Alto funcionário da agência denunciou irregularidades no sistema de
liberação de produtos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) garantiu nesta
quarta-feira, 21, que realiza as auditorias em todos os processos relacionados a
agrotóxicos desde 2008, o que inclui a revisão de até 160 documentos. A
informação foi dada pelo diretor-presidente do órgão, Dirceu Barbano.
A decisão foi tomada depois que o gerente-geral de Toxicologia da Anvisa,
Luiz Cláudio Meirelles, denunciou irregularidades em processos de liberação de
agrotóxicos na agência. Na última quarta-feira, 14, ele foi exonerado do
cargo.
Barbano informou que vai sugerir ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) que também façam auditorias nos processos que envolvem
agrotóxicos.
"Cada órgão é um órgão. Só vou sugerir que também façam auditorias.
Certamente, eles também estão preocupados com a situação. Não podemos gerar
insegurança. Na medida em que um tem problema, o problema é de todo mundo.
Estamos torcendo para que seja uma situação pontual, localizada", disse ele.
Sobre a exoneração do gerente-geral de Toxicologia, o diretor-presidente da
Anvisa se disse surpreso com o que chamou de "polemização" do caso. Após deixar
o cargo, Meirelles procurou o Ministério Público Federal alegando que a sua
assinatura foi falsificada em alguns documentos da Anvisa. "Todos que ocupam
cargos de confiança podem ser exonerados. Precisamos ter um ambiente
descontaminado para fazer uma apuração ampla", disse. "Acho estranho quando as
pessoas reagem ao perder cargos de confiança", completou.
Barbano ainda avaliou que é preciso apurar se houve mesmo falsificação de
assinaturas, mas adiantou que há indícios "muito concretos" de que os seis
produtos envolvidos nas denúncias apresentam problemas.
No início da semana, a Anvisa informou que considera extremamente graves as
denúncias encaminhadas pela Gerência-Geral de Toxicologia. Por meio de nota, o
órgão destacou que as denúncias foram encaminhadas para a corregedoria e para a
Polícia Federal e que já foram prestados esclarecimentos ao Ministério Público
Federal sobre o assunto.
"A presidência da Anvisa tem conhecimento e clareza do tamanho dos desafios
que são enfrentados diariamente para garantir que a instituição e seus
servidores estejam protegidos das pressões que naturalmente são exercidas pelos
entes econômicos, incluindo aqueles interessados no setor de agrotóxicos. Dessa
forma, não pode permitir condutas que fragilizem a confiança interna e externa
na capacidade técnica e na lisura das análises realizadas nos processos que
dependem de posição da Anvisa", diz a nota.
Fonte Estadão
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