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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Como funciona o cigarro eletrônico

Cigarros eletrônicos, também chamados de e-cigarros, e-cigs, e-cigarettes, são um método alternativo de consumo de nicotina, substância química viciante presente no tabaco. Normalmente os e-cigarros têm a aparência dos cigarros convencionais, mas não contêm tabaco e não precisam de um fósforo - nem de isqueiro, ou qualquer outro tipo de chama.

O e-cigarro é um dispositivo alimentado por bateria que converte a nicotina líquida em vapor, que o usuário inala. Não há fogo, cinzas nem cheiro de fumaça. Os cigarros eletrônicos não contêm outras substâncias químicas nocivas normalmente associadas ao tabaco, tais como alcatrão e dióxido de carbono.

Segundo os fabricantes do e-cigarro o produto é uma alternativa mais saudável aos cigarros feitos de tabaco, cujo consumo provoca milhões de mortes por ano. Consumidores afirmam que os cigarros eletrônicos ajudam a diminuir a "tosse de fumante", apuram o paladar e o olfato e até melhoram o sono.

O farmacêutico chinês Hon Lik inventou o e-cigarro e patenteou o produto em 2003, lançando-o no mercado chinês em 2004. Atualmente várias empresas vendem cigarros eletrônicos em várias partes do mundo. Essa popularização foi acompanhada por dúvidas em relação a sua segurança - por exemplo, há a suspeita de emissão de produtos nocivos no vapor do e-cigarro.

No Brasil é proibida a venda - assim como a publicidade - do cigarro eletrônico. A decisão foi tomada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 28 de agosto de 2009, com base na "inexistência de dados científicos que comprovem a eficiência, a eficácia e a segurança no uso e manuseio de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarro eletrônico".

O cigarro eletrônico é uma escolha mais limpa e saudável para os fumantes ou é um dispositivo perigoso, com riscos ocultos? Há fundamentos nos dois pontos de vista, mas na próxima página vamos começar pelo básico: como o e-cigarro funciona - e por que é popular.
 
O e-cigarro por dentroPor dentro do cigarro eletrônico
Ao ser aceso um cigarro convencional provoca a queima do tabaco, que libera fumaça contendo nicotina. Quando o fumante respira a fumaça a nicotina atinge os pulmões. No e-cigarro não há combustão - o aparelho aquece a nicotina líquida, convertendo-a em vapor, que é inalado pelo fumante. Em alguns modelos do cigarro eletrônico basta o usuário fazer sucção para que a vaporização comece, enquanto em outros é necessário apertar um botão.

São estas as três partes do e-cigarro:
•bateria recarregável de íons de lítio

•câmara de vaporização

•cartucho

A bateria de lítio alimenta o cigarro eletrônico e pode ser carregada por um carregador semelhante ao de celulares. A bateria aciona a câmara de vaporização, que é um tubo oco equipado com controles eletrônicos e um atomizador - o componente que cria o vapor. O cartucho contendo nicotina líquida é substituível e é encaixado na câmara de vaporização. A ponta do cartucho é a embocadura do cigarro eletrônico.

Os usuários dos e-cigarros inalam da mesma forma que fariam com um cigarro tradicional. A inalação faz o atomizador aquecer e converter em vapor o líquido contido no cartucho. O vapor inalado passa pela embocadura e chega aos pulmões. A exalação libera vapor, com aparência semelhante à fumaça de um cigarro comum.

Adeptos dos cigarros eletrônicos dizem sentir muitas das experiências dos fumantes de tabaco, tais como segurar o cigarro, inalar e exalar. Muitos e-cigarros têm na ponta um LED que se acende quando quando o e-fumante inala, para simular a chama.

O "suco de fumaça" - o líquido contido no cartucho - normalmente é propilenoglicol, um aditivo químico aprovado para uso alimentar. As máquinas de nevoeiro, ou geradores de fumaça, usadas em shows, também usam propilenoglicol. Nos e-cigarros normalmente há flavorizantes para dar sabor ao líquido. Entre as opções há tabaco, mentol, menta, chocolate, café, mação, cerejas e caramelo.

