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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Insensibilidade masculina: pesquisadores procuram entender os homens

1258166 sxc Insensibilidade masculina: pesquisadores procuram entender os homensOs homens merecem a imagem de que são verdadeiros poços de insensibilidade que não conseguem se comunicar com as parceiras nem mesmo para falar sobre sua própria saúde? Sim e não, dizem especialistas sobre psicologia masculina.
 
De um lado dessa resposta ambígua está Mark Kiselica, da Faculdade de New Jersey, nos EUA, que diz que os homens se tornaram um alvo fácil para estereótipos comuns. “Os homens, de uma forma em geral, são saudáveis e se comunicam facilmente, e aqueles que se escondem atrás de barreiras de insensibilidade são a exceção”, diz o especialista.
 
Já Ronald Levant, da Universidade de Nova Southeastern, também nos EUA, aponta que todo homem é emocionalmente mais calado, mesmo que os níveis deste comportamento sejam diversos. É de Levant a defesa pelo uso do termo “alexitimia normativa masculina”, ou seja, da dificuldade natural de todo homem falar sobre os próprios sentimentos (vale lembrar que a alexitimia clássica é um transtorno que afeta qualquer indivíduo que é incapaz de identificar as próprias emoções). Isso, diz o pesquisador, não impede o desenvolvimento da qualidade de vida dos homens.
 
Os argumentos de ambos os pesquisadores foram recortados a partir da análise dos comportamentos masculinos em situações de socialização e no nível de apego, com base em estudos recentes, publicados na última década, sobre o assunto.
 
“Boa parte dos homens sofre, na verdade, da alexitimia clássica, e isso é resultado de um processo específico do gênero durante o crescimento e aprendizado nos processos de socialização” sugere Willian Pollack, pesquisador da Universidade de Harvard. Já Kiselica aponta que muitos psicólogos acabam tomando esse tipo de afirmação como verdade absoluta e acabam não procurando novos dados sobre o problema, e que esse tipo de afirmação pode se tornar um lugar-comum, sem evidências científicas.
 
Alexitimia normativa masculina, um nome complicado, assim como o problema
Pollack defende dois pontos principais em sua teoria sobre a “alexitimia normativa masculina” (ou NMA na sigla em inglês). “Primeiro o choque da separação ou distanciamento da figura materna durante o crescimento (que pode ser entendido como um desapego prematuro) e que leva a déficits na habilidade da empatia e na dificuldade de estabelecer vínculos afetivos. O segundo diz respeito ao trauma social causado pelo processo de socialização que força os homens a suprimir os próprios sentimentos de vulnerabilidade e de sensibilidade”, diz o pesquisador.
 
Já Kiselica argumenta que a questão negativa relacionada ao desapego prematuro não é algo que afeta somente os homens. Pesquisas anteriores mostraram que dois terços dos indivíduos – sejam homens ou mulheres – são bastante seguros quanto a si próprios, reflexo de uma criação em que a atenção e amor dos pais foi decisiva para garantir mecanismos psicológicos que os fizessem mais propensos a explorar seu ambiente e o mundo externo ao ambiente familiar.
 
“O desenvolvimento padrão dos homens – e mulheres – é baseado em segurança e confiança. Claro que alguns pontos da pesquisa de Pollack são válidos. A rejeição dos pais pode levar a indivíduos mais ansiosos e esse tipo de comportamento é mais comum nos homens. Essa negação do apego por parte dos pais resulta, muito provavelmente, em indivíduos com menos laços afetivos e menor disposição a se conectar emocionalmente com as pessoas”, diz Kiselica.
 
Problema não é exclusivo dos homens, podera pesquisador
“Mas há mulheres ansiosas e que também não criam laços afetivos, que podem ser mais negativas ao contrário dos homens que acabam desenvolvendo uma agressividade mais proeminente, por exemplo. Talvez os homens sejam mais ‘salientes’ nesse ponto, o que os faz alvos do estereótipo, da generalização”, completa Kiselica, que aponta não haver diferenças muito grandes na incidência da alexitimia clássica entre os dois gêneros.
 
As afirmações de Levant apontam em outra direção, mas o próprio pesquisador lembra que a NMA não é um transtorno clínico muito claro, apesar de haver indícios fortes, na opinião dele, desse tipo de condição. Como não há um teste padrão ou um instrumento validado para determinar sua existência e variações é preciso ter cuidado nas afirmações. Mas o pesquisador lembra que outro estudo da Universidade de Missouri, e liderado por Glenn Good, outro especialista no assunto, vem buscando desenvolver esse tipo de instrumento.
 
“Até agora os testes para a alexitimia clássica indicaram que a maioria dos meninos parece ter um nível baixo do transtorno. E é interessante observar que bebês do sexo masculino são mais expressivos emocionalmente que as meninas. Mas aos 2 anos de idade essa tendência se inverte, e os meninos mostram menos desenvolvimento verbal e têm maiores dificuldades de expressão facial quando chegam aos 4 anos de idade. Isso poderia ser um indicativo da NMA”, diz Levant.
 
Pesquisas tentam desvendar os mistérios masculinos
Pesquisas mostram também que as mães costumam expor as meninas a mais emoções do que os meninos, assim como tentam controlar mais intensamente a volatilidade emocional dos filhos. Mesmo os pais tendem a usar um tom de voz mais carinhoso com filhas do que com os filhos. Esses dados iriam ao encontro das afirmações de Pollack.
 
Mas a caracterização de forma subclínica – variante de outra condição clínica, no caso a alexitimia clássica – e a normatização de uma escala para a NMA feita por Levant e Good podem deixar a discussão mais clara. A partir disso será possível dizer se os homens realmente são “naturalmente” menos propensos a falar sobre suas emoções e desenvolver maneiras de se comunicar melhor (de forma mais efetiva e eficiente) com esses indivíduos. Ah, homens, esses seres complicados.
 
Fonte O que eu tenho

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