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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Diagnóstico tardio pode levar crianças e adolescentes à insuficiência renal

Nefrologistas alertam para a doença renal na infância, que pode levar a hemodiálise e transplante
 
Assintomática e sorrateira, a insuficiência renal é uma doença grave que acomete também crianças e adolescentes, afetando o desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o diagnóstico tardio é a principal causa de comprometimento da função renal nessa faixa de idade.
 
A prevenção — diagnóstico precoce e encaminhamento imediato ao especialista — é fundamental para evitar medidas extremas, como a hemodiálise e o transplante de rim. De acordo com o Censo de 2011 da SBN, dos 91.314 pacientes em hemodiálise, 778 são crianças, sendo que na faixa etária de um a 12 anos, esse número é de 201 pacientes e de 13 a 18 anos é de 557.
 
— Se não for diagnosticada precocemente, a insuficiência renal pode aumentar as chances de a criança desenvolver doenças associadas, especialmente as de coração, causa de mortalidade mais comum entre pacientes renais pediátricos — afirma a nefropediatra Vera Koch, coordenadora do Departamento de Nefrologia Pediátrica da SBN.
 
Segundo ela, os pais devem prestar atenção a sinais e sintomas que podem indicar a evolução da doença. Inchaço no corpo, vômitos frequentes, infecções urinárias de repetição, atraso no crescimento e desenvolvimento, problemas ósseos, anemias de difícil tratamento e hipertensão arterial podem ter ligação direta com o problema.
 
— Lesões renais mais graves podem levar a perda progressiva e irreversível da função dos rins, à diálise e, consequentemente, ao transplante — alerta a nefropediatra, lembrando que a rotina de tratamento inclui exames de sangue, de urina, visitas constantes às clínicas e hospitais.
 
Grande parte das doenças do sistema urinário que acometem crianças e adolescentes é congênita. Algumas são herdadas e outras acontecem durante a gestação. As doenças mais frequentes são as malformações de rins e vias urinárias. Causas e consequências podem ser diagnosticadas e observadas desde muito cedo, até mesmo na fase intrauterina.
 
— A diminuição do líquido amniótico, principalmente quando diagnosticado no segundo trimestre da gestação, geralmente está relacionado com malformação fetal — explica a nefropediatra.
 
Segundo ela, a ecografia fetal realizada durante o período da gestação pode detectar a maioria dos problemas e orientar as medidas necessárias depois do nascimento.
 
Outro diagnóstico frequente na infância é a infecção urinária — causa de 7% das febres nas crianças menores de dois anos de idade.
 
— Os pais não devem medicar a criança sem conhecimento e aval do médico, seja com medicamentos industrializados ou com os chamados remédios naturais, ervas ou chás, pois eles podem ser tóxicos para o rim, necessitando, portanto, de uso supervisionado — explica.
 
Ela recomenda ainda atenção à hidratação da criança e do adolescente, principalmente em altas temperaturas, durante o exercício físico e nas febres. Os casos de trauma em região lombar também merecem atenção, pois a lesão renal pode ocorrer mesmo se não houver presença de sangue na urina.
 
— Um alerta ainda na infância pode evitar outras doenças no futuro, quando a evolução da doença poderá aparecer isolada ou associada com o diabetes, a pressão alta e as complicações cardiovasculares — afirma a nefropediatra, destacando a importância da dieta saudável e do exercício regular.

Fonte Zero Hora

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