Nos países em que são permitidos, os cigarros eletrônicos são vendidos em lojas de varejo e - cada vez mais - em lojas online. Há diversos modelos e marcas. Alguns e-cigarros imitam cigarros comuns, mas há também aparelhos com formato de charuto, cachimbo e até de caneta. Os preços (em outubro de 2011) vão de US$ 40 a US$ 120 para um conjunto contendo o cigarro eletrônico, um carregador para a bateria e alguns cartuchos. Cada cartucho dura o equivalente a um maço com 20 cigarros e custa US$ 10 nos EUA. Também é possível recarregar os cartuchos, comprando o líquido, o que diminui o custo de fumar cigarros eletrônicos - podendo deixá-los mais baratos que os cigarros de tabaco.

Então os cigarros eletrônicos têm custo e sensações semelhantes aos dos cigarros convencionais, mas são seguros? Para alguns especialistas em saúde é preocupante que os e-cigarros sejam anunciados como alternativa mais saudável ao tabaco. Antes de trocar seu maço de cigarros pelo aparelhinho, leia a próxima página para conhecer os potenciais riscos associados à novidade.

Os riscos do e-cigarro
Especialistas em saúde temem que os fabricantes de cigarros eletrônicos não divulguem a lista completa de produtos químicos contidos nos cartuchos, impedindo os consumidores de saber exatamente o que estão inalando. Também não há muitas informações sobre os efeitos em curto ou longo prazo da exposição ao vapor de nicotina.

O FDA, órgão americano de controle de remédios e alimentos, fez um breve estudo em 2009 para analisar cartuchos de nicotina de dois fabricantes. Os resultados mostraram que o teor de nicotina liberado ao fumar nem sempre era o mesmo indicado no rótulo. A análise indicou também que alguns cartuchos vendidos como livres de nicotina continham a substância. E componentes cancerígenos presentes no tabaco foram identificados também em alguns cartuchos dos cigarros eletrônicos, ao lado de outras toxinas - uma delas, o dietilenoglicol, produto químico tóxico usado em aditivos de radiadores [fonte: FDA].

Apesar dessas conclusões, fabricantes de cigarros eletrônicos alegam que seus produtos têm o potencial de melhorar a saúde e a vida de pessoas viciadas em nicotina. Só que muitos especialistas em saúde consideram que os produtores de e-cigarros não têm pesquisas que embasem suas alegações. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, afirma que não há evidência que demonstre que os cigarros eletrônicos sejam seguros.

Especialistas em saúde também são contra os fabricantes de cigarros eletrônicos anunciarem seus produtos como forma de parar de fumar. Produtos de terapia de substituição de nicotina, como os adesivos ou chiclés de nicotina, foram submetidos a testes de segurança e de eficácia como auxiliares no parar de fumar. Não acontece o mesmo com os e-cigarros. Para especialistas, as alegações dos fabricantes - e a propaganda boca a boca - podem convencer fumantes a usar cigarros eletrônicos como forma de parar de fumar, em vez de apelar a um método de eficácia comprovada.

E há o risco de não-fumantes se sentirem atraídos pela novidade, ou pela aparente segurança dos e-cigarros, e começarem a fumar, daí se tornando viciados em nicotina. Isso é especialmente importante em relação a consumidores mais jovens, suscetíveis aos sabores parecidos com os de balas e doces. E pessoas mais jovens podem comprar online os cigarros eletrônicos, porque a maioria das empresas não checa nem confirma a idade dos compradores via Internet.

Talvez os e-cigarros ajudem fumantes a evitar muitos dos riscos de fumar tabaco, mas ainda fornecem aos usuários doses de uma substância viciante. Agências de controle estão quebrando a cabeça para classificar os cigarros eletrônicos e criar os controles adequados. Se continuarem a se popularizar, os e-cigarros podem se tornar comuns em restaurantes, cinemas, escritórios e outras instalações. Isso seria bom ou ruim? Na próxima página analisaremos alguns pontos essenciais dos e-cigarros em relação à saúde, segurança e liberdade pessoal.

Problemas na regulamentação do e-cigarro
Uma das questões em relação à regulamentação dos cigarros eletrônicos é como classificá-los. Eles são parecidos o bastante com cigarros convencionais para ser tratados como eles? Ou eles não são cigarros de maneira nenhuma, e sim mecanismos de aplicação de medicamentos, como adesivos e chiclés de nicotina? Como eles não se encaixam facilmente em nenhuma categoria talvez seja necessário criar uma nova regulamentação.

