Recentemente foi publicado, pela Associação Médica Americana (AMA, 2012), um artigo que orienta detalhadamente os médicos associados sobre como avaliar e negociar as emergentes opções de remuneração de seus serviços (http://www.ama-assn.org/resources/doc/psa/payment-options.pdf).
Este artigo é, literamente, um manual para orientar aos médicos que estão considerando a transição do modelo de remuneração tradicional, o fee-for-service, para o modelos de remuneração baseado em risco, tais como: capitação, pagamentos por performance, pagamentos pos episódios, pagamentos por orçamentos e pagamentos por “pacotes” (chamados “bundle payments”), que é a forte realidade, não mais tendência, da reforma do modelo americano.
Chama a atenção a forte orientação que é dada aos médicos em como entender o seu “negócio” saúde para poder negociar, com menor assimetria de informações, com a fonte pagadora. As definições, riscos e oportunidades de cada modelo de remuneração são comentadas permitindo que os profissionais mitiguem seus riscos quando adentrar num modelo diferente ao tradicional.
Há cinco anos tive a oportunidade de assistir a um discurso da então presidente da AMA num evento sobre Pagamento por Performance nos Estados Unidos. Ele fez uma forte crítica a este modelo. Mesmo nos EUA, onde a medicina não é socializada, existia resistência da classe médica ao modelo, que na época, se discutia como grande tendência, mas com experiências práticas isoladas.
Hoje a realidade mudou, a tendência passou a ser uma realidade determinada pelo governo americano. Obviamente que ainda existem esistências e ceticismo, ma a reforma da remuneração passa a ser tratada como um fato que a classe médica precisa entender quase tão bem quanto a sua prática clínica. Assim, a Associação Médica passa a ter uma função de orientadora e não de incitar a classe com movimentos políticos e “ideologistas” que mais prejudicam do que ajudam a qualidade da assistência à saúde.
Gostaria muito que esta lição fosse aprendida pela nossa classe médica no Brasil, onde tivéssemos uma Associação Médica que orientasse aos médicos de forma clara, respaldada cientificamente e com muitos aspectos práticos em como lidar com esta tendência.
Acredito que não existem mais dúvidas que haverá uma reforma no sistema de remuneração médica no Brasil. A meu ver é só uma questão de tempo. O desafio está em como fazer isso de forma adequada, numa relação onde todos ganham e não apenas uma parte, mas que principalmente, beneficie o paciente que deve estar no centro destas discussões.
Fonte SaudeWeb
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