O Hospital Sírio-Libanês inaugurou na segunda-feira (08) uma Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) dedicada exclusivamente ao tratamento da insuficiência
cardíaca. Por meio de uma parceria com o Ministério da Saúde, pacientes do
Sistema Único de Saúde (SUS) poderão ter acesso à terapia especializada. Além
disso, no local será feito treinamento de profissionais da saúde da rede
pública.
A Unidade Avançada de Insuficiência Cardíaca (Uaic) firmou parceria com 14
hospitais do Estado de São Paulo ligados ao SUS, entre eles o Hospital-Geral do
Grajaú, na zona sul da capital, e o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo
André. Os médicos do Sírio-Libanês contribuirão no atendimento aos pacientes
desses centros via telemedicina - haverá um plantão de especialistas atendendo
ligações dos hospitais conveniados 24 horas por dia - e receberão na própria
unidade os casos mais graves.
A insuficiência cardíaca ocorre quando a musculatura do coração fica fraca e
incapaz de manter a circulação em ordem. Hoje, é terceira principal causa de
morte por doenças no aparelho circulatório, atrás de doenças cerebrovasculares e
coronarianas.
Entre os procedimentos que serão feitos pela Uaic estão o transplante de
coração e o suporte circulatório mecânico, que funciona como um coração
artificial. "Além de promovermos assistência para o paciente privado, vamos
atender o SUS. São pacientes que talvez não tivessem esse tipo de suporte em
outros hospitais", diz o médico Roberto Kalil Filho, diretor do Centro de
Cardiologia do sírio-libanês.
O contrato do Sírio com o ministério prevê o atendimento de 15 pacientes do
SUS no primeiro ano do projeto. Para Kalil, o número é significativo, já que os
procedimentos previstos são de alta complexidade e envolvem tecnologia de
ponta.
Para a capacitação dos profissionais do SUS, está previsto que eles
acompanhem os procedimentos cirúrgicos na Uaic e a distância, por
teleconferência. O objetivo é que eles sejam capazes de levar as técnicas
aprendidas para seus hospitais de origem.
Para Ludhmila Abrahão Hajjar, chefe da UTI cardiológica do Sírio, o projeto
poderá ser o embrião de ações semelhantes em todo o País. "Se um hospital
privado oferece tratamento para pacientes do SUS e tem bons resultados, o
ministério vai querer multiplicar o projeto para todo o Brasil e proporcionar um
tratamento de ponta para a população carente, reduzindo a mortalidade de uma
doença tão grave."
Ludhmila exemplifica que mesmo em centros públicos de ponta, como o Instituto
do Coração (Incor), o SUS não paga procedimentos como o dispositivo de
assistência circulatória. Lá, a instituição é quem banca o procedimento, com
recursos próprios. "Se o projeto funcionar e for custo efetivo, vai ser um
piloto para a padronização da terapêutica no tratamento de pacientes do SUS",
diz Ludhmila.
Parceria
O projeto também apresenta uma parceria com a Universidade de Chicago e o
Centro de Assistência Circulatória de Ratisbona, na Alemanha. Especialistas dos
dois centros estiveram no Brasil na semana passada para um simpósio
internacional sobre insuficiência cardíaca no Sírio-Libanês.
A Uaic adotará os protocolos de atendimento dessas unidades e terá um canal
direto com elas, com a possibilidade de discussão de casos de pacientes
brasileiros com os estrangeiros via telemedicina. "Esses doentes estão morrendo
na rede pública. A população tem pouco acesso ao transplante cardíaco: faltam
doadores e os programas ainda não estão muito desenvolvidos. Não é um problema
só do Brasil, mas do mundo todo", diz Ludhmila. As informações são do jornal
O Estado de S.Paulo.
Fonte Estadão
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