida. No entanto, nenhuma área de RH terá sucesso nesse levantamento, uma vez que ele pode, facilmente, ultrapassar a fronteira da privacidade. Que empregado que toma antidepressivos manifestaria isso abertamente à área de RH? Poucos. E eles têm boas razões para isso.

Por essa razão, levantamentos sobre o quadro da saúde dos empregados precisam ser feitos por empresas especializadas e idôneas, que vão garantir a confidencialidade das informações. Para as empresas, mais do que saber se este ou aquele empregado tem este ou aquele distúrbio, o importante mesmo é conhecer o quadro geral da saúde de sua força de trabalho e agir para melhorá-lo por meio de programas de saúde focados na solução dos problemas encontrados.

O Brasil ainda engatinha nesse trabalho de mapeamento da saúde e, por essa razão, a maioria das empresas perde excelentes oportunidades de estancar custos com saúde. Para aqueles que duvidam que problemas de saúde afetam a produtividade, faço sempre a mesma pergunta: você já tentou trabalhar com uma enxaqueca?

(*) Ricardo De Marchi é médico e profissional de Saúde Corporativa da CPH Health.

Fonte SaudeWeb

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