Precisamos resolver nossas contradições.
ObesidadeSomos um país com excesso de peso. Quase obeso. Foi o resultado da pesquisa Vigitel feita pelo Ministério da Saúde.
Já o nosso estereótipo é o de país do futebol. Além disso, a população está mais longeva e deseja mais qualidade de vida. E há muitos jovens sedentários.
Não temos um plano nacional, estadual nem municipal de atividade física.
A missão mais importante do ministério do Esporte e das secretarias estaduais e municipais é promover atividade física sistemática. Não é cuidar de Copa, de Olimpíada. Para isso, existem organizações do esporte, como a CBF e o COB, além da iniciativa privada, que sabe ir atrás do que dá lucro.
Nesses eventos, o papel mais relevante do Estado (União, estados e municípios) é regular, fiscalizar e impor metas e contrapartidas para os financiamentos públicos. Em geral, feitos com debilidade.
Quando precisa cobrar deveres desses protagonistas, o poder público sai pela tangente, com a velha desculpa, já derrubada por parecer do Supremo Tribunal Federal, de que não pode intervir em entidades privadas.
Conforme o caso e as circunstâncias, pode sim.
Contudo, a atividade prioritária de quem gerencia o esporte é fazer com que a população se mexa: através de programas de incentivo, da construção de parques e áreas verdes, da implantação de equipamentos.
Nenhum distrito de nenhuma cidade, São Paulo inclusa, poderia prescindir de pelo menos uma praça com uma pista para caminhadas, uma quadra poliesportiva simples e um parque para crianças. Baratos e factíveis sem dificuldades. Não custaria nada ter nessas praças formandos de educação física ganhando como estagiários e orientando as pessoas.
Nem se faz a lição de casa da Copa direito nem se promove atividade física básica. Caímos de boca na obesidade.
Mobilidade
Toda vez que se quer estimular crescimento, um dos primeiros beneficiários do corte de impostos é a indústria automobilística. Enquanto cada quilômetro de metrô tem 40% do custo constituído por tributos. Melhor desonerar a cadeia produtora de transporte público de massa do que estimular mais carros nas ruas. Mais trânsito e poluição.
Toda vez que se quer estimular crescimento, um dos primeiros beneficiários do corte de impostos é a indústria automobilística. Enquanto cada quilômetro de metrô tem 40% do custo constituído por tributos. Melhor desonerar a cadeia produtora de transporte público de massa do que estimular mais carros nas ruas. Mais trânsito e poluição.
Corretamente, se faz estudos aprofundados de impacto ambiental para construir metrô, porém não se exige qualquer estudo para colocarmos cerca de 700 veículos novos por dia em São Paulo; parte movida a diesel.
Queremos mais carros ou transporte coletivo?
Lei seca
Parece que todos querem o fim da impunidade dos motoristas alcoolizados que provocam acidentes fatais. No entanto, redigem-se leis cujo texto impede o enquadramento desses motoristas. Porque se tem a vocação de ir aos detalhes, de se querer pormenorizar tudo, de tal forma, que uma advocacia eficiente livra facilmente o infrator.
E daí?
Queremos ou não queremos resolver nossos problemas? Eis a questão. O Brasil como ele é, as cidades como elas são, se contrapõem ao que desejamos.
É um paradoxo brasileiro.
Algo está errado e precisamos mudar. Enquanto enxergarmos no poder público o único responsável pelas mudanças, avançaremos lentamente. Alterar essas incoerências que nos pegam de frente é uma questão de atitude.
Se a maioria da sociedade exercer uma determinada atitude, não haverá poder público qualquer que resista e não se enquadre.
Por conta da indignação geral a Câmara acaba de corrigir o erro na Lei Seca.
Obesidade, mobilidade, despoluição e respeito à vida dependem de nós.
Fonte Folhaonline
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