Nefrologistas alertam para a doença renal na infância, que pode levar a
hemodiálise e transplante
Assintomática e sorrateira, a insuficiência renal é uma doença grave que
acomete também crianças e adolescentes, afetando o desenvolvimento físico,
intelectual, emocional e social. De acordo com a Sociedade Brasileira de
Nefrologia (SBN), o diagnóstico tardio é a principal causa de comprometimento da
função renal nessa faixa de idade.
A prevenção — diagnóstico precoce e encaminhamento imediato ao especialista —
é fundamental para evitar medidas extremas, como a hemodiálise e o transplante
de rim. De acordo com o Censo de 2011 da SBN, dos 91.314 pacientes em
hemodiálise, 778 são crianças, sendo que na faixa etária de um a 12 anos, esse
número é de 201 pacientes e de 13 a 18 anos é de 557.
— Se não for diagnosticada precocemente, a insuficiência renal pode aumentar
as chances de a criança desenvolver doenças associadas, especialmente as de
coração, causa de mortalidade mais comum entre pacientes renais pediátricos —
afirma a nefropediatra Vera Koch, coordenadora do Departamento de Nefrologia
Pediátrica da SBN.
Segundo ela, os pais devem prestar atenção a sinais e sintomas que podem
indicar a evolução da doença. Inchaço no corpo, vômitos frequentes, infecções
urinárias de repetição, atraso no crescimento e desenvolvimento, problemas
ósseos, anemias de difícil tratamento e hipertensão arterial podem ter ligação
direta com o problema.
— Lesões renais mais graves podem levar a perda progressiva e irreversível da
função dos rins, à diálise e, consequentemente, ao transplante — alerta a
nefropediatra, lembrando que a rotina de tratamento inclui exames de sangue, de
urina, visitas constantes às clínicas e hospitais.
Grande parte das doenças do sistema urinário que acometem crianças e
adolescentes é congênita. Algumas são herdadas e outras acontecem durante a
gestação. As doenças mais frequentes são as malformações de rins e vias
urinárias. Causas e consequências podem ser diagnosticadas e observadas desde
muito cedo, até mesmo na fase intrauterina.
— A diminuição do líquido amniótico, principalmente quando diagnosticado no
segundo trimestre da gestação, geralmente está relacionado com malformação fetal
— explica a nefropediatra.
Segundo ela, a ecografia fetal realizada durante o período da gestação pode
detectar a maioria dos problemas e orientar as medidas necessárias depois do
nascimento.
Outro diagnóstico frequente na infância é a infecção urinária — causa de 7%
das febres nas crianças menores de dois anos de idade.
— Os pais não devem medicar a criança sem conhecimento e aval do médico, seja
com medicamentos industrializados ou com os chamados remédios naturais, ervas ou
chás, pois eles podem ser tóxicos para o rim, necessitando, portanto, de uso
supervisionado — explica.
Ela recomenda ainda atenção à hidratação da criança e do adolescente,
principalmente em altas temperaturas, durante o exercício físico e nas febres.
Os casos de trauma em região lombar também merecem atenção, pois a lesão renal
pode ocorrer mesmo se não houver presença de sangue na urina.
— Um alerta ainda na infância pode evitar outras doenças no futuro, quando a
evolução da doença poderá aparecer isolada ou associada com o diabetes, a
pressão alta e as complicações cardiovasculares — afirma a nefropediatra,
destacando a importância da dieta saudável e do exercício regular.
Fonte Zero Hora
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