Brasília – O aumento da contaminação com o vírus HIV nas comunidades indígenas
fez com que pela primeira vez uma campanha de conscientização fosse lançada na
língua tikuna, idioma falado por mais de 30 mil índios no Brasil. Além do
tikuna, a segunda edição da campanha Mulheres e Direitos no Brasil também está
disponível em português, inglês e espanhol e tem como foco a violência e a
prevenção ao vírus da Aids.
Um estudo realizado pela Amazonaids, constatou uma taxa de prevalência de
sífilis de 2,3% e de HIV de 0,13% nas comunidades do Alto Solimões e do Vale do
Javari. O levantamento foi feito por iniciativa das Organizações das Nações
Unidas (ONU) e do governo brasileiro e examinou mais de 20 mil índios dessas
regiões.
A Amazonaids é um grupo gestor que inclui representantes dos
governos federal, estadual do Amazonas, municipais e sociedade civil, incluindo
parceiros como Unicef, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ Aids
(Uniaids), Fundação Alfredo da Mata, Secretaria Extraordinária dos Povos
Indígenas e Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV.
“Os povos indígenas devem ser cada vez mais objeto de respeito cultural e
pleno exercício do direito à informação em seu próprio idioma. Materiais
educativos sobre HIV também têm sido elaborados pela Unesco em outros idiomas de
povos indígenas do Alto Solimões”, explicou o representante do Unaids no Brasil,
Pedro Chequer.
Também estão na campanha a União Europeia, o Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA) e a ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de
Gênero e o Empoderamento das Mulheres). O material a ser distribuído em todo o
país inclui fôlders e cartazes com informações sobre os tipos de violência
contra a mulher e como denunciá-las. Os vídeos para TV e spots para
rádio foram inspirados em depoimentos reais.
A violência contra a mulher é uma das causas da contaminação pelo vírus HIV.
Ainda segundo os organizadores da campanha, a cada cinco minutos uma mulher é
agredida no país; a cada duas horas, uma mulher é assassinada. Em 80% dos casos,
o agressor é o marido, companheiro ou namorado.
A embaixadora Ana Paula Zacarias, chefe da delegação da União Europeia no
Brasil, destacou que, desta vez, a maior preocupação foi desenhar uma campanha
que tivesse impacto local, chegando às comunidades mais afastadas e carentes,
ressaltando os aspetos da violência contra a mulher, como as doenças
sexualmente transmissíveis. “Este tipo de ação conjunta e direcionada se torna
imprescindível no âmbito do combate à violência de gênero", disse.
“É no cotiano da vida das mulheres, dentro das casas , dentro dos
municípios, dentro das comunidades onde a violência é mais brutal , onde a
violência é mais violenta e onde a Lei Maria da Penha ainda não consegue
chegar”, disse a ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora
Menicucci.
Eleonora disse que há dois meses foram abertas as duas primeiras delegacias
dos direitos das mulheres em áreas de fronteiras e que agora, o governo tem como
meta triplicar as linhas de fronteiras de Norte a Sul do país e transformar
essas delegacias estaduais em federais. “ É nesse sentido que as delegacias tem
um empoderamento maior”, disse a ministra.
Fonte Agência Brasil
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