Pesquisa ouviu 2.002 pessoas de todas as regiões do País. Entre os fumantes, índice de alimentação ruim é ainda maior e chega a 81%
Brasileiros de todas as regiões do País, e de todas as classes sociais, negligenciam frutas e legumes da dieta e com isso colocam em risco a saúde cardíaca, revela pesquisa divulgada nesta terça-feira (9).
O estudo, feito pelo Ibope a pedido de uma indústria farmacêutica, ouviu 2.002 pessoas de todas as regiões e estratos econômicos.
Os dados apontam que, em geral, 76% dos estudados não comem a quantidade mínima de seis porções de alimentos in natura – preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o que aumenta a carga nociva ao sistema cardiovascular.
“Estamos perdendo a capacidade de comer frutas e vegetais e isso indica que estamos priorizando outros produtos (como carnes, laticínios e industrializados)”, afirma o médico nutrólogo, professor da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto, José Ernesto dos Santos.
A longo prazo, os resultados são mais infartos, acidentes vasculares cerebrais e aumento da taxa de colesterol inadequado e diabetes, as doenças que, não por coincidência, são as líderes de mortalidade no Brasil.
“O último garoto-propaganda que tivemos da alimentação saudável foi o Popeye, com a sua latinha de espinafre. De lá para cá, não há publicidade para enaltecer o tomate, a cenoura, o alface. Já os alimentos que fazem mal ao coração são amplamente divulgados”, completou Santos que estuda o impacto da dieta nas doenças cardiovasculares desde 1976.
Fumantes ainda pior
O mesmo levantamento indicou que 22% dos participantes da pesquisa são fumantes. Entre eles, a dieta inadequada é ainda mais presente e chega a 81% dos entrevistados, cinco pontos porcentuais a mais do que os não tabagistas. A explicação é de que a população já sabe quais são os hábitos de risco, mas ainda não conseguiu reverter a informação na prática.
Prova disso é que, apesar de sete em cada dez entrevistados não ter alimentação adequada, 87% dizem que se preocupam com o coração e estão dispostos a alterar a alimentação.
“É muito mais fácil mudar o conhecimento do que o comportamento. É nesta janela entre teoria e prática que nós precisamos atuar”, complementa o professor da USP.
“Óbvio que o fumante que tem uma dieta saudável corre menos risco do que aquele que fuma e ainda se alimenta mal. Quando há uma aglutinação de fatores nocivos, o coração é transformado em uma bomba-relógio."
Em declínio
A saúde cardíaca do brasileiro está em declínio, mostram dados do Ministério da Saúde. Há um aumento gradual de obesidade e a ciência mostra que as células gordurosas são os principais gatilhos de infarto.
Entre 2006 e 2011, 11 milhões de brasileiros entraram para as estatísticas de obesos mórbidos. Até os mais jovens ganharam peso e um levantamento feito pelo iG Saúde mostrou que isso fez crescer em 9% os casos de infarto entre os menores de 50 anos, idade considerada precoce.
Se os números da balança evidenciam a negligência com o peso, os índices que medem o colesterol não são sequer conhecido pelos brasileiros, mostra o mesmo estudo. Apesar desta informação também ser um marcador importante da saúde cardíaca, 73% dos entrevistados desconhecem os próprios índices.
Priorizar a alimentação rica em frutas e verduras também melhora os índices de colesterol.
Veja os alimentos que ajudam a diminuir as taxas nocivas do colesterol e, de quebra protegem o coração:
- Abacate: rico em ácido oleico, substância que protege contra o acúmulo de LDL (o colesterol ruim) e ajuda a manter as taxas de HDL no sangue.
- Alho: rico em uma substância chamada saponina, que reduz o colesterol ruim (LDL).
- Aveia: ela contém uma fibra que auxilia na redução do colesterol LDL. Consumir 3g dessa fibra pode reduzir em até 20% o colesterol total.
- Berinjela: ela contém (principalmente na casca) antocianinas, substâncias que reduzem colesterol total, frações e ainda os triglicérides.
- Cebola: além de reduzir o colesterol, ela tem ação anti-inflamatória, o que impede a formação de coágulos nos vasos sanguíneos.
- Cevada e outros grãos integrais: eles contêm bons níveis de fibras, selênio e beta-glucano, uma substância que ajuda a baixar o colesterol LDL, o mau colesterol.
- Chia: rica em fibras e ômega 3, uma dobradinha poderosa contra o colesterol.
- Feijão: rico em fibras solúveis, adicioná-lo à dieta proporciona reduções significativas do colesterol total e do LDL.
- Laranja, limão e outras frutas cítricas: são ricas em fibras solúveis e ainda contêm altas doses de vitamina C, uma dupla poderosa contra o colesterol alto
- Linhaça: fonte de ômega 3 e ácido linoleico, reduz o colesterol e a glicose no sangue.
- Maçã: ela é rica em fibras solúveis e contém altas doses de flavonoides e antioxidantes que reduzem o colesterol no sangue.
- Morango e frutas vermelhas: lotados de antioxidantes, que inibem a oxidação das partículas LDL (o colesterol ruim).
- Nozes em geral: ajudam na redução do colesterol porque são ricas em gorduras poli-insaturadas. Na circulação sanguínea, elas reduzem o LDL.
- Óleos vegetais de canola e girassol: são ricos em fitoesteróis, substâncias que barram a absorção de gordura da dieta, o que favorece a redução do colesterol.
- Peixes ricos em ômega 3 (salmão, atum, bacalhau, etc): essa substância auxilia no controle e na redução do colesterol e dos triglicérides.
- Quiabo: aqui, é a grande quantidade de fibras solúveis que ajuda a reduzir o colesterol no sangue.
- Quinua: além de alto teor de fibras, contém saponina, uma substância que reduz o colesterol produzido no fígado.
- Soja e derivados: rica em vitamina E, ela aumenta os níveis de HDL, o bom colesterol.
- Tomate: o licopeno presente nesta fruta não se limita a ajudar a prevenir o câncer de próstata, mas também reduz o colesterol na corrente sanguínea.
- Uva e suco de uva: aqui o dono do “milagre” se chama resveratrol, presente tanto na fruta quanto no suco integral dela.
Fonte iG
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