Estudo sugere que o processo de ativação do receptor APJ utilizado por muitos medicamentos pode ser prejudicial em alguns casos
Na busca por novos tratamentos contra doenças cardiovasculares, pesquisadores e empresas farmacêuticas há muito tempo têm como alvo terapêutico a ativação de uma proteína cardíaca denominada APJ. Agora cientistas do Estados Unidos anunciam a descoberta de uma segunda função da proteína. Ela é capaz de detectar mudanças mecânicas quando o coração está em perigo e colocar o corpo em estado de insuficiência cardíaca. É o que aponta estudo conduzido em parceria por pesquisadores da Sanford-Burnham e Stanford University. Descoberta significa que a ativação APJ pode ser prejudicial em alguns casos, ou seja, que algumas drogas disponíveis no mercado podem piorar o estado de pacientes ao invés de tratá-los.
"Apenas encontrar uma molécula que ativa o APJ não é o suficiente. O que é importante para a insuficiência cardíaca não é se esse receptor está ativado ou desativado, mas a forma como está ativado", diz a líder doestudo Pilar Ruiz-Lozano.
APJ é um receptor que fica na superfície da célula em vários órgãos, de onde detecta o ambiente externo. Quando um hormônio chamado apelina vem e se liga ao APJ, ele dispara uma reação molecular em cadeia que influencia uma série de funções celulares. Muitos estudos anteriores demonstraram que a atividade da apelina-APJ dirige processos benéficos como o desenvolvimento embrionário do coração, a manutenção da pressão arterial normal e a formação de novos vasos sanguíneos.
No entanto, de acordo com o presente estudo de Ruiz-Lozano, o APJ também pode ser ativado de uma segunda, e prejudicial, forma que não envolve a apelina. Neste caminho, os receptores APJ detectam e respondem às mudanças mecânicas no coração.
"Para compreender melhor essas mudanças mecânicas, vamos olhar para uma pessoa com pressão arterial elevada. Neste caso, o coração tem de trabalhar mais para bombear a mesma quantidade de sangue com a mesma taxa de uma pessoa saudável. Para atender à crescente demanda, as células musculares cardíacas individuais começar a fazer mais proteínas, fazendo com que elas se tornem maiores. Eventualmente, as membranas celulares se esticam e cada célula então começa a se afastar de sua vizinha. Isso leva a uma condição conhecida como hipertrofia, que pode levar a insuficiência cardíaca", exemplifica Ruiz-Lozano.
A melhor maneira de determinar o papel que uma proteína desempenha em um determinado processo celular é ver o que acontece quando ele está em falta. Para fazer isso, a equipe de Ruiz-Lozano utilizou ratos com deficiência de APJ
Em condições cotidianas, as cobaias com deficiência de APJ apresentaram comportamento perfeitamente normal. No entanto, ao contrário do grupo controle, os ratos sem a proteína não podiam sentir o perigo quando seus corações hipertrofiaram. Como resultado, os ratinhos foram realmente mais saudáveis sem APJ, nenhum deles sucumbiu à insuficiência cardíaca.
"Em outras palavras, sem APJ o coração não sente o perigo e por isso não ativa as vias hipertróficas que levam à insuficiência cardíaca", diz Ruiz-Lozano. "Isso nos diz que, dependendo de como é feita, a ativação do APJ pode piorar a situação para os pacientes com doenças cardíacas."
Fonte isaude.net
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