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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Neurologista fala sobre a hipnose

Usado em shows de entretenimento, método também pode ter finalidade terapêutica
 
Duas pessoas comuns ficam frente a frente. Uma delas, de meia idade, bem vestida, balança um objeto e dá alguns comandos com uma voz sussurrante. Pronto! Daqui em diante o outro come cebola achando que é maçã, masca alho pensando ser chiclete, imita galinha, fica mudo e até deixa que lhe atravessem agulhas no pescoço. Essa é uma visão bem popular do misterioso evento da hipnose. Crença, magia, teatro ou ciência?
 
Para o neurologista Leandro Teles, a hipnose é um fenômeno real e quantificável.
 
— É possível, sim, em alguns momentos, pessoas propensas a hipnose apresentarem percepção sensorial e vivências alternativas motivadas pela sugestão de um hipnotizador — diz o médico.
 
Porém, se a pessoa imagina as coisas durante a hipnose ou se ela realmente sente o que é proposto, é uma "dúvida milenar". Segundo Teles, estudos mais recentes relacionados à investigação das áreas cerebrais ativadas durante a hipnose mostram que, em alguns casos, ocorre ativação de regiões da percepção e não da criação. Isso sugere que o processo lembre mais alucinações perceptivas do que imaginação.
 
— Durante o transe, o hipnotizador conquista um canal de atenção sustentada e o hipnotizado abole ou altera algumas entradas sensoriais, tudo em prol da vivência proposta pela sessão — explica.
 
A maioria dos estudos mostra que pessoas em transe hipnótico têm um acesso mais amplo e detalhado a algumas recordações episódicas. O problema, conforme o neurologista, é que a indução por sugestão, por vezes, traz uma versão pouco confiável, onde o que a pessoa "acha que viu" ou "queria ter visto" surge como se realmente tivesse vivenciado.
 
— Em momentos de transe com atividade de "regressão temporal" a condução inadequada pode levar a falsas interpretações do passado e deixá-las com aquela sensação de familiaridade típica das lembranças — alerta Teles.
 
Em se tratando de regressão para vidas passadas, o neurologista considera uma questão de cunho religioso, mas, do ponto de vista estritamente científico, o acesso a esse tipo de recordação não é comprovado, ao menos até o momento. O médico esclarece que a capacidade de recordação episódica consciente toma corpo a partir de quatro anos de idade.
 
O especialista comenta, ainda, que existem pessoas mais e menos hipnotizáveis. Além disso, as pessoas precisam "querer", de alguma forma, mesmo que não conscientemente, ser hipnotizadas.
 
— Outro mito é achar que as pessoas ficam completamente na mão do hipnotizador, que cometeriam crimes ou fariam qualquer coisa no estado de transe. Na verdade, a crítica continua agindo em algum grau e geralmente interrompe o processo quando algo proposto fere os princípios éticos e morais do paciente — diz.
 
Ainda nesse quesito, muitos acham que, caso o hipnotizador passe mal, fuja ou mesmo morra durante o transe, o paciente possa ficar preso na hipnose. Isso não acontece, pois, cessado o estímulo por alguns minutos, o paciente sai do transe geralmente para o sono normal e acorda bem.
 
A hipnose pode ser usada com finalidade terapêutica para pacientes com dor crônica, anestesias breves, ansiedade, depressão, alcoolismo, tabagismo e mesmo outros abusos. Seu uso também é eficaz na investigação de crises de origem psíquica que mimetizam doenças como a epilepsia, uma vez que é possível desencadear uma crise e separar as patologias.
 
Fora do âmbito médico, o transe hipnótico é usado em shows de entretenimento e mesmo como vivências regressivas de cunho religioso ou não. Seja como for seu uso só é recomendado com a participação de profissionais habilitados, éticos e sob o consentimento esclarecido do paciente.
 
Fonte Zero Hora

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