Órgãos teriam sido comercializados por cerca de R$10 mil e transplantados para pacientes israelenses, em hospital da África do Sul
Cirurgiões do hospital St Augustine, de Durban, África do Sul, foram acusados de realizar transplantes ilegais de rins. As denúncias se referem a 109 operações feitas no hospital, entre 2001 e 2003, em que pessoas de baixa renda – principalmente brasileiros – eram pagos para doar seus rins a pacientes israelenses.
Segundo o jornal local The Mercury, pelo menos duas mulheres morreram após as cirurgias. O grupo Netcare, dono do hospital, teria faturado mais de 22 milhões de Randes, que equivale a cerca de R$ 5 milhões, diz o periódico.
Documentos que atestavam a relação de parentesco entre doadores e receptores, requisito na lei sul-africana, teriam sido fraudados, informa a imprensa local.
Segundo testemunhas, os receptores pagavam um valor superior a R$ 330 mil por rim, e os doadores brasileiros recebiam R$ 10 mil, enquanto os israelenses ganhavam mais de R$ 34 mil por órgão.
“Era um segredo aberto”, informou uma fonte ao The Mercury. “Os hispânicos tinham um tradutor de espanhol e assistiam televisão em espanhol, enquanto os israelenses falavam em hebraico e também tinham seu tradutor. Nenhum envolvido pode dizer que ignorava o esquema de ‘rins por dinheiro”.”
O Netcare enfrenta 11 acusações, incluindo falsificação, lesão corporal grave e formação de quadrilha. A primeira audiência do caso está marcada para novembro, com participação de testemunhas do Brasil e de Israel.
Dependendo do resultado do julgamento, o caso deve ser levado também à Cidade do Cabo e a Johannesburgo, onde transplantes similares também teriam ocorrido.
O Esquema
A Promotoria afirma que o CEO da Netcare, Richard Friedland, sabia dos transplantes ilegais, mas permitiu que eles continuassem.
A Promotoria afirma que o CEO da Netcare, Richard Friedland, sabia dos transplantes ilegais, mas permitiu que eles continuassem.
A denúncia é de que a então coordenadora de transplantes da Netcare, Belinda Rossi, teria viajado a Israel em 2001 para sondar a possibilidade de realizar transplantes em israelenses nos hospitais do grupo.
Os doadores de rins teriam sido primeiramente recrutados de Israel, mas posteriormente, romenos e brasileiros foram convidados a fazer doações por um preço mais baixo. Tanto doadores quanto recipientes teriam assinado documentos falsos declarando ser parentes.
Outro Lado
A Netcare divulgou nota em que afirma ter auxiliado a Justiça em todas as fases da investigação, mas que nem o grupo nem Friedland são culpados das acusações.
A nota diz ainda que o Conselho da empresa “está confiante de que tanto a Netcare quanto o Dr Friedland vão conseguir derrotar as acusações que foram feitas contra eles e que Dr. Friedland continuará a desempenhar suas funções como CEO da Netcare com o mesmo empenho, distinção e dignidade pelos quais ele é bem conhecido”.
Fonte SaudeWeb
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