Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Empresa holandesa recicla implantes de metal retirados de corpos cremados

cremacao metais 700x525
OrthoMetals
Parte da renda obtida com a reciclagem volta para os crematórios e é utilizada para financiar causas beneficentes, como pesquisas sobre o câncer ou a manutenção de bibliotecas escolares
Material é derretido e usado para fabricar carros, aviões e até turbinas eólicas

Com o aumento na longevidade da população e o progresso de tecnologias associadas à medicina, mais e mais pessoas estão recebendo implantes cirúrgicos antes de morrer.

Também há cada vez mais pessoas sendo cremadas, o que resulta em um aumento na quantidade de metais caros presentes entre as cinzas após a cremação. Para onde vai tudo isso?

Quem responde é Ruud Verberne, cofundador da OrthoMetals, uma empresa que recicla implantes de metal de corpos humanos cremados. Tudo, de pinos de aço a quadris de titânio e joelhos de cromo.

- Você diz às pessoas o que faz para viver e elas pensam: Que estranho! Alguns metais podem ser separados [das cinzas] com o uso de imãs. O resto tem de ser feito manualmente.

Estranho - e, para alguns, até macabro -, mas esse filão da indústria de reciclagem está em crescimento.

- Sei da existência de cinco ou seis concorrentes, a maioria deles nos Estados Unidos.

A companhia tem sede na cidade holandesa de Zwolle.

- Mas fomos os primeiros.

Verbenne trabalhou muitos anos fazendo reciclagem de alumínio. Em 1987, conheceu Jan Gabriels, um cirurgião ortopédico. O médico lhe perguntou o que acontecia aos implantes de metal que colocava nos pacientes após eles morrerem.

Verbenne não fazia ideia mas depois de algumas investigações, descobriu que os artefatos eram jogados fora.

- Eles eram simplesmente enterrados.

O valor de implantes recolhidos de um crematório é uma pequena porcentagem do seu valor antes da cirurgia, mas eles são feitos de metais de boa qualidade que vale a pena reciclar.

- A operação para reposição de um quadril pode custar cerca de US$ 8 mil [R$ 13.700]. Mas o valor do material usado é talvez, por kilo, cerca de US$ 16 [R$ 27,40]. E um kilo equivale a cinco quadris!

Em 1997, Gabriels e Verberne fundaram a OrthoMetals. Hoje, 15 anos mais tarde, a empresa recicla anualmente mais de 250 toneladas de metal proveniente de crematórios. O material é usado para fabricar carros, aviões e até turbinas eólicas.

A companhia recolhe os implantes de metal gratuitamente. Existe um cuidado especial para assegurar que o produto é derretido e não simplesmente reutilizado.

Causa nobre
Após a dedução dos custos, entre 70% e 75% da renda é devolvida aos crematórios. A ideia é que o dinheiro seja empregado em projetos beneficentes.

- Na Grã-Bretanha, por exemplo, pedimos cartas das entidades que receberam dinheiro da organização com que trabalhamos no país e vemos que a quantia que transferimos foi destinada à caridade. É um tipo de sistema de controle que temos.

Henry Keizer administra um fundo beneficente batizado em memória de um holandês cremado em 1913 - Dr Vaillant.

Ele disse que o fundo ajudou crematórios holandeses a distribuir dinheiro recebido da OrthoMetals para auxiliar causas diversas, como pesquisas sobre o câncer ou a manutenção de bibliotecas escolares.

- Eu acho que a reciclagem de implantes e de articulações artificiais é uma ideia excelente. Agora nós vamos usá-los para bons propósitos, para fundos e para pessoas que fazem atividades sociais que são extremamente importantes.

Michael Donohue, diretor de uma casa funerária no Estado americano da Pensilvânia, encontrou a OrthoMetals por meio de uma busca no Google, quando a sua empresa construiu recentemente o seu forno crematório.

- Antes que nós realmente começássemos a operar, o nosso maior dilema era: o que vamos fazer com os restos de metal deixados no fim do processo?

Agora, os implantes cirúrgicos recuperados vão para a Holanda para serem reciclados.

Donohue diz que sua equipe é franca com os familiares dos mortos sobre isso.

- Nós somos honestos com eles, e dizemos que qualquer dinheiro que nos é dado vai para organizações locais, e eles adoram saber que algo de seus entes queridos está sendo bem aproveitado.

Relativamente poucas pessoas são cremadas nos EUA, pelos padrões internacionais - a percentagem atualmente está em 40%, embora a tendência seja de alta e haja algumas grandes variações geográficas.

Números recentes mostram Havaí e Nevada perto de 70%, mas o Mississipi tem menos de 10% de cremações. Isso pode ser uma marca de status sócio-econômico, diz Verberne. As estatísticas tendem a mostrar as pessoas mais pobres preferindo enterros.

Na Holanda, terra natal de Verberne, cerca de 57% dos corpos são cremados. A Grã-Bretanha é o maior cremador da Europa, com 73%. E desde que a Igreja Católica flexibilizou a sua oposição à cremação, a empresa cresceu em países como Itália e Espanha. No total, a OrthoMetals opera em 15 países.

Verberne tem algumas ideias sobre por que os índices de cremação estão crescendo em muitas partes do mundo.

- Duas razões são espaço e custo.

Um enterro tradicional pode custar quatro vezes mais que uma cremação. E em relação ao espaço, uma pesquisa mostra que 750 enterros ocupam até um acre (cerca de 4.000 m2) de terra.

Verberne também identifica algumas mudanças culturais.

- Tempos atrás, a família visitaria um túmulo para ver o papai ou a mamãe. Hoje, eles espalham as cinzas e estão livres. Eles não querem obrigações.

Verberne não tem implantes metálicos, mas ele aponta para a mulher de seu sócio, que está ajudando a separar pedaços de metal na usina de reciclagem.

- Ela tem duas próteses de titânio no quadril. E uma vez perguntaram a ela: Não é estranho que você saiba que, um dia, seus quadris vão passar por essa esteira? Ela disse: Não, isso é só parte da vida. Você vai morrer, e eu sei que reutilizar metais é uma coisa muito boa, então não tem nenhum problema: O quadril da minha mãe estava aqui também.

Fonte R7

Nenhum comentário:

Postar um comentário