Muitas pessoas querem saber se podem usar os cigarros eletrônicos em lugares em que há restrições ao fumo (de tabaco). Fabricantes dos e-cigarros afirmam que o vapor emitido não tem odor desagradável nem representa risco à saúde, o que deveria tornar seu uso livre em qualquer lugar.

Oponentes do e-cigarro dizem que permitir que se use o produto em qualquer lugar pode desencorajar as pessoas a diminuir ou eliminar o fumo, por tornar mais fácil - e socialmente aceitável - conseguir uma dose de nicotina. Incômodos como ficar na chuva, ou no frio do inverno, para fumar, podem contribuir para parar de fumar. E até que se prove cientificamente que o vapor emitido pelos e-cigarros é seguro, não se podem descartar efeitos nocivos da inalação passiva.

As normas sobre os cigarros eletrônicos variam de um país para outro. Além do Brasil, a Austrália, o Canadá e Hong Kong vetam a publicidade e e venda do e-cigarro. No Reino Unido, os e-cigarros anunciados como auxílio para parar de fumar têm que ser licenciados como remédios e são sujeitos à mesma regulamentação, mas seu uso como método alternativo de fumo recreativo não é sujeito a restrições. Nos EUA a FDA confiscou carregamentos de cigarros eletrônicos importados, argumentando que eles eram mecanismos de aplicação de remédios sem regulamentação. Dois fabricantes de e-cigarros entraram com ações na Justiça contra a FDA - e ganharam [fonte: U.S. District Court for District of Columbia].

A regulamentação vai continuar a avançar, acompanhando a popularização dos cigarros eletrônicos e a obtenção de informações confiáveis sobre eles. Enquanto isso, pessoas ao redor do mundo fumam sem fumaça.
 
Fontes
•Demick, Barbara. "A High-Tech Approach to Getting a Nicotine Fix." Los Angeles Times. 25 de abril 25, 2009 (recuperado em 20 de outubro de 2011) a http://articles.latimes.com/2009/apr/25/world/fg-china-cigarettes25
•Felberbaum, Michael. "E-smokes gaining steam amid calls for a ban." Associated Press. 1º de setembro de 2010. (recuperado em 20 de outubro de 2011) http://www.msnbc.msn.com/id/38954742/ns/health-addictions/
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•Kesmodel, David, and Yadron, Danny. "E-Cigarettes Spark New Smoking War." Wall Street Journal. Aug. 25, 2010. (recuperado em 3 de setembro de 2010) http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704557704575437710870116450.htm
•McLean, Mike. "A New Potential Market Lights Up." Journal of Business. 11 de fevereiro de 2010. (recuperado em 20 de outubro de 2011) http://findarticles.com/p/articles/mi_qa5289/is_20100211/ai_n50249105/?tag=content;col1
•Smoking Everywhere Inc. and Sottera Inc. d/b/a NJOY v. U.S. Food and Drug Administration, U.S. District Court for the District of Columbia. 14 de janeiro de 2010. (recuperado em 20 de outubro de 2011) https://ecf.dcd.uscourts.gov/cgi-bin/show_public_doc?2009cv0771-54
•Sorrel, Amy Lynn. "Judge: E-cigarettes not subject to FDA oversight as drug delivery device." American Medical Association. 15 de fevereiro de 2010. (recuperado em 3 de setembro de 2010) http://www.ama-assn.org/amednews/2010/02/15/gvl10215.htm
•U.S. Food and Drug Administration. "Electronic Cigarettes." Aug. 20, 2009. (Oct. 20, 2011) http://www.fda.gov/newsevents/publichealthfocus/ucm172906.htm
•World Health Organization. "Makers of electronic cigarettes should halt unproved therapy claims." 19 de setembro de 2009. (recuperado em 20 de outubro de 2011) http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2008/pr34/en/index.html
•World Health Organization. "Report on the scientific basis of tobacco product regulation: third report of a WHO study group." 2009. (recuperado em 20 de outubro de 2011) http://www.who.int/tobacco/global_interaction/tobreg/publications/tsr_955/en/
•Zezima, Kate. "Analysis Finds Toxic Substances in Electronic Cigarettes." TheNew York Times. 22 de julho de 2009. (recuperado em 20 de outubro de 2011) http://www.nytimes.com/2009/07/23/health/policy/23fda.html
Anvisa. Resolução-RDC Nº 46. Diário Oficial da União, 31 de agosto de 2009. http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=45&data=31/08/2009

Por WowStuffWorks